(Cont).
Cortado o
cabo a que fixa o berço onde pousa o
navio, pela multidão dos presentes paira um sussurro de expectativa: o saber se
o berço desliza pela carreira. Há momentos, breves segundos,
em que o navio parece soluçar e ganhar forças para se atrever a deslizar no
plano inclinado.
Ganha a
impulsão suficiente, capaz de ultrapassar o atrito das forças em questão; o
navio arranca, primeiro hesitante, logo depois num movimento redobrado. E lá
vai…
Todo o mundo
fica suspenso: – a sua entrada na água.
Entrada na água
A popa
mergulha na ria, momento crucial que testa a sua estabilidade.
Tomba? Não
tomba? E eis que com uma ou outra ligeira inclinação, o navio desliza soberbo,
leve, parecendo apressado, afastando-se da carreira.
Começa a flutuar…
Momento de
azáfama em que os rebocadores FOZ DO VOUGA (à proa) e CORONEL GASPAR FERREIRA (à popa), se apressam a lançar cabos para o
agarrar e trazer de volta.
Rebocadores, ao serviço…
O navio
suspende, «ferro a pique», não vá o diabo tecê-las e ser necessário uma manobra
de emergência para o fundear de imediato. Agarrado de proa e de popa em manobra
conjunta, o INÁCIO CUNHA aproxima-se do cais que lhe está
destinado para os trabalhos de acabamento.
Majestoso e flutuante
Satisfiz,
suponho, a curiosidade da amiga Etelvina. E de tantos outros, que, até pela
mais tenra idade, não tiveram oportunidade de assistir a estes acontecimentos.
Quando hoje
abordamos, em passeios lagunares, os Estaleiros de S. Jacinto, quem ousará dizer
que naquelas carreiras deslizaram centenas de navios saídos das mãos daqueles
que tão sabiamente lhe sabiam dar forma e vida.
Quando, em 1997, já quase com trinta anos, foi
vendido ao Grupo Silva Vieira, tendo sido registado com o nome de JOANA PRINCESA, lá se foi, com mágoa, «um pedacinho»
de mim.
-
Fotografias
– Arquivo pessoal da autora
-
Ílhavo,
1 de Abril de 2013
-
Ana Maria Lopes
-
Sem comentários:
Enviar um comentário