sábado, 30 de janeiro de 2010

Modelo do Gil Eannes engrandece MMI (1ª parte)



Hoje, 30 de Janeiro, teve lugar na Biblioteca do MMI, a Assembleia Geral, anual, com eleição de novos membros, da Associação dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo.

Na ordem de trabalhos, destacou-se o enriquecimento do espólio do Museu, através da oferta de um modelo do navio Gil Eannes, à escala de 1/100, construído pelo Senhor José Henrique Pereira Galrinho, modelista conceituado do Museu de Marinha.

Gil Eannes, na biblioteca do MMI – 30.1.2010


Há documentação extensa sobre o Gil Eannes. Servi-me da bibliografia que conheço, mas usei, sobretudo, algum material que também me chegou às mãos, que testemunha as ligações especiais do navio a Ílhavo.

Foi a obra nº 15 dos estaleiros de Viana do Castelo, entregue em 20 de Março de 1955, ao Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau.

Foi um dia altamente festivo, o dia da flutuação e da entrega do Gil Eannes – presentes, em Viana do Castelo, muitíssimos membros do Governo e autoridades civis, militares e eclesiásticas, sendo de destacar, os Ministros da Marinha e sua esposa, D. Gertrudes Thomaz, o Ministro das Corporações e Economia e a esposa do Presidente da República, D. Berta Craveiro Lopes.
Nem a chuva nem o mau tempo fizeram demover do local, engalanado com centenas de bandeiras e animado por bandas de música e ranchos folclóricos, os milhares de curiosos, entre eles, alguns ilhavenses.
Efectuou a bênção do navio o Arcebispo de Mitilene, Senhor D. Manuel Trindade Salgueiro, de Ílhavo, e lançou contra o casco da embarcação, a garrafa de champanhe, a madrinha, Senhora D. Berta Craveiro Lopes, entre aplausos entusiastas.

A bênção do Gil Eannes, em Viana


À época do bota-abaixo, era seu Comandante o também ilhavense João Pereira Ramalheira (Vitorino), que exerceu tão honroso cargo de 1945 a 1958 (inclusive), tendo feito a transição do velho navio, para o moderno.

(Cont.)

Ílhavo, 30 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes
-

sábado, 23 de janeiro de 2010

Desafio...6...E este, hein?



E se, com este fim-de-semana cinzento de Janeiro, em que nem chove nem faz sol, os apaixonados pelos nossos veleiros se entretivessem a pensar que lugre teria sido este?
Poderão, inclusivamente acrescentar-me alguns pormenores àquilo que já sei.

Ao mesmo tempo, aguardarei com expectativa a chegada das vossas propostas.

Vamos, então, jogar à batalha naval? Arrisquem sem receio, porque também não está uma grande fortuna em risco.
Além do mais, como a foto é antiga, deu-me a oportunidade de treinar um pouco de photoshop, enquanto lhe tirava, só, as maiores sujidades e sinais do tempo.
Vamos aos palpites! Não desanimem!!!



Fotografia – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 23 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O lugre-motor Milena (II)

-
Durante os anos de 1940 e 1941, o navio efectuou viagens de comércio, tendo regressado à pesca na campanha de 1942.


Cena de mau tempo…


Nele embarcaram os capitães António Augusto Marques, o Capitão Marcela (1936 até 1945), Tude Brito Namorado (1946 a 1948), João Fernandes Matias (1949 até 1951), Carlos Augusto Castro (1952 a 1955) e Joaquim Marques Bela (1956 a 1958).

No cais de St. John’s, em 1946, Tude Namorado e António Pascoal


Foi seu piloto, nas viagens de 1946 e 47, o Sr. Capitão Pascoal, que me cedeu algumas das fotografias notáveis, que utilizo.

Pormenor de bordo…

Naufragou, por motivo de alquebramento, no Virgin Rocks, Terra Nova, a 7 de Agosto de 1958, com ele tendo naufragado o avô do meu interlocutor.

Velame


Ainda hoje diz com muita piada o último Capitão que só conseguiu um carregamento completo quando o navio abriu as tábuas, se encheu de água e foi ao fundo, em 1958.

Imagens – Gentilmente cedidas pelo Sr. Capitão Pascoal e pela Fotomar.

Ílhavo, 21 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes

domingo, 17 de janeiro de 2010

O lugre-motor Milena (I)



Nunca foi minha intenção tratar o lugre Milena, mas, por alturas do Natal recebi um e-mail de um tal Emílio Gomes do Novo, confidenciando-me que era neto e filho de pescadores do bacalhau e que seu avô fizera a sua última viagem, na última do lugre-motor Milena.

Entrada no Porto de Leixões – Fotomar


Ao navegar pela internet, continua, confessa-me que encontrou o meu blog Marintimidades e que prazer e emoção teve ao ler um artigo de 18 de Novembro, Desafio…4… em que aparece uma foto do Milena e, principalmente, quando leu os comentários do Sr. Luís Filipe Morazzo.

À saída da barra de Aveiro – Arquivo H. R.


Era tão pequenino, quando vi o Milena – revela-me.
Actualmente, vive em França desde 1963, mas ainda tem algumas saudades e muito gostaria de encontrar fotos do Milena, se possível, com velas.

Para mais, em alturas de Natal, a sua comunicação sensibilizou-me; também neta de capitão bacalhoeiro, em agrestes tempos, enviei-lhe uma primeira foto do seu navio preferido, agradecendo-lhe e retribuindo os votos de Bom Natal e prometendo-lhe que, no início do Novo Ano, lhe dedicaria um post com o principal da história do Milena e com algumas boas imagens do seu quotidiano, que conseguira em buscas anteriores.

Popa do Milena


A história dos navios faz-se assim, agrupando, aos poucos, pequenos “puzzles”. A pouco e pouco lá vão aparecendo registos de grande valor histórico.
É por isto e pela nossa memória colectiva, que vale a pena continuar as pesquisas.
O imponente Milena, lugre de madeira, foi construído em Bagdad Ship Building Co., Milton, Florida, E. U. A., em 1918.
Foi o ex “Burkeland”, pertencente a J. A. Merritt & Co., Pensacola, Florida, entre 1918 e 1935.

Adquirido em Génova pela Indústria Aveirense de Pesca, Lda., de Aveiro, iniciou a actividade de pesca em 1936.
Com um comprimento de fora a fora de 60,89 m, entre perpendiculares, de 55, 04 m, com boca de 10, 88 m e pontal de 4, 99, deslocava 756, 63 toneladas brutas. Tinha um motor Polar, Suécia, 1935, de 330 HP e uma capacidade de pesca de 11 394 quintais.
Albergava 17 tripulantes e 57 pescadores.

(Cont.)

Ílhavo, 17 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Neve em Ílhavo...há 23 anos...



Faz hoje precisamente vinte e três anos que nevou em Ílhavo.
O tema não é bem o habitual no Marintimidades, mas anda lá por perto.
Há quem nunca tenha visto o mar e fique horas a olhá-lo, pela primeira vez, na ânsia de transpor o horizonte. Nós, que temos a benesse de usufruirmos das dádivas do litoral, pelo contrário, não podemos apreciar, com frequência, o espectáculo da neve a cair e a matizar de branco montes, vales, bosques, animais praças e pessoas.
E eu, às vezes, até sem querer, parece que tenho uma atracção por datas. É terrível. Sem grande esforço, recordo factos com facilidade e o meu arquivo fotográfico, normalmente, não me deixa ficar mal. Procurei e rapidamente encontrei as imagens catalogadas de Neve em Ílhavo – 14.1.1987.


Pretendo fazer com que os “ílhavos” recordem este dia, pois não podemos ficar indiferentes ao temporal, chuva, vento, frio e neve, que têm assolado o país e, sobretudo, a Europa.


Apesar das tormentas que temos suportado, não deixemos de abençoar o cantinho da Europa, à beira-mar plantado, em que vivemos.

Como há 23 anos, a minha agilidade para trepar aos telhados, em busca de imagens diferentes, era outra, consegui alguns “clichés”de Ílhavo, menos vulgares. Ei-los:

Telhados da Rua Ferreira Gordo
-
Telhados ao longo da Rua João de Deus


As torres da nossa Igreja, ao longe…


Leves flocos salpicam a Praça da República



Imagens – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 14 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Desafio marítimo, em terra firme...


Os afazeres têm sido muitos. Convidada pelo Professor Adolfo da Silveira a dar umas aulas no Centro de Investigação e Desenvolvimento do Mar, da Universidade Autónoma de Lisboa, aí me desloquei. Faziam parte de um Mestrado em História da Náutica e Arqueologia Naval.

Pátio Interior da U. A. L.


Tratou-se de uma disciplina do 2º Semestre, História Náutica e Etnografia Marítima, ministrada pelo Professor Comandante Gomes Pedrosa com a minha modesta participação, no que respeita à etnografia marítima.
Pretendeu-se nesta unidade curricular fornecer uma panorâmica geral das embarcações tradicionais no litoral português ocidental e sul, nos últimos cinquenta anos, tendo sido abordadas as várias tipologias e características, enquadradas em aspectos geográficos, funcionais e antropológicos. A cultura imaterial flúvio-marítima também foi objecto de reflexão, integrada nos processos de preservação do património marítimo tradicional. A história e tipologia das artes de pesca, dos compromissos marítimos e das confrarias marítimas também já tinham sido objecto de estudo.
Foi uma experiência nova e enriquecedora, um verdadeiro desafio em terra firme. Novos conhecimentos, novos contactos... As trocas de experiências também abundaram.
As aulas ministradas em horário post-laboral fizeram com que a gama de alunos fosse extremamente diversificada, bem como os níveis etários e as formações.
Tinham algo de comum, “os alunos” – o interesse pelas coisas do mar.

Para mim, foi muito gratificante verificar que os assuntos cativaram a sua atenção e interesse, tendo participado, de questão em questão, com grande curiosidade e sentido crítico.

Foi um dia extremamente cansativo, mas que valeu a pena. De repetir, se as circunstâncias o proporcionarem.

O Centro de Estudos do Mar da Universidade Autónoma de Lisboa é uma unidade orgânica da Universidade que tem por finalidade desenvolver a investigação, ministrar formação e prestar serviços na área do conhecimento das ciências Humanas e do Mar.

Ílhavo, 11 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desafio...5...Que belas proas!...



Será o primeiro desafio deste Novo Ano, no Marintimidades, por sugestão de alguns leitores amigos.

Como tenho andado bastante ocupada, deixo-lhes este trabalhinho de casa. Notável fotografia das proas de dois navios atracados em St. John’s, para receber isco. Além disso, a imagem revela alguns pormenores curiosos do quotidiano de bordo. Apreciem, pois. Tem sempre que observar, sobretudo, para quem dá valor.
Sei mesmo que navios são. Esforcem-se e empenhem-se. Acertarão, sem dúvida.
Vamos aos palpites! Não desanimem!!!


Ílhavo, 6 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes

-

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ala-Arriba, Ano Novo!



Para os meus Amigos!

Eu e as minhas paixões, neste caso, lagunares, nas primeiras “pesquisas etno-linguísticas de campo”, na Gafanha da Nazaré.
Que Senhores da Ria! Tão parecidos e tão diferentes!


Ah, esquecia-me de dizer que o “cliché” foi conseguido com a minha primeira Voïgtlander, adquirida com o valor do prémio Dr. José Pereira Tavares, na disciplina de Latim, no então Liceu Nacional de Aveiro, em 1959.

Ílhavo, 1 de Janeiro de 2010

Ana Maria Lopes