sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ainda o S. Paio...8 de Setembro de 2012

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No último sábado, 8 de Setembro, o programa foi de arromba. Desde a missa campal, procissão de longo trajecto e muita devoção, às corridas de bateiras à vela e chinchorros, havia para todos os gostos. Já que lá estávamos, apesar das nossas conhecidas preferências, mas poucas forças, resolvemos assistir a todos os eventos.
 
Mas, a bem dizer, as bateiras à vela, em competição lagunar, trespassaram-nos a alma, redimensionando a paisagem. Não havia palavras.
Momentos raros como estes permitem-nos ver as bateiras, tipo caçadeira, com todos os apetrechos para velejar – mastro, verga, vela, todo o cordame necessário, tostes e leme.


 
Em vias de ser aparelhada

 
E com a contribuição do S. Pedro e do S. Paio, o tempo, de melhor feição não podia estar – um sol entre nuvens, ora acasteladas, ora rarefeitas, surtia, na água espelhada, um efeito paradisíaco. Inesquecível, fascinante e estonteante.
 
Eram cerca de 40 bateiras distribuídas por duas classes, A (até 7 metros) e B (de 7 a 9 metros). E aquelas cascas de noz, vá lá, que ainda podemos encontrar em praticamente todos os esteiros da ria, quase sempre motorizadas, com mastro, vela e brisa suave, ganhavam uma dimensão de pujantes embarcações.

 
É indescritível, porque a luminosidade projectava-se fatiada, entre nuvens, sobre as velas, ocasionando planos diferentes de claridade, como que valorizando os brancos.
 
 
Luminosidade fatiada…
 
Os amantes da competição e da paisagem lagunar eram a rodos e esta moldura humana ainda mais «vestia» o quadro, óleo ou aguarela, digno da paleta de um Fausto Sampaio, de uma Eduarda Lapa, de um Alberto de Souza, de um Hipólito de Andrade ou de um Cândido Teles, entre outros.
 
Largada!...

 
Em seguida, era preciso aproveitar a maré possível – os chinchorros, na sua elegância e garridice, ultimavam as equipas, de homens e mulheres da ria, que se dispunham a dar tudo por tudo e se desunhavam por dar o melhor de si, numa travessia no sentido leste/oeste.
 
Aplaudidos, no fim, os vencedores de cada um dos grupos das bateiras e a equipa vencedora do chinchorro Santa Maria Adelaide, que competiu renhidamente versus Raquel, posicionada em 2º lugar.

 
Chinchorro RAQUEL

 

E com isto, para nós, após um ameno passeio pela borda-d’água, em observação de alguns pormenores de embarcações, tão grande foi o dia como a romaria.
De regresso, a bicha de carros, em sentido contrário, ultrapassava a rotunda perto da Bestida. Para quê? A festa ainda não tinha acabado? Faltava o fogo-de-artifício da noite, desta vez, na ria, depois de já ter sido, na noite anterior, no mar.
 
Amanhã, há mais, pensávamos – a ida no «Pardilhoense», para assistir à regata de barcos moliceiros.

 
Mas, o cenário lagunar vespertino com as bateiras à vela entre céu e ria, não nos saía da mente. Ainda agora, olhamos a ria neste fim de tarde setembrino e imaginamo-las.

 
Aguarelando…

 
Informou a autarquia da Murtosa que mais de 300.000 pessoas passaram pelo S. Paio, entre os dias 5 e 9 deste mês.
 
Imagens – AML e gentil cedência de Etelvina Almeida (chinchorro)

 

Costa Nova, 13 de Setembro de 2012

 
Ana Maria Lopes
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