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Faz,
exactamente, hoje, cinquenta e cinco anos, que Ílhavo viveu um dia festivo – 29.
12. 1968.
Um evento não muito bem aceite por todos… Mas história é história e D. Manuel Trindade Salgueiro, figura eclesiástica e homem de cultura, de grande relevo, era de Ílhavo (1898 – 1965) e tem tido o seu Largo, amplo, lá em baixo, que todos conhecemos, a que chamamos Largo do Bispo.
Há
dois anos, foi mudado de sítio para trás da Igreja Matriz, junto à entrada do
Centro de Religiosidade Marítima.
Ílhavo, terra
de homens do mar, alia, sobretudo, a figura de D. Manuel, ao Bispo que, durante
anos, entre as décadas de 40 e 60, celebrou a Missa campal e dirigiu as
pomposas cerimónias da Bênção dos Navios Bacalhoeiros, em Belém, frente aos
Jerónimos.
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Filho de pescador desaparecido em naufrágio, sempre que visitava a sua terra natal, alojava-se na modesta casinha, aqui, na Rua João de Deus, nº 82, rezando missa, de madrugada, na capelinha privada de S. Domingos, sita à Rua do Curtido de Baixo, e já demolida.
Era
domingo, numa manhã calma, luminosa e fria de Dezembro.
A
Vila de então preparara-se para a recepção de ilustres visitantes.
Das
janelas, pendiam luxuosas e aveludadas colgaduras; “mariatos” coloridos
engalanavam as ruas apinhadas de curiosos. O relógio da torre marcava o meio-dia
menos vinte, quando a comitiva saiu da Igreja Matriz, onde missa festiva havia
sido celebrada. Do céu choviam milhares de papelinhos multicolores; estacionados
ordeiramente, os Mercedes-Benz governamentais
aguardavam os ocupantes; as vestes cardinalícias, no seu tom de nobreza,
esvoaçavam, por entre a populaça bisbilhoteira.
Os
convivas, guiados pelo Senhor Dr. Amadeu Cachim, Presidente da Câmara, à época,
fizeram o percurso a pé, entre a Matriz e o referido Largo, onde duas tribunas
montadas para o efeito os aguardavam.
Após os discursos da praxe, a estátua do Bispo da Gente do Mar, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida, foi descerrada pelo Senhor Presidente da República, para gáudio da multidão que acorreu à cerimónia. Algumas figuras etnográficas da vila, trajadas a rigor, emprestavam à festa um colorido característico. Depois de um almoço opíparo, servido à comitiva, entidades locais e convidados, houve lugar a romaria ao Museu Marítimo e Regional de Ílhavo, na altura, sito na Rua Serpa Pinto. O que prova que fosse quais fossem as suas instalações, o nosso Museu Municipal parece, sempre ter sido a grande Sala de Visitas de Ílhavo.
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Ílhavo, 29 de Dezembro de 2023
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Ana Maria Lopes
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