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Talvez
seja uma das pessoas de Ílhavo que mais tenha consultado o jornal “Ilhavense”,
sobretudo, a partir dos anos 80 – com diversos objectivos: registo das doações
ao Museu dos Ílhavos, desde o início anos 20, porque o Museu e o Jornal,
nasceram, praticamente, de braço dado, a rubrica anual da relação das saídas dos
navios para a pesca do bacalhau, desde 1922 até 1969, (“Ei-los que partem”, Eles lá vão para os
Bancos da Terra Nova”, “Deus os leve… Deus os traga”, “Boa viagem!”, “Aquelas
Naus”, “Relação dos navios que este ano vão aos Bancos da Terra Nova”, “Frota
Bacalhoeira de Portugal”,” Eles que partem”, “Amigos! Até à volta! Que os
ventos vos soprem de feição!”, “NOSSA SENHORA
vos leve em paz”, “Partamos, que o mar nos chama!”, “A bênção dos
bacalhoeiros”, Vamos lá com Deus”, etc.), com a anotação de capitão, (e nem
sempre do imediato e piloto), vários naufrágios e acidentes, cerimónias de bota-abaixo,
normalmente, na Gafanha da Nazaré, com toda a sua alegria, pompa, circunstância
e entusiasmo, obituários com mais interesse, numa prosa mais empolada, que
permitem melhorar o sítio do cemitério, dados sobre os sucessos e retrocessos
da Costa Nova do Prado, assuntos e imagens preferidas de alguns.
Da
consulta destes dados e outros, nasceram alguns livros de vários autores.
Consultar
os jornais antigos é uma pesquisa, mas também um mimo e uma diversão, porque,
para além do que realmente procuramos, os olhos fogem-nos para as notícias de
aniversários, de casamentos, de “délivrances”, de personalidades que estavam
doentes, das que andavam em veraneio, das quotas dos jornais em atraso, dos concursos
de beleza das mais belas mulheres de Ílhavo, etc., etc., etc.
Durante
a década de 90, em que exerci o cargo de Directora do Museu Municipal, a
direcção do jornal, com quem mantive sempre um bom relacionamento, mostrou o
maior interesse por tudo quanto se passava na instituição museológica.
Voltou-se
a uma rubrica mensal, PELO MUSEU,
que veio recordar uma que houve em tempos idos, que fazia apelos a ofertas para
o museu e que elencava, pormenorizadamente, as doações que haviam sido feitas.
Para
“memória futura”, transcreveram-se sempre os discursos de abertura de todos os
eventos.
Transcreveram-se,
na íntegra “as folhas de sala”, espécie de inventário/catálogo, sem imagens (o
dinheiro não abundava na CMI), da exposição Faina Maior – Pesca do Bacalhau
à linha e da abertura da sala da ria – A Nossa Ria.
Também
agradeço a “O Ilhavense”, toda a abertura e espaço que deu ao meu blogue
“Marintimidades”, criado em Abril de 2008.
Do
conjunto de “posts” dedicados às miniaturas do sr. Capitão Marques da Silva e
dos seus textos explicativos, à linguagem das marinhas usada durante uma safra
de outros tempos e a “Homens do Mar”, acabaram por ser dados ao prelo, os
livros “Bateiras da ria de Aveiro – memórias e modelos”, em 2011, “Uma Janela
para o Sal”, em 2015 e “Tributo a Capitães de Ílhavo”, em 2017.
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Parabéns
ao Jornal, pelo seu centenário, a que chegou com muitas dificuldades, dada a
sua pequena equipa e carência de meios. Durante, sobretudo, os primeiros 80
anos, retrata a vida de Ílhavo, da grande vila que, então, foi.
O
seu papel, na actualidade, mudou levemente, com a internet, com as redes
sociais e com a rapidez com que as notícias nos chegam a casa, pelos telemóveis,
pelos ipads e pela televisão.
Neste mundo infortunado, em que vivemos, tive, há dias, o consolo de saber que no Ciemar, “O Ilhavense” já se encontra digitalizado até 1986, inclusive.
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Ílhavo,
20 de Novembro de 2021
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Ana
Maria Lopes
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