-As minhas palavras, num dia sensível e emotivo, em que até o tempo colaborou.
Auditório aconchegante, quase uma centena de livros vendidos, palavras afáveis, encontros, uns marcados, outros fortuitos, mas expressivos e significativos.
Caros Amigos/Amigas, porque de um encontro de Amigos se trata…
Não venho propriamente apresentar a Faina Maior. Foi mais que apresentada, há 15 anos.
Em primeiro lugar, o meu agradecimento à Associação dos Amigos do Museu, da qual faço parte, por ter levado a bom porto a reedição do livro Faina Maior – A Pesca do Bacalhau nos Mares da Terra Nova, publicado pela primeira vez em 1996. O tempo foi passando e…
…a minha história de “vida em comum” com o saudoso Francisco Marques, associação irrepetível, é, ou deveria ser sobejamente conhecida. Já tem sido contada.
Foi o gosto pela pesca do bacalhau que nos uniu. Encontrámo-nos na antiga Escola Preparatória em actividades culturais e por aí começou a nossa cavaqueira.
Primeira realização: o documentário À Glória desta Faina, que foi visionado neste Auditório do Museu, nos dias 4 e 11 de Novembro de 1989 – duas enchentes a que se não estava habituado. Os nossos homens do mar mereciam essa “homenagem”, se assim lhe quisermos chamar.
Entre mim e o Francisco surgiu a ideia de construir uma cozinha de bordo no Museu, se eu viesse a ser Directora…como constava. E atrás da cozinha, vieram a escala, o porão, o convés, o convés da popa, o beliche e rancho e o salão de oficiais, a começar pelo dóri, o pequeno/grande herói da pesca à linha, com o seu único ocupante, o homem do dóri.
Abriu em Novembro de 1992 a grande exposição A Faina Maior – Pesca do bacalhau à linha, que, de temporária, após um ano, passou a permanente.
Cartaz
De certo modo, marcou a evolução cultural da nossa terra, activando os sectores que com ela tinham ligações. Tem estado na base de muitos discursos expositivos, em volta do mesmo tema – basta recordar algum tipo de eventos…ou instituições – A Confraria Gastronómica do Bacalhau, As Tasquinhas do bacalhau, os vários livros da mesma temática que, posteriormente, têm vindo a lume, sob a chancela, de diversas editoras…
E o livro Faina Maior? Sim, este livro? Tendo uma equipa da Quetzal visitado a exposição em Maio de 93, havia-nos feito uma proposta de “pôr” a Faina Maior em livro.
Recebemos a proposta de braços abertos – foi o selar, por escrito, de uma grande Exposição.
Foto de Friedrich Baier
Assumimos ambos o compromisso, com os dissabores dos atrasos e as alegrias do sucesso. O texto veio a lume no Verão de 93, mas o lançamento, com as demoras habituais, teve lugar a 22 de Junho de 1996. Dividimos irmãmente os louvores, tanto que recebemos o Leme do Ano (ex-aequo) de reportagem a 28 de Junho do ano seguinte. O livro, entretanto, esgotara e era um firme desejo da Associação dos Amigos do Museu concretizar a sua reedição.
Lemes do Ano, Junho de 1997
(Cont.)
Ílhavo, 27 de Fevereiro de 2011
Ana Maria Lopes
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