sábado, 7 de maio de 2022

Conversa de madrinhas de navios, em 30 de Abril de 2022, no MMI

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Estas duas madrinhas de navios-motor, em madeira, são as sobreviventes, que se saiba, e já quase peças de museu.

Uma, eu própria, madrinha do navio/motor, “São Jorge”, construído em 1956, na Gafanha da Nazaré, no estaleiro de Manuel Maria Mónica cujo bota-abaixo foi a 10 de Março do mesmo ano. Neta do Capitão Pisco, um dos sócios fundadores da empresa Testa & Cunhas, Lda., eis a razão pela qual fui convidada para madrinha do navio, com apenas 12 anos. Receios, ansiedades, alegria, chança, vaidade, pequenez, foram muitas das emoções que senti, antes, sobretudo, e depois do bota-abaixo.

A multidão, a altivez do navio na carreira, o embandeiramento em arco dos restantes navios ancorados, o receio que o navio empancasse na descida, que o sebo secasse, que o navio tombasse, que arrastasse o palanque dos convidados – alguns receios possíveis, outros nem tanto, fizeram daquele momento, um momento único da minha vida de menina! O foguetório, as bandas, os ranchos, as sirenes e tudo o mais que possamos imaginar, fizeram da Gafanha da Nazaré um palco único, naquela altura. Todos os caminhos lá iam desembocar…

A outra senhora, menina de 8 anos, à época, era Inês Maria Chambers de Sousa Amorim, filha do então Presidente da Câmara de Vila do Conde – e também nome do navio. Daí a razão do convite para madrinha, do navio-motorVila do Conde” num ambiente que não lhe era tão familiar como a mim, mas de que gostou, embora não tivesse uma memória tão acentuada. Mas, nas muitas fotos que tinha, nas atenções que lhe prestaram, bateu-me aos pontos… uma verdadeira vedeta.

O “Vila do Conde” construído em 1955, na Gafanha da Nazaré, no estaleiro de Benjamim Bolais Mónica, teve o bota-abaixo a 25 de Março do mesmo ano, construído para a firma Tavares, Mascarenhas, Neves & Vaz, Lda., com  sede em Ílhavo e no Porto.

Eu ofereci ao navio uma bonita escultura do São Jorge a cavalo, de espada em riste, a lutar contra o dragão, que viajou no navio, na Sala de Oficiais, entre 1956 e 1972, ano em que foi vendido.

A madrinha do “Vila do Conde” ofereceu-lhe uma bonita fotografia sua, de Domingos Alvão, emoldurada, que viajou no navio entre 1955 e 1973, ano em que se afundou.

Não houve grande quórum, mas houve muita conversa, troca de muitas memórias e de muitas fotos.

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Conversa junto à proa do “Faina Maior
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As madrinhas, já de cabelos embranquecidos
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Foto de pormenor…
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Ílhavo, 7 de Maio de 2022

Ana Maria Lopes

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