Troca de impressões (por e-mail) entre o Autor e AML, há 3 anos...
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AML – … Uma
realidade para a qual eu acho que teria algum jeito (se é que tive), quando
estivesse desempregada, era ajudar-te a seleccionar poesias tuas,
para publicação, fazer-lhe a análise e aquele arranjo final gráfico de
que muitas vezes carecem. Pois, se não mais as lês,… fica por fazer. Não era
modificá-las sem autorização, claro.
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AML – Dou-te um
palpite – a solidariedade também tinha de entrar, … a
liberdade, a meninice, etc., outros temas. Mas aquilo de que gosto
mesmo é das poesias com a fluidez da água, com a ria, com o luar,
com o mar, com a areia, gaivotas, gaivinas e outros bandos. Onde és melhor que
tudo, para mim, é no amor (jogos amorosos), um hino à beleza da Mulher (só és
bom, em poesia, nota!). Tem muito sumo, mesmo que não seja para ninguém beber.
11. 12. 2010
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SF – Não
compreendo ainda bem, quando e porquê, me sai isto. Tenho muito pouco feitio de
poeta. E por o reconhecer …não sei se valerá a pena. Olha entretém-te, se Te apetecer.
Gostaria de ver.
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SF – O que
eu disse é que tudo tem o seu tempo. E que não me sinto capaz de me apresentar
como um poeta.
13.12.2010
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SF – Achas que têm tiques de
poeta? Coitado de mim. Que nem tenho a quem oferecer isto (Natal 2010 – À Ria).
15.12.2010
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AML
– O Teu grande amor é a Ria.
Tudo emerge da Ria e
tudo submerge nela.
A Ria está no Amor, na Amizade,
na Saudade, na Liberdade, na Vida, na Angústia, na Tua Terra, na Natividade,
será...? Até a falta dela se sente no «Outoniço» que és, quando regressas da
Costa Nova.
18. 12. 2010
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AML – Às vezes, parece que te
entendo melhor em verso do que em prosa.
Ontem, dizia-te que a Ria era
dominante em toda a tua poesia. Toda, toda não direi, mas é um tema
muito forte.
Encaixar a tua produção nos doze
temas seleccionados, para facilidade de consulta (não esquecendo a ordem
cronológica), nem sempre é fácil. Ou, por outra, é mesmo bastante difícil. Se
um poema foca o tema vida, também toca
na angústia, na liberdade, na saudade, no amor...Isto é um exemplo.
Escolher o sentimento dominante,
oh, oh!, quantas leituras cuidadas e remoídas!
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Acho, não sei se consigo
minimamente explicar, que o conjunto dos teus versos poderia ser
representado por um conjunto de círculos concêntricos de diferentes dimensões,
em que um maior fosse o dominante, o Amor
(uma espécie de um diagrama) …
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Outros, os restantes, de
dimensões menores e diferentes, interpenetravam, interceptavam o central e, daí
nasciam áreas comuns, em que os mesmos temas estariam presentes.
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Por e-mail não dá… Percebeste alguma coisa?
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Apesar de não ter grande jeito
para desenho, com um lápis ou um compasso, representava-te muito mais depressa
esta ideia. Seria uma espécie de representação gráfica.
Não sei se concordas minimamente
com o que te venho dizendo.
Sinto que não andarei muito longe
disto.
Se chegar a indexá-los,
escrevê-los e imprimi-los, em versão
caseira, para teres na mão, de consulta fácil, talvez consigas ver
melhor.
Ou então, já sabes mesmo que é
assim. Ou então até achas, e só para contrariar,
dizes que não é nada disto.
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Dás-te muito mais a conhecer
em verso do que em conversa, claro, para quem julgue conhecer-te um
bocadinho. Mas, por isso, não deixes de versejar…
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É uma expressão muito nobre,
quando se sabe ser. Não é a parente mais pobre da literatura.
19.12. 2010
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SF –
Mas (poesia) andas lá …é quase isso. Mais um pouco de solidão …e angústia por
ter ficado aquém.
- Anda, pensa….
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AML - É assim… não tive Curriculum Vitae para apresentar o MARESIAS, nem queria fazê-lo, mas o que
é certo (e que degustei), é que o dei a
lume, depois do autor, claro.
Et voilà o que ia pensando… há
3 anos (em Dezembro de 2010, como as datas comprovam).
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Ílhavo, 15. 12. 2013
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AML
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PS – Ontem, sem contar, fui
apanhada numa «ratoeira», ao ser-me pedido que lesse este texto com o Autor, na Livraria
Bertrand, no Fórum, numa segunda apresentação do Maresias.
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6 comentários:
Adorei e fiquei ainda com mais pena de não ter podido ir assistir ao lançamento na Bertrand!
Estes excertos de conversa que bem demonstram como fui renitente á publicação dos poemas, de que o grupo poético, dando-os a conhecer, foi talvez o maior culpado, tiveram como soe dizer-se um final feliz. Obrigado a todos, e neste caso à AML,colega de outras fainas.
Pois eu, foi ontem que estive na Bertrand para assistir à 2.ª apresentação do livro MARESIAS de Senos da Fonseca, e também adorei. Gostei muito de ouvir ler a Dra. Ana Maria Lopes, a prévia troca de e-mails existente entre si e o escritor, à volta de sua realização! Lembrou-me as cartas de Fernando Pessoa (e de outros célebres escritores portugueses) entre os seus
amigos, trocando impressões sobre o que escreviam! Gostei também do modo sempre autêntico, genuíno, de SENOS DA FONSECA,referenciando os encantamentos e inquietações que a Vida lhe tem ocasionado! Enfim, um belo e interessante serão, e pleno de agradabelíssimo convívio!!!!
Eu queria dizer "agradabilíssimo"
Boa noite:
Ainda bem que gostou, Sílvia, e se sentiu bem nesta pequena «tertúlia de poesia e amizade», praticamente improvisada, depois de muito estudada. Obrigada.
Ri-me, estes laivos de poesia parecem que contagiam. Pelo menos, já rimo, mas não chega...
Pois, Sra. Dra, escrever tem muito que se lhe diga!... Prosa ou verso!... Enfim, nesta altura da minha vida, tento distraír-me, e sendo esta a maneira que mais me apraz, brinco, - quantas vezes dizendo o que me vai na alma - escrevinhando, garatujando!...
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