Dos
Postais
da CASA do BICO que Senos da
Fonseca tem escrevinhado no blogue Terra da Lâmpada, não há dúvida que,
para mim, o último, que relata um parto improvisado a bordo de uma bateira labrega, seduziu-me mais
profundamente.
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Todos eles têm o seu atractivo, porque relatam histórias
ficcionadas entre figuras características da Costa Nova, que, por sua vez, lhe
são hipoteticamente relatadas pela Zefa e pela Bernarda, em encontros de
passeios matinais.
Elogio
no autor, a capacidade criativa, a preocupação do registo dos nossos
regionalismos, em contexto, bem como o entusiasmo com que nos brinda com os
seus relatos.
No
entanto, a «estória» do parto da Joana Labrega fascinou-me demais …Porquê?
Por
ter a ria como cenário, a bordo de uma bateira
labrega, de vela bastarda, com toldo espalmado (pata de rã)?
Por
registar os tais regionalismos (vertedouro,
escalamões, saltadouro, castelo da proa, traste, orça, etc.), sobretudo, de
cariz marítimo?
Por
nos contar um parto improvisado, o desabrochar de uma vida, com toda a sua emoção?
Eu,
que assisti a partos e, principalmente, fui mãe, sem os artifícios que envolvem
os partos actuais, pensei, depois de ter acabado de ler a história:
– há cinquenta anos, quase que preferia ter
parido a bordo de uma labrega que
numa «cama de bilros», de pau-santo.
E
fiquei ferrada naquele
pensamento!!!!!!!!!! que navegou comigo até
de manhã. Que beleza!
Costa
Nova, 29 de Agosto de 2019
AMLopes-
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