(Cont.)
Entretanto,
atingem-se as águas calmas e rema que
rema, cia que cia, afastam-se cerca de 3 milhas da linha da costa.
E
atrás do reçoeiro, corre, pela borda, a extensa manga da rede até à chegada do saco
central, cuja abertura é sinalizada por uma bóia,
normalmente, um pipo.
De
regresso, percorrido o caminho inverso, lançada a segunda manga (manga de regresso
ou de retorno) e o cabo da mão da barca,
está na hora de abicar ao areal.
E
o alar da rede que demora entre três
a quatro horas, num incessante vozear de homens e mugir de animais, de cima a
baixo, de baixo a cima, numa correria louca e desenfreada, assusta os
presentes, que só atrapalham, quando não ajudam.
As
várias juntas cruzadas, espicaçadas e aguilhoadas pelos boieiros, ajoelham sob o peso do esforço.
E
«curiosos» e pescadores abençoam o saco da rede, em que o peixe fervilha num
último estertor. Um peixeiro, talhado
na arte, de navalha em punho, desmancha o porfio,
desfazendo um dos juntoiros da rede.
E outra faina começa – a da divisão do peixe, separação e venda na praia. Cada
um com a sua mira!!!!
Imagens
de Cândido Ançã, que aprecio e
acarinho. Imagino que faltarão algumas do «abicar» do barco, porque, entretanto,
na era da foto analógica, terá sido necessário mudar de rolo.
Ílhavo,
12 de Março de 2013
Ana Maria Lopes
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2 comentários:
Quando escrevi sobre a "saída ao mar"três coisas me lembrava: as "cachopas" a fugirem de ser "atropeladas"pelos boieiros,nem sempre inocentes,as rodas de "piso largo",de tábuas,para os carros de bois nao se enterrarem na areia,muito remexida pela correria do "puxar a rede",e a perícia no uso da navalha,afiadíssima como bisturi,para "abrir o saco"...E lembro,após interregno das companhas tradicionais(Santo Amaro,por exemplo...),o aparecimento do 1º tractor,começando a "era moderna"da arte,a cargo de reformados saudosistas...Cumprimentos,"kyaskyas"
Nesta imagens revejo tempos da minha infância na praia do Furadouro que me despertam um sentimento de nostalgia!
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