sábado, 16 de junho de 2012

«Ancinheiro» - uma profissão extinta

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No tempo em que o barco moliceiro ainda era barco de trabalho, uns dos aprestos preparados pelo dono eram os ancinhos, popularmente também apelidados de encinhos ou incinhos.
Ancinhos de arrastar ou gadanhões, muito grandes, de cujas metades partidas se confeccionavam os rapões, e ancinhos de mariscar, genericamente, eram todos conhecidos por ancinhos.


Desde os antigos ancinhos de arrastar, nos últimos tempos da actividade moliceira, passou a haver uma grande liberdade na execução dos mesmos  dimensões apropriadas aos locais em que eram usados, consoante as forças do proprietário, e com dentes de madeira, mais tarde, de ferro, a gosto e vantagens. Evoluções…mas nem assim resistiram.
Foi-se o património material e o imaterial, melhor dizendo, deliu-se.
Quando a quantidade de moliceiros o justificava até havia «ancinheiros» ou «incinheiros» pelas redondezas, que se ocupavam da execução destes aprestos, e que se deslocavam ao mercado de Estarreja e às feiras da região. Todos se compunham de cabo, pente e dentes.

Nos tais derradeiros tempos da faina moliceira, os camaradas tinham que se «desenrascar» e, por precaução, ter «consultório», a bordo, preparado para «reconstruções» e «implantes».

Quando os dentes partiam durante a faina, era o próprio camarada que os substituía. Com o cavirão retirava o resto do dente partido junto à pata (parte mais grossa do dente). Seguidamente, com o auxílio da podoa e da enxó, fazia e aplicava o novo dente.



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Assim fosse tão fácil com a dentição humana!!!!!!!!!!!
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Que dureza e que beleza!

Os ancinhos de arrastar eram adaptáveis obliquamente aos bordos da embarcação, em número não inferior a dois, nem superior a quatro, com o auxílio da forcada e da tamanca. E isto o que será? – caso para perguntar.

Fotografias – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 16 de Junho de 2012
Ana Maria Lopes
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