segunda-feira, 12 de junho de 2023

Afundou-se o vapor "Catalina"

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A nossa terra foi em determinadas épocas, e os primeiros anos da década de 40 foram uma delas, assolada por terríveis naufrágios que deixaram casas com pobres famílias na orfandade. Mais morte… por Ílhavo, em consequência de naufrágios? É mesmo o que queremos dizer.

Perante uma notícia vaga, vinda de St. Jonh’s da Terra Nova sobre o desaparecimento do vapor “Catalina”, reinou a tristeza, a comoção e a ansiedade, nesta nossa vila maruja – relata O Ilhavense de 1 de Fevereiro de 1942. O brutal acidente do Maria da Glória, do Delães, em 1942, do Santa Irene, do Pádua, em 1943, e tantos mais, encheram páginas dos jornais.

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CATALINA
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A tripulação do “Catalina” era de 18 homens, dos quais, dez eram ilhavenses, a saber:

José Fernandes Matias, imediato, João Nunes dos Santos (o Silveira), piloto, Manuel Pereira Lamarão, contramestre, Tomé dos Santos Panela (o Romeiro), Manuel São Marcos, Luís Francisco da Madalena, António Ferreira Carrapichano, marinheiros e Ângelo Ferreira, ajudante de cozinheiro e João Francisco Bichão, moço de câmara.

O “Catalina” tinha saído do Porto para a Terra Nova, onde ia buscar bacalhau frescal. O seu comandante, nosso conterrâneo, Sr. José Francisco Bichão, adoecera, tendo recolhido a um hospital local. O imediato, José Fernandes Matias (o Cageira) ocupou o comando do navio, tendo saído de Fortune Bay a 14 de Janeiro – não mais houve notícia dos nautas e seu navio. Temporal, icebergs, consequências da guerra?

O “Catalina”, juntamente com o “Ourém”, pertenciam a uma empresa de navegação com sede no Porto, C. A. Moreira & Cª., Lda., utilizados no serviço comercial, com destino à Terra Nova, Islândia e Groenlândia. Paralelamente, escalavam portos no norte da Europa com eventuais viagens para Cuba, assegurando o transporte de açúcar, para os portos nacionais.

Ex-Kilkeel, ex-Falconer, o “Catalina” tinha um comprimento fora a fora de 55, 50 metros, 9,08 de boca e 4, 70 metros, de pontal. Eram muito raras, senão inexistentes, fotos do “Catalina”. Chegaram-nos às mãos (via Canadá) as duas que publico.

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CATALINA
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Fortaleceu-me mais o desejo de postar a notícia de há 80 anos, dando-lhe uma nova vida (ou morte), já que tanto de trágico teve a ver com Ílhavo.

Em site, muito mais tardio, é evidente, mas fiável, tivemos conhecimento de que o navio fora torpedeado na posição 47º 15’N| 52º 15 ‘W pelo submarino alemão o U-203, em 15 de Janeiro de 1942, quando de viagem de Fortune Bay para St. John’s na Terra Nova. Não houve sobreviventes.

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Ílhavo, 12 de Junho de 2013

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Ana Maria Lopes

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