No
tempo em que o barco moliceiro ainda era
barco de trabalho, uns dos aprestos preparados pelo dono eram os ancinhos, popularmente também apelidados de encinhos ou incinhos.
Ancinhos de
arrastar
ou gadanhões, muito grandes, de cujas
metades partidas se confeccionavam os rapões,
e ancinhos de mariscar,
genericamente, eram todos conhecidos por ancinhos.
Desde
os antigos ancinhos de arrastar, nos
últimos tempos da actividade moliceira, passou a haver uma grande liberdade na
execução dos mesmos – dimensões apropriadas aos locais em que eram
usados, consoante as forças do proprietário, e com dentes de madeira, mais
tarde, de ferro, a gosto e vantagens. Evoluções…mas nem assim resistiram.
Foi-se
o património material e o imaterial, melhor dizendo, deliu-se.
Quando a
quantidade de moliceiros o
justificava até havia «ancinheiros» ou «incinheiros» pelas redondezas, que se
ocupavam da execução destes aprestos, e que se deslocavam ao mercado de
Estarreja e às feiras da região. Todos se compunham de cabo, pente e dentes.
Nos tais
derradeiros tempos da faina moliceira, os camaradas tinham que se «desenrascar»
e, por precaução, ter «consultório», a bordo, preparado para «reconstruções» e «implantes».
Quando os
dentes partiam durante a faina, era o próprio camarada que os substituía. Com o
cavirão retirava o resto do dente
partido junto à
pata (parte mais grossa do
dente). Seguidamente, com o auxílio da podoa e da enxó, fazia e aplicava o novo
dente.
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Assim fosse tão
fácil com a dentição humana!!!!!!!!!!!
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Que dureza e que beleza!
Os ancinhos de arrastar eram adaptáveis
obliquamente aos bordos da embarcação, em número não inferior a dois, nem
superior a quatro, com o auxílio da forcada
e da tamanca. E isto o que será?
– caso para perguntar.
Fotografias
– Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 16
de Junho de 2012
Ana Maria Lopes
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