domingo, 4 de setembro de 2022

A ida à romaria do S. Paio da Torreira, em 2010

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Esta ida à romaria do S. Paio…ficou-me gravada a cinzel, na memória.

Tinha direito a alvorada!!!!!! Tripulação (Pedro Paião, Miguel Matias e Toninho Martins Pereira) e passageiros (dois amigos do Miguel Matias, a Etelvina, o meu filho Miguel e eu) presentes no pontão do CVCN, perto das nove, com saída às 9 h e meia.

Com a Ria completamente espelhada, a paisagem, sempre atraente, ia ficando para trás: a Costa Nova, a Ilha Branca, as gaivotas esgravatando as coroas, o arrastão Santo André, o Jardim Oudinot renovado, o Farol, o Forte desmazelado, a saída da Barra, definida pelo Triângulo, S. Jacinto. Os estaleiros desactivados e degradados, para quem já lá conheceu eventos brilhantes e dignos de registo, chocam. Mas, daí para diante, a marginal entre S. Jacinto e Ovar, verdejante, é sempre deliciosa: pescadores de recreio viciados, entretidos, a Casa-Abrigo de S. Jacinto, onde se faziam tantos piqueniques, trapiches toscos e palafíticos serviam de cais a pequenas lanchas de recreio, a Pousada da Ria convidativa, o pseudo-estaleiro do Monte Branco…, já na Torreira.

 

A nossa Ria, única, ainda vai sendo, a certas horas e em certos momentos, a ria de Raul Brandão…que largueza, que liberdade, que beleza!!!

 

Uma ligeira névoa semi-cerrada envolvia o horizonte. Céu de um cerúleo azulado, polvilhado de nuvens rarefactas; a linha do horizonte contínua e certa, bem delineada sobre a superfície lagunar espelhada e brilhante, reflectindo o sol que, envergonhadamente espreitava por entre as nuvens.

 

Íamo-nos aproximando do nosso primeiro objectivo – a presença do moliceiro no Concurso de painéis, na esperança de uma boa classificação!

Na Torreira, é mesmo um desfile à vara, diante da multidão de fotógrafos e de um júri formado por elementos escolhidos pela CMM.

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Orgulhoso, o Zé Rito desfilava…
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O tempo que mediou entre o desfile e a regata foi bem aproveitado com uma ida até ao mar.

Não podia faltar, no regresso, uma visita ao S. Paio, na igreja, não fosse o «menino santificado» sentir-se desconsiderado versus a Senhora da Saúde!

 

E toca de arranjar um bom lugar, à sombra, frente à ria, para garantir uma favorável observação do espectáculo colorido e movimentado que é a Regata de moliceiros.

A afluência de barcos é que vai diminuindo, o que é uma pena. Moliceiros vernáculos só nove, quatro ou cinco meios barcos, como lhes chamam e outras embarcações animavam a ria.

 

Suave brisa não ia prometer uma competição aguerrida! Mas há sempre o empenho e a luta pelos melhores lugares.

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Preparativos, ensaios e afinações…
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Foi dado o sinal de partida com um estrondoso foguete que até me fez estremecer e acordar da sonolência que me tomava.

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Autênticos cisnes brancos…após o sinal da partida
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No cais, a multidão assistia, procurando a sombra das palmeiras marginais, que o sol estorricava.

Finda a regata, os barcos regressavam e nós voltávamos ao nosso meio de transporte aquático, com promessa de viagem à vela...pelas 5 e meia da tarde.

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Após a regata…
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Que desejo de saborear os prazeres da vela, em moliceiro!

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O "Inobador" esperava-nos
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Ligado o motor para as manobras de largada, depressa foi retirado e, então, o silêncio da ria depois do ruído da festa! Que enlevo, que doçura, que calma interior! Já não é fácil ouvir só a ria e o chap-chap da ondulação contra o costado da embarcação.

E tivemos esse privilégio!

E ainda mais! A tripulação deu-me o prazer de fazer o gostinho ao dedo e ao pé, e timonar o “Inobador” por um bocado, rumo ao arco maior da ponte, de regresso à Costa Nova.


Dispensa legenda…

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Chegámos cansados, mas felizes, suados, salgados, mas satisfeitos.

Valeu a pena! Há que aproveitar a ria e o convívio!

O nosso sincero agradecimento ao Pedro Paião e ao Miguel Matias.

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Fotografias – Paulo Miguel Godinho

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Costa Nova, 4 de Setembro de 2022

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Ana Maria Lopes

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