sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Postais da Costa Nova

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A minha bíblia sobre a Costa Nova, é, infalivelmente, o livro Costa-Nova-do-Prado – 200 Anos de História e Tradição, de Senos da Fonseca, 2009. É um tratado sobre a dita praia da minha infância, juventude, maioridade e vetustez. Congelou-a no tempo. Com a escrita, sim, mas, também com a imagem.
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Relendo-o, folheando-o, revisitando-o, traz-me sempre mais alguma novidade.
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Como o autor diz, poderia ser sempre melhorado. Como tudo. A meu ver com a introdução de mais alguns postais, que vão aparecendo em alfarrabistas, que pessoa amiga colecciona e que, aos poucos vai trazendo a lume. Este bilhete-postal, embora incorrecto na identificação, pois lê-se – Aveiro – Costa Nova – com o que fico revoltada, pela ignorância ou confusão do editor, representa inequivocamente um trecho da Costa Nova, que foi a nossa (ilhavense) jóia da coroa.
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Já que o Marintimidades entra no seu 7º ano de vida, por vezes, os recursos temáticos vão rareando ou, para mim, não são os mais apetecíveis. Vamos indo e vendo.
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Decidi ir postando alguns desses postais, por vezes datados, o que lhes acrescenta uma mais-valia.
 

E para começar… Que me apraz dizer? Este postal não é datado.
Vagueio no tempo:
Sem dúvida, uma foto antiga. Mas talvez não tão antiga como a apreciação dos trajes nos conduz.
Entre 1910 e 1930? Aposto… Por comparação com outras imagens, talvez, anos 20.
O casario, pela sua posição alongada, não permite grande identificação, mas uma das primeiras casas de alvenaria da praia, do séc. XX, talvez conhecida por «Vila Africana», propriedade de um Dr. Diniz (?), que ainda hoje existe, lá ao norte, dá-nos nas vistas.
A beira-ria que nos apraz observar é mesmo à borda-d’água. O areal lambe-a. A estrada ainda não é entrecortada por nenhuma muralha e, muito menos, pela esplanada.
Abicadas no areal, algumas embarcações identificadas como moliceiros, na sua elegância de vela erguida para os céus, embelezam o conjunto.
E, a propósito de moliceiro. No primeiro não tenho dúvidas, é-nos dado apreciar os dois painéis, proa e popa, de bombordo. Já são pintados com uma área muito razoável, longe na perfeição que foram atingindo por meados do mesmo século passado.
Todo o conjunto é envolvido por uma luminosidade enternecedora, daquelas, sempre em mudança, que caracterizam a nossa praia a cada hora do dia.
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Postal gentilmente cedido por PHC.
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Ílhavo, 30 de Janeiro de 2015
Ana Maria Lopes
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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

São Gonçalinho - padroeiro das gentes da Beira-Mar

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Estão a decorrer em Aveiro, as festas de S. Gonçalinho, desde hoje a 12 do presente mês de Janeiro.*
É uma oportunidade para expressar a alegria da fé e, ao mesmo tempo, apelar à partilha e solidariedade.

Barracas de doces regionais

Segundo Conceição Lopes, professora na Universidade de Aveiro, que se tem dedicado ao estudo das festividades do Santo, trata-se de uma festa de celebração sagrada da humanização do humano. Os rituais presentes na festa, as rimas, a subversão do tempo significam um corte no dia-a-dia dominado pela racionalidade lógico-financeira. O São Gonçalinho rompe com o estigma do quotidiano e os celebrantes, de um modo genuinamente singular, reagem à estigmatização instrumental e mercantil da existência humana.
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A docente da UA destaca os rituais de S. Gonçalinho, o carácter alegre do santo, o ritual das cavacas e das danças – jovialidade e tipicismo que apreciamos.
Casamenteiro, tocador de viola, dançarino, milagreiro, resolve os encravanços do peito e limpa as verrugas da alma e outras maleitas do corpo. Enfermeiro, médico, criador de vida, contemplativo e perdoador, curador de ossos, no amor e desamor, com o seu sorriso a todos acolhe e num abraço a todos envolve.

Arranjo interior do altar
 
Crentes ou descrentes, numa altura destas, é do que estamos mesmo a precisar… São Gonçalinho nos valha. E com amigas de Aveiro, marcámos mesmo um encontro na porta lateral do templo hexagonal, para irmos atirar cavacas do cimo da capela. Uma experiência nova…oxalá corra bem e não nos lesionemos.

Encontro de amigas
 
 
O atirar das cavacas…


Inventam-se distintos versos folgazões e divertidos relativos a S. Gonçalinho:

Brincalhão e galhofeiro
Vós fostes das velhas
Devoto casamenteiro.

Ó santinho milagroso
Dai também às raparigas
Um noivinho bem formoso.
 
No lançamento das cavacas do alto da capela, «meio de pagar promessas ou encomendar alguma graça», guardadas durante o ano como símbolo de protecção, Conceição Lopes vê um símbolo de fertilidade.
Sobre a dança dos mancos, realizada secretamente no interior da capela, a professora afirma: Tomando nela parte homens saracoteando os corpos em festa, em desequilíbrios possíveis que as supostas dores de ossos e pernas soltas causam, pede-se protecção antecipada contra a doença.
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Um dos hábitos mais vincados, como já se referiu, é o pagamento de promessas ao padroeiro, sendo atirados quilos de cavacas doces do cimo da capela para o público. E, então, há que fugir delas para não ficar com a cabeça rachada ou tentar apanhá-las com variados e inventivos processos, desde capacetes, guarda-chuvas voltados ao contrário, até armadilhas de redes diversas encimadas em altas varas. Camaroeiros (ou capinetes), enxalavares (ou xalabares), nassas, são os mais engenhosos processos e os que proporcionam à assistência um mais divertido espectáculo, junto à Praça do Peixe.
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E, caros amigos, com o recurso a tantas e variadas armadilhas de pesca, não me digam que os festejos do Santo da Beira-Mar aveirense estão fora da temática do Marintimidades.

Assistência «à pesca»

É de louvar o brio com que os mordomos, todos os anos, encaram, decoram e festejam o santinho de sua grande devoção – briosa armação de ruas, concertos, fogo-de-artifício e tradicional entrega do ramo.
São sempre um marco neste Janeiro soalheiro, mas gélido, os festejos ao S. Gonçalinho.
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Fotos  da autora do blogue
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Ílhavo, 12 de Janeiro de 2013
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*Atenção, este texto e imagens são mesmo relativos à festa de 2013.
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Ana Maria Lopes
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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ano Novo de 2015

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É o sétimo dia de Ano Novo do Marintimidades. Inspirada nesta árvore navegante, resplandecente e colossal, desejo um ano de 2015 com saúde, paz e amor, a todos os familiares, amigos, leitores e apreciadores deste blogue, apesar da vaga alterosa que nos abarca.

 
Ílhavo, primeiro de Janeiro de 2015
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Ana Maria Lopes
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