quinta-feira, 30 de abril de 2015

Moliceiro «São Salvador» - que destino?

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Assisti ao nascimento do moliceiro São Salvador, em 2010, em Pardilhó, no estaleiro do Mestre Esteves. Que alegria… mais um, em tempo de penúria… destinado à Junta de Freguesia com o mesmo nome, em Ílhavo.

Novinho em folha, em 2011. AML

Só que o seu destino não lhe viria a trazer grandes augúrios. Depois do bota-abaixo, acostado pomposamente na Folsa dos Coquins, na Gafanha de Aquém, estava-se mesmo a ver que aquela construção não iria dar em nada. Mais tarde, entregue à Associação Aquém Renasce, a mesma, por inerentes dificuldades, também não conseguiu retirar-lhe grande usufruto.
Passou por alguns momentos altos dentre os quais saliento a participação em Regatas da Ria e do S. Paio e numa exibição do Oudinot à Costa Nova, em 2013, em dia de nortada forte. Que adrenalina!

Regata do S. Paio, em 2011. AML.

Mais altos ainda, foram os primeiros lugares conseguidos nas regatas de 2012 e 2013, às mãos do hábil arrais da Torreira, Marco Silva, velejador de têmpera rija.

Exibição do Oudinot à Costa Nova. 2013. Ah.cravo

Em 2014, já não participou. Dava sinais de decadência, sempre «enterrado» na Folsa dos Coquins. Seria a morte anunciada, alagado, com sinais evidentes de degradação.

São Salvador, em Abril de 2015

Começou a constar que a actual Junta de Freguesia pretendia desfazer-se do barco, por não suportar os custos de manutenção a que conduzia.
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Segundo o Diário de Aveiro de 4 de Abril de 2015, foi promovida uma hasta pública, ao final da tarde da passada quinta-feira, pela Junta de Freguesia de São Salvador para vender o seu moliceiro, que ficou deserta. A autarquia liderada por João Campolargo com intenção de recuperar algum do dinheiro já gasto com a sua aquisição (pelo anterior Executivo) e manutenção, decidiu avançar para uma nova hasta pública.
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«Juntamente com o nosso advogado, e na próxima semana já poderemos dar nota pública de qual o procedimento que iremos tomar», referiu ao Diário de Aveiro, João Campolargo. O autarca reconhece «que a opção mais viável continua a ser a venda, uma vez que «manutenção do barco no nosso Canal do Boco não é viável, até pelas condições do próprio canal, além de que o moliceiro exige a existência de um arrais e a Junta de Freguesia não consegue dar essa resposta», especificou ainda o autarca».

O mesmo jornal de 26 de Abril de 2015 informa que depois de uma primeira tentativa que saiu gorada, vai voltar a hasta pública a 4 de Maio, no auditório da Junta, pelas 19 horas, o moliceiro São Salvador. O preço desceu de 11 000 € para 3 500.

Estando a vida dos ditos moliceiros tradicionais tão difícil, admiro que não apareça nenhum operador turístico interessado. Pelos cortes e adulterações a que são sujeitas as embarcações para navegarem num canal povoado de várias pontes, não sou muito adepta da transmutação, mas é uma realidade.

E tenho uma percepção, pelo que vejo, sempre que frequento Aveiro, que a via turística é «uma galinha de ovos de ouro». Será?
As imagens comprovam-no, em fim-de-semana de Páscoa. Claro, nem sempre é assim! Pseudo-moliceiros em fila, mas é-o com muita frequência.
 


No Canal Central, em Aveiro. De Alberto Cardoso
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Grata pela cedência pelas fotografias creditadas.
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Ílhavo, 30 de Abril de 2015
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Ana Maria Lopes
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1 comentário:

etelvina almeida disse...

Nasceu mais um moliceiro. A intenção era boa, mas depressa chegou o seu fim e com um curto ciclo de vida, de pujança e performance.
Ao deixar a sua função inicial, já não a original, a da apanha do moliço, mas a de representação de uma freguesia servindo para passeios e outras actividades, fica agora exposto a uma hasta pública.
Advinha-se o seu fim como barco moliceiro tradicional.