Um
óleo Costa Nova saído da paleta de Eduarda
Lapa valoriza o espólio pictórico do Museu Marítimo de Ílhavo.
Pintora contemporânea, distinguiu-se, essencialmente, como
intérprete de flores, mas é a faceta de pintora da nossa ria que, sobretudo, me
atrai.
Recordo-me, quando criança, de a ver pintar, da varanda da minha
casa na Costa-Nova, protegida do sol, pelo seu chapeuzinho branco, de pano, de
olhos fixos na ria de então, bem diferente da de hoje: grande variedade de
barcos em que os moliceiros eram os senhores da laguna e dos seus
quadros. Memórias da juventude…
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A 21 de Outubro, em que o edifício do Museu de Ílhavo cumpriu 13
anos de renovação, a CMI enriqueceu a colecção de pintura, com a entrada de um
quadro Costa Nova de Eduarda Lapa.
A sua ida a leilão na leiloeira Veritas, Lisboa, foi-nos dada a conhecer por Zé Sacramento,
galerista conhecido da «nossa praça». Da licitação se encarregou, tendo a AMI
(Associação dos Amigos do Museu) contribuído para a sua compra com uma forte
participação.
A obra, pintura a óleo, empastelado, sobre platex, de 33 por 43.5 cm, está assinada
e não datada, o que é frequente, na autora.
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É uma romântica Costa Nova, pincelada com aquele timbre naturalista de quem
pinta o que vê, dando a artista, natural relevo ao que mais a toca.
Temos elementos de sobra que nos permitem com alguma segurança, arriscar
uma data para o óleo em causa.
A pintora estaria posicionada um pouco a sul da lingueta frente ao antigo mercado
(1º plano), donde observava com pormenor, a 2ª mota que houve na praia, de 1932. Por outro lado, não existia ainda
o edifício da Mota, com a sua pala característica, construído pela JARBA, em 1942. Por outro lado, também não há um
apontamento da famosa esplanada, cuja construção andou ali por 1934/35.
Todas estas datações bem conhecidas levam-nos a situar o óleo, com
segurança, entre 1932 e 35.
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Que imortalizou Eduarda Lapa? A ria junto à estrada, a sul, a mota com o seu vaivém intenso de
passageiros, peixeiras, para as duas barcas
de passage, acostadas à rampa, a ria a lamber a estrada, a norte, num
contacto directo e poético, com o casario riscado e não riscado, de frente para
a água. Que belo espectáculo!
Costa Nova de Eduarda Lapa
Era o quadro que faltava à colecção do MMI. De posse de alguns simpáticos
registos de autores regionais, do princípio do século XX, sem esquecer Cândido
Teles, com dois óleos de Fausto Sampaio, um de 1933, o casario sobre a ria, noutra perspectiva
e uma neblina majestosa, sobre a ria, de 1939, o nome e a arte de Eduarda Lapa
vieram completar a colecção de registos da nossa praia e da nossa ria.
Apontamentos biográficos:
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Eduarda Lapa nasceu em Trancoso em 1895. Algum tempo depois foi viver para a capital, onde a sua veia artística desabrochou. Foi discípula de Emília dos Santos Braga, que a introduziu no naturalismo, ao integrá-la nos estudos ao «ar livre».
A «embaixatriz da cor», como foi chamada, passou a viver em Paris, a partir de 1930, onde conviveu com os melhores artistas entre os quais se contavam a pintora brasileira Helena Pereira da Silva, Waldemar da Costa, Arpad Szènes e Maria Helena Vieira da Silva, colega do atelier de pintura, em Lisboa.
Detentora de uma capacidade para revelar e demonstrar quer o ritmo, quer a harmonia das coisas, a pintora especializou-se em naturezas-mortas e principalmente em flores, sendo considerada, quer pelos colegas quer pelos críticos, uma das melhores neste género, «a grande pintora de flores do nosso país»
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Porém, Eduarda Lapa não se dedicou só às flores. A sua obra apresenta, também com êxito, paisagens rústicas, magníficas marinhas, em especial trechos ribeirinhos. A zona de Aveiro e da Praia da Areia Branca proporcionavam-lhe os motivos referentes às gentes do mar, como os pescadores ou os barcos moliceiros da ria de Aveiro, as praias da Torreira, da Costa Nova e da Nazaré.
Foi uma das pintoras mais apreciadas pela crítica da época, juntamente com Alda Machado Santos, a aguarelista Raquel Roque Gameiro, Maria de Lurdes Mello e Castro, Adelaide Lima Cruz e Clementina Carneiro de Moura.
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Eduarda Lapa foi sócia efectiva da Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo sido a primeira mulher a fazer parte da Direcção desta Sociedade.
Durante mais de vinte e cinco anos, Eduarda Lapa orientou cursos de desenho e pintura, tendo como objectivo desenvolver as capacidades das suas alunas, despertando-as para o conhecimento da beleza, da forma e da cor
A sua obra encontra-se representada em Câmaras Municipais, em diversos Museus e em outras instituições de arte. Está igualmente representada em colecções estrangeiras.
Faleceu em Setembro de 1976, em Lisboa, na sua residência, onde foi descerrada uma lápide alusiva, pela Câmara Municipal, que atribuiu também, o seu nome, a uma rua.
Ílhavo, 8 de Novembro de 2014
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Apontamentos biográficos:
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Eduarda Lapa nasceu em Trancoso em 1895. Algum tempo depois foi viver para a capital, onde a sua veia artística desabrochou. Foi discípula de Emília dos Santos Braga, que a introduziu no naturalismo, ao integrá-la nos estudos ao «ar livre».
A «embaixatriz da cor», como foi chamada, passou a viver em Paris, a partir de 1930, onde conviveu com os melhores artistas entre os quais se contavam a pintora brasileira Helena Pereira da Silva, Waldemar da Costa, Arpad Szènes e Maria Helena Vieira da Silva, colega do atelier de pintura, em Lisboa.
Detentora de uma capacidade para revelar e demonstrar quer o ritmo, quer a harmonia das coisas, a pintora especializou-se em naturezas-mortas e principalmente em flores, sendo considerada, quer pelos colegas quer pelos críticos, uma das melhores neste género, «a grande pintora de flores do nosso país»
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Porém, Eduarda Lapa não se dedicou só às flores. A sua obra apresenta, também com êxito, paisagens rústicas, magníficas marinhas, em especial trechos ribeirinhos. A zona de Aveiro e da Praia da Areia Branca proporcionavam-lhe os motivos referentes às gentes do mar, como os pescadores ou os barcos moliceiros da ria de Aveiro, as praias da Torreira, da Costa Nova e da Nazaré.
Foi uma das pintoras mais apreciadas pela crítica da época, juntamente com Alda Machado Santos, a aguarelista Raquel Roque Gameiro, Maria de Lurdes Mello e Castro, Adelaide Lima Cruz e Clementina Carneiro de Moura.
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Eduarda Lapa foi sócia efectiva da Sociedade Nacional de Belas Artes, tendo sido a primeira mulher a fazer parte da Direcção desta Sociedade.
Durante mais de vinte e cinco anos, Eduarda Lapa orientou cursos de desenho e pintura, tendo como objectivo desenvolver as capacidades das suas alunas, despertando-as para o conhecimento da beleza, da forma e da cor
A sua obra encontra-se representada em Câmaras Municipais, em diversos Museus e em outras instituições de arte. Está igualmente representada em colecções estrangeiras.
Faleceu em Setembro de 1976, em Lisboa, na sua residência, onde foi descerrada uma lápide alusiva, pela Câmara Municipal, que atribuiu também, o seu nome, a uma rua.
Ílhavo, 8 de Novembro de 2014
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Ana Maria Lopes
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