sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Romaria do S. Paio da Torreira - 2010


Cumprindo uma ancestral tradição, de 3 a 8 de Setembro, a Praia da Torreira, no Concelho da Murtosa, volta a encher-se de gente, vinda dos mais variados pontos do País, em maré de celebração, para a Romaria do S. Paio da Torreira, indiscutivelmente a mais concorrida, popular e afamada da região marinhoa, naquele que é um dos principais cartazes turísticos da Murtosa.

Os pontos altos dos festejos são, como habitualmente, para além da procissão, as sempre espectaculares descargas de fogo de artifício no Mar (dia 4) e na Ria (dia 7), a Corrida de Bateiras à Vela (dia 4), a Corrida de Chinchorros (dia 7), o Concurso de Rusgas (dia 7) e a majestosa Regata de Moliceiros (dia 5). Este ano, na grande noitada, do dia 7 para o dia 8, actuará o artista Toy.


Cartaz do S. Paio – 2010



O programa parcial da Romaria de S. Paio da Torreira, 2010, é o seguinte:


Dia 4 – Sábado
15:00h – Corrida de Bateiras à Vela
00:00h – Sessão de Fogo do Mar

Dia 5 – Domingo
10:00h – Concurso de Painéis de Moliceiros
16:00h – Regata de Moliceiros


Dia 7 – Terça-feira
14:30h – Corrida de Chinchorros
22:00h – Concurso de Rusgas
00:00h – Sessão de Fogo da Ria
00:30h – Actuação do artista Toy

Dia 8 – Quarta-feira
09:00h – Arruada
10:00h – Missa Campal, junto à Capela de S. Paio, seguida de Majestosa Procissão
16:30h – Entrega dos prémios dos Concursos



Não faltem! VIVA O S. PAIO DA TORREIRA!!!

O culto pelo moliceiro...


O Presidente da Câmara da Murtosa dá uma extrema importância à realização da regata de moliceiros, ao concurso de painéis dos mesmos e a uma corrida de cinchorros, num esforço de manter vivas as tradições ligadas à água. São uma forma de estimular a preservação do moliceiro, cujo número de exemplares urge manter e alargar. Por outro lado, a movimentação dos cerca de 70 mil romeiros diários revela-se uma boa oportunidade para o comércio local.

Imagens de arquivo

Costa Nova, 27 de Agosto de 2010

Ana Maria Lopes


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Creoula - 1973, através da objectiva de António São Marcos - 2



Hoje, é a vez da escala:


No Creoula, armavam-se cinco mesas de escala de cada bordo.


O peixe escalado passava pelo escorredor antes de ir para o porão.


Cada mesa de escala tinha: troteiro, parte-cabeças e escalador.


Na escala, havia trabalho para todos.


Dóris içados, terminada a refeição, iniciam os pescadores, por equipas, as fases de preparação do bacalhau – trote, evisceração, decapitação, escala – nas quais cada um tem a sua função definida.


O troteiro trabalha junto ao topo do quete, donde tira o peixe. Munido de uma faca de lâmina direita, em forma de punhal, a faca de trote, dá-lhe um golpe transversal profundo na garganta seguido de um golpe vertical sobre o ventre até ao umbigo, terminando com dois ligeiros golpes no pescoço de forma à região céfalo-branquial ficar somente agarrada ao resto do corpo pela coluna vertebral e, assim, facilitar a evisceração e decapitação, colocando o peixe sobre a mesa.


O parte-cabeças, afastadas as paredes do abdómen, retira o fígado através do buraco da mesa de escala para um cesto; em seguida, arranca a partir do umbigo todas as vísceras até ao pescoço, separando com uma pancada, na quina da mesa, a cabeça do peixe que lhe fica segura na mão esquerda, atirando-a para o convés, a fim de se lhe aproveitar a cara ou a língua.
Com a mão direita, coloca o peixe ao alcance do escalador. Este homem não dispõe de qualquer instrumento auxiliar de corte.

O escalador vai dar ao bacalhau a forma espalmada que todos conhecem, que tem por fim aumentar-lhe a superfície ventral, permitindo que a salga se faça numa maior extensão e de uma forma mais uniforme. Depois de ter encostado o peixe a um barrote oblongo, com a faca de escala na mão direita, começa por dar um golpe pela parte superior desde o cachaço ao rabo, fazendo uma deslocação do bacalhau para a sua esquerda, enquanto prolonga o golpe. Em seguida, colocando o bacalhau com a região do umbigo sensivelmente no extremo direito da mesa, mas com a mão esquerda agora na espinha, dá-lhe um segundo golpe pela face interior da espinha, no sentido contrário, isto é, do umbigo ao cachaço, cortando, finalmente com um terceiro golpe, o vértice da espinha. É atirado para a selha, sobre a qual se apoia a mesa de escala.

Na selha, o peixe é lavado em água salgada aspirada do mar por uma bomba. Após a lavagem, o bacalhau é retirado pelos garfeiros e lançado num escorredouro.

Finalmente, depois de escorrido, é lançado através de mangueira de lona para o porão, onde sofre a última fase de preparação – a salga, não menos dura tarefa.

Algumas imagens fortes da escala revelam a rudeza do trabalho, em que todos os marítimos se ocupavam, em série, sem parar, até conduzirem o peixe à tal dita salga.

Fonte – Adaptação da Folha de sala A escala, escrita à época, 1992, para a Exposição FAINA MAIOR, Pesca do bacalhau à linha.


(Cont.)

Fotografias – Gentil cedência do Comandante António São Marcos

Costa Nova, 13 de Agosto de 2010

Ana Maria Lopes

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Creoula - 1973, através da objectiva de António São Marcos - 1



Nunca é demais recordar o navio de pesca do bacalhau à linha que o Creoula foi:

Dóris


O nome do navio era escrito nas alhetas dos dóris.

As pilhas de fora peavam para a borda.

As bancadas e os quetes dos dóris também eram lavados e arrumados, para servirem na campanha seguinte.

O dóri à borda, com o tripulante dentro, está pronto a arriar.

-

Muito agradeço ao Sr. Capitão A. Marques da Silva (que comandou o Creoula nas campanhas de 1968 a 1972 e supervisionou a recuperação do navio e sua adaptação a UTM), o grande auxílio que me deu na identificação das fainas do mar e de alguns tripulantes seus conhecidos, captados pela objectiva do então Imediato António São Marcos, na última campanha do Creoula, em 1973, sob o comando do saudoso Capitão Francisco Marques.

(Cont.)

Fotografias – Gentil cedência do Comandante António São Marcos

Costa Nova, 6 de Agosto de 2010

Ana Maria Lopes

domingo, 1 de agosto de 2010

Santa Maria Manuela anima o paredão da Barra...



O Santa Maria Manuela saiu, hoje, pelas 16 horas do primeiro de Agosto, a barra do Porto de Aveiro, com destino a Inglaterra, para se mostrar ao mundo. Viagem «muito exigente, já que envolve a participação na North Sea Tall Ships Regatta e a presença no Sail Amsterdam (de 19 a 23), e no Sail Bremerhaven (de 25 a 29)».
Espera-se que venha a ser visitado por milhares de pessoas em Hartlepool, na Inglaterra, e, mais tarde em Ijmuiden, na Holanda, onde se aguarda nova afluência de visitantes.
A sua saída proporcionou-me uma agradável tarde de Agosto, de férias, soalheira e de suave brisa.
Tendo sabido, logo de manhã, pela notícia do Diário de Aveiro, «Santa Maria Manuela parte hoje para Inglaterra», pensei imediatamente aproveitar a oportunidade para ir de bicicleta até à Barra (ao domingo, com o trânsito, era o mais viável) para o ver e fotografar, tendo ainda sido acicatada, mais tarde, por telefonema de Aníbal Paião.
Além do espectáculo, o convívio também foi agradável, porque os mais «íntimos» do Manuela, amigos, familiares e armadores, lá se encontraram, com boa vontade, já que a notícia só circulou muito em cima da hora, devido à grande morosidade do seu processo de certificação.
Além do mais, o veleiro para fazer «jus» à sua qualidade de antigo lugre, saiu a barra, à vela, como poderão constatar pelas imagens. Aqui, foi a primeira vez.
Belo espectáculo!!!!!!!

Desfraldada à popa, a bandeira nacional…


O navio ia muito lindo – não se cansava de expressar o Capitão Marques da Silva, apreciador avalizado.
Em comunicação para familiar, explicava o Comandante do navio – não houve tempo para a mezena.
Apesar disso, proporcionou um notável espectáculo.
Mais uma vez, para quem não pôde ver, aqui fica o registo escrito e imagético.

Escoltado… por embarcações de recreio…


Terminada esta fase de treino, adiantou a Pascoal que o navio começará a realizar viagens temáticas «de participação activa e de cariz comercial» (o chamado turismo de vocação marítima).

Ultrapassada a Meia-Laranja…

…dirige-se a Inglaterra.

Ler mais no Diário de Aveiro de 2. 8. 2010.


Fotografias – Ana Maria Lopes

Costa Nova, 1 de Agosto de 2010

Ana Maria Lopes