Para se deslocar, tem dois longos remos de escalamão, que podem ser utilizados por dois remadores, um na bancada de vante e outro na do meio. Sendo um só remador, fica a meio cruzando os punhos para que o remo de um bordo seja movido pela mão do outro bordo.
Remadores amadores… a passear, em 1981
Também lhe podia ser aplicada uma vela de pendão de amurar ao mastro, habitual na Ria. Para esse efeito, tem carlinga no fundo, enora na bancada do meio e leme de xarolo, aplicado na ferragem do cadaste.
Foi numa caçadeira, que há quase setenta anos, me deixaram, pela primeira vez, ajudar a remar, no remo do meio, de pé, voltado para a proa, empurrando o punho na cadência da remada. Como me senti importante naquela embarcação, atravessando do Forte da Barra para S. Jacinto na bateira da passagem.
O meu modelo desta bateira foi construído na escala de 1/25, e os materiais aplicados foram balsa para o fundo, choupo nos costados e ramos de limoeiro para o cavername, roda de proa, de ré, bancadas e leme.
Para os remos, usei tola e para a vela, pano de algodão. Fiz o mastro e a verga com ramos de ameixieira e para a ferragem e fateixa, apliquei arame de cobre.
Caxias, 10 de Setembro de 2009
António Marques da Silva
Coincidência das coincidências…tinha sido uma das minhas bateiras. Mandada construir ao Henrique Lavoura, em Pardilhó, em 1981, a NAMY veio para a Costa Nova, depois de pronta, de camião, e foi descida para a ria pelos degraus da actual mota.
A fama do construtor garantia-lhe a qualidade. Nela brincámos, remámos, pescámos, quer com cana desportiva, quer à sertela, embora nunca tendo usado vela. Cheguei a cedê-la a um pescador profissional, que a vigiava durante o inverno, enquanto a MARIA JÚLIA, (a sua bateira), sofria uma reparação. Conheceu, portanto, o sabor da solheira, branqueira, da sertela, da rede da galeota, da cabrita, etc.
Viveu na minha posse durante 14 anos e, por razões várias, entre as quais o facto de ser muito pesadona na deslocação, não estava interessada em mantê-la. Foi então que pelo empenhamento da Associação dos Amigos do Museu, a caçadeira deu entrada na Sala da Ria do Museu, em anterior edifício, em 1995.
E lá continua, no actual, para que os visitantes apreciem a elegância das suas linhas.
Fotografias – Arquivo pessoal da Autora
Ílhavo, 13 de Dezembro de 2009
Ana Maria Lopes
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