quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

A construção da "ílhava" em exposição

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Abriu, há nove anos (11.1.2014.), a exposição fotográfica da construção da ílhava, exibida no MMI, aquando da apresentação pública desta nossa bateira.

Quem viveu a aventura desta recriação fê-lo com paixão. Para além do mais, acompanhou durante meses, a perícia, o gosto, a minúcia, a arte com que a Etelvina fez estes registos fotográficos para memória futura. São apenas 20 imagens de razoável dimensão, que fazem parte de centenas que clicou durante meses, desde o lançamento da tábua da quilha da embarcação, até ao seu regresso às origens – Ílhavo.

Quem acompanhou a montagem desta exposição, teve a sensação de que se trabalhou em arame de circo, por “contratempos” de vida que o empenho e a coragem superaram. Mas, valeu a pena! Foi unânime a opinião dos observadores – um apontamento de cariz etnográfico que embrulha muito de sociológico, de antropológico, de sócio-cultural e de histórico.

Melhor do que as nossas palavras, o texto introdutório da própria autora revela o que ela procurou e viveu, neste registo. Ei-lo:

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Bateira ílhava, uma embarcação secular

Uma embarcação com vínculo e apelido das gentes de Ílhavo.

Segundo dados históricos, esta embarcação é referenciada a partir do século XVIII, tendo-se extinguido no século XX.

Herdando o nome da sua terra natal, esta bateira terá sido criada com o propósito de servir as gentes da borda-d’água lagunar, passando posteriormente para o mar. Terá sido um artefacto de trabalho, uma ferramenta polivalente, servindo para toda a faina. Mais tarde, migrou para as águas do Douro e do Tejo, tendo-se ali extinguido, não deixando rasto.

Não restando exemplar físico da embarcação, alguns estudiosos desenharam e maquetaram um protótipo com base em documentos escritos, registos imagéticos e gráficos.

A ideia de construir uma réplica desta embarcação secular tem vindo a ser alimentada ao longo dos anos.

Em Junho de 2013, a Associação dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo (AMI) formou uma equipa de trabalho para concretizar este sonho – reconstruir um elemento patrimonial identitário da região, já perdido.

Por iniciativa desta Associação, estudou-se, elaborou-se, supervisionou-se e custeou-se todo o projecto. Actualmente, pode-se apreciar o belo exemplar da bateira ílhava exposto na Sala da Ria deste Museu.

Construída na borda-d’água, em Pardilhó, num estaleiro naval tradicional, por um conceituado mestre, foi imperativo manter o processo construtivo, os materiais e acabamentos tradicionais, fidedignos com a realidade de outrora.

Apresentada ao público, no dia 11 de Janeiro de 2014, a réplica da bateira ílhava, uma peça única em ambiente museológico, transmite através do sistema construtivo, dos materiais, da sua forma e história funcional, um conjunto de elementos de cariz etnográfico, identitários da nossa região.

Recuperou-se um património imaterial, materializando-se nesta réplica. Um bom exemplo e um contributo para trabalhos futuros.

Esta breve exposição de fotografia tem como objectivo dar a conhecer, através de alguns apontamentos imagéticos, algumas fases do processo construtivo da emblemática embarcação.

Pretende-se, ainda, de forma sucinta, transmitir alguns momentos de rara beleza e encantamento vividos dentro de um estaleiro, durante a construção de um artefacto artesanal – luz, odor, textura, cor, brilho, pó... tudo isto se entranha na alma!

 

AMI, Presidente – Dr. Aníbal Paião

Equipa de trabalho – Capitão Marques da Silva, Eng.º Senos Fonseca, Dr.ª Ana Maria Lopes, coordenadora do projecto.

Construtor naval – Mestre António Esteves (o Pardaleiro)

Vela – Marco Silva e família.

Fotografia: Etelvina Almeida

Para amostra, fazendo crescer água na boca:

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Esculpindo…
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Em pose…
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Assentamento acrobático…
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Com ritmo…
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Vestida com vela içada… 

Texto introdutório e imagens – Etelvina Almeida

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Ílhavo, 11 de Janeiro de 2023

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Ana Maria Lopes

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