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Fiz várias consultas para saber um
pouco mais do “Ariel”, bonito lugre
que também fez parte daqueles que tiveram como cemitério a barra de Aveiro, em
princípios do século XX.
Mas com tão, tão curta existência,
não poderia ter longa história. Foi o que consegui.
O "Ariel”, lugre de madeira, de três mastros, com arqueação líquida de
191 toneladas, foi construído na Gafanha da Nazaré por Manuel Maria Bolais
Mónica para a Companhia Aveirense de Navegação e Pesca, Lda., de Aveiro, e
lançado à água no dia 7 de Abril de 1919.
Há quem lhe tenha atribuído como primeiro proprietário Testa & Cunhas, mas, em minha opinião, tal seria impossível, pois a empresa ainda não estava constituída.
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Depois de realizar a 1ª campanha na
pesca do bacalhau, naufragou à entrada da barra de Aveiro, em virtude da
escassez de vento e agitação do mar, no dia 11 de Novembro de 1919.
Durou nada mais do que seis meses, de Abril a Novembro.
Sabendo-me interessada no assunto,
pessoa amiga fez-me chegar às mãos estas notícias, que, por raras, não deixam
de ser curiosas.
Título – "Barco em perigo"
De Aveiro foi pedido ao Ministério da
Marinha um rebocador com a força precisa para socorrer um navio em perigo.
In
"Comércio do Porto", 12.11.1919
Título – "Lugre encalhado – Os socorros"
Pela Capitania de Aveiro, foram na noite
de anteontem pedidos socorros para a Capitania de Leixões, por se encontrar
encalhado na barra de Aveiro, um lugre português, cujo nome se desconhece e que
parece ser bacalhoeiro. Imediatamente foram dadas ordens para saírem daquele
porto a Canhoneira "Limpopo" e o rebocador "Magnete".
Estas embarcações, que voltaram ontem
para o porto de Leixões, onde chegaram pela 1 hora da tarde, nenhum socorro
puderam prestar, devido à forte agitação do mar. O lugre continua na mesma
posição.
In
"Comércio do Porto", 13.11.1919
Título – "Naufrágio"
Acerca do navio que naufragou na costa
de Aveiro, a que nos referimos, recebemos do nosso correspondente em Ílhavo as
seguintes informações, que o correio nos retardou, pois que as devíamos ter recebido
anteontem…
Ílhavo, 12 – O
lugre "Ariel", que
regressava da pesca do bacalhau com um carregamento de cerca de cinco mil kilos
de peixe, ao demandar ontem, à tarde, a nossa barra, encalhou num banco de
areia, e perdendo o governo por falta de vento, veio dar à costa ao sul da
barra.
A tripulação foi salva com um cabo de
vaivém, e é possível salvar-se parte da carga.
O "Ariel", porém, considera-se perdido. Era um lindo barco,
construído há pouco nos estaleiros da Gafanha, sendo esta a primeira viagem que
fazia.
In
"Comércio do Porto", 14.11.1919
Obrigada, pois, pelas informações conseguidas, após pouco mais de 90 anos do acidente, que vitimou o “Ariel”.
E aos poucos, se vai reconstituindo a história trágico-marítima da nossa frota bacalhoeira.
Fotografia – Amável cedência do MMI.
Ílhavo, 13 de Março de 2022
Ana Maria Lopes
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