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De exíguas dimensões, cerca de 40 metros de comprimento, de 8 de boca e 4 de pontal, tinha uma capacidade de pesca de apenas 5.000 quintais.
Curioso, as rectas finais de vida do Ana Maria e do Capitão Zé Lau confundiram-se.
No Jornal do Pescador de Outubro de 1955, é dada a grande notícia de que, num belo dia do anterior mês de Setembro, o primeiro navio da pesca do bacalhau à linha a entrar no Douro, foi o lugre Ana Maria.
Em viagem directa da Terra Nova, chegou ao Douro o navio Ana Maria, tendo fundeado junto do cais do Bicalho.
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Logo foram beijos, risos, abraços, recordações evocadas e notícias trocadas, numa demonstração de ternura entre pessoas queridas que não se viam há seis meses.
Entretanto, o capitão do barco, também de Ílhavo, Sr. José André Alão deu as boas notícias de que o seu barco se portara maravilhosamente e estava apto para continuar na faina do bacalhau. A viagem fora óptima e os porões vinham completamente carregados. Foi também do Ana Maria que se lançou o alarme à navegação sobre o fogo do Ilhavense Segundo, quando se encontrava a 60 milhas do lugre incendiado.
O Capitão Zé Lau, assim era conhecido, nasceu em Ílhavo a 5 de Dezembro de 1879, tendo ido para o mar aos catorze anos, como era normal, à época.
Deixou o mar em 1958, dois meses antes de completar a provecta idade de 79 anos.
Entre os postos de moço, piloto, imediato a capitão, lá foi sulcando os mares, no meio de muitas peripécias e alguns naufrágios, em tempos bastante difíceis, passando por navios bem antigos como o Lusitânia III (futuro Terra Nova), o Maria Preciosa, o Paços de Brandão, o Alcion, o Silvina, o Delães (torpedeado e afundado por submarino desconhecido, em 1942), o Labrador, o Oliveirense, o Infante de Sagres III e o Paços de Brandão. De 1952 até 1958, ocupa o cargo de imediato no Ana Maria, ano em que o velho lugre do Porto naufragou, com água aberta, a 7 de Setembro.
O Capitão, Sr. Joaquim Agonia Vieira, de Vila do Conde, e o “nosso imediato”, entre os seus quarenta tripulantes, foram salvos pela escuna costeira norte-americana “Spencer”, que os entregou posteriormente a um navio espanhol. O velhinho Zé Lau, pelos seus quase 79 anos e pernas enfraquecidas, já teve de ser auxiliado, nestas andanças e mudanças de embarcação para embarcação. Abandona, então, a vida do mar.
O lugre cumprira o seu destino com 85 anos e o imediato contava menos seis.
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Na última viagem que efectuou, numa entrevista que deu a um repórter do “Primeiro de Janeiro”, em 14 de Abril de 58, contou as suas histórias de mar, revelando: – o veleiro mais antigo da frota portuguesa é o Ana Maria e eu o tripulante mais antigo.E assim o Ana Maria e Capitão Zé Lau ficaram na memória dos illhavenses.
Fotografias – Arquivo pessoal da autora e gentil cedência da Família do Capitão
Ílhavo, 1 de Julho de 2008
Ana Maria Lopes