quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A «estória» da Joana Labrega


Dos Postais da CASA do BICO que Senos da Fonseca tem escrevinhado no blogue Terra da Lâmpada, não há dúvida que, para mim, o último, que relata um parto improvisado a bordo de uma bateira labrega, seduziu-me mais profundamente. 
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Todos eles têm o seu atractivo, porque relatam histórias ficcionadas entre figuras características da Costa Nova, que, por sua vez, lhe são hipoteticamente relatadas pela Zefa e pela Bernarda, em encontros de passeios matinais.
Elogio no autor, a capacidade criativa, a preocupação do registo dos nossos regionalismos, em contexto, bem como o entusiasmo com que nos brinda com os seus relatos.

No entanto, a «estória» do parto da Joana Labrega fascinou-me demais …Porquê?
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Por ter a ria como cenário, a bordo de uma bateira labrega, de vela bastarda, com toldo espalmado (pata de rã)?
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Por registar os tais regionalismos (vertedouro, escalamões, saltadouro, castelo da proa, traste, orça, etc.), sobretudo, de cariz marítimo?
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Por nos contar um parto improvisado, o desabrochar de uma vida, com toda a sua emoção?
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Eu, que assisti a partos e, principalmente, fui mãe, sem os artifícios que envolvem os partos actuais, pensei, depois de ter acabado de ler a história:
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 – há cinquenta anos, quase que preferia ter parido a bordo de uma labrega que numa «cama de bilros», de pau-santo.
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E fiquei ferrada naquele pensamento!!!!!!!!!! que navegou comigo até de manhã. Que beleza!
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Costa Nova, 29 de Agosto de 2019

AMLopes-

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