sexta-feira, 1 de maio de 2020

A explosão no arrastão Vasco d'Orey



O “Vasco d’Orey”, arrastão clássico, assim como o seu gémeo “Santa Maria Madalena” foram construídos para a Empresa de Pesca de Viana, pelos Estaleiros Navais da mesma cidade. A 1 de Maio de 1961, ocorreu a cerimónia da flutuação do primeiro, muito concorrida e animada. Fazem, hoje, 59 anos.

Foi seu primeiro comandante o ilhavense Capitão Manuel Machado dos Santos (Praia).
Deram um grande apoio, quer navio, capitão e tripulação, em 23 de Abril de 1971, ao naufrágio do arrastão de popa “Santa Isabel” propriedade da EPA, em situação trágica e prestes a voltar para Portugal.
A 10 de Abril de 1963, um grave acidente na casa dos caldeiros, quando os pescadores estavam a vestir as pesadas roupas para a manobra, – um dos caldeiros explodiu, deixando o compartimento com um ambiente demoníaco. Com queimaduras de vários graus, ficaram 10 tripulantes, que foram levados com eficácia para um hospital de St. John’s, apesar de se encontrarem a 30 horas de navegação.
Este episódio, já de si, grave, teria sido premonitório de um outro, neste caso, fatal – pensámos.
Comandado por António Fernando Paroleiro dos Santos, quando se encontrava atracado no porto de St. John’s a abastecer de combustível, em 29 de Setembro de 1977, aconteceu uma enorme explosão, seguida de violento incêndio.
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Atracado ao cais, ocorreu forte explosão…
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Infelizmente, nesta tragédia, perderam a vida cinco tripulantes: dois de Vila Praia de Âncora, um de Mira, um de Vagos e José Melo Vaz, de Ílhavo.
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Na referida situação…
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Embora tivesse sabido, só há pouco tempo tomei verdadeira consciência de tal desgraça, até porque também fora um período muito difícil da minha vida.
Interroguei-me. O Jornal da terra, como sempre, há-de ter noticiado tão terrível tragédia. Busquei o ano de 77, folheei e no de primeiro de Outubro deparei com esta notícia:
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Ilhavense morre na explosão de um navio bacalhoeiro
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À hora a que o nosso jornal entrava na máquina, soubemos que grave acidente com explosão seguida de incêndio ocorreu no arrastão “Vasco d’ Orey”, que, em St. John’s de abastecia de combustível.
(…). Do acidente resultou a morte de cinco tripulantes. Um dos que veio a sucumbir aos ferimentos, foi António José Melo Vaz, de 27 anos, casado, natural de Ílhavo e residente na rua Dr. Samuel Maia.
Deixou 4 filhos menores.
Mais um verso para Ílhavo heróico poema escrito com sangue no mar…
Quanto ao navio, ainda em chamas, foi rebocado para fora do porto, pelo “Rio Lima”, da mesma empresa, tendo sido encalhado em Spring Point à saída da barra de St. John’s, onde a força do mar o acabou por desmantelar.
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 Em Spring Point, ao sabor do mar…
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Ílhavo, 1º de Maio de 2020
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Fontes: A Pesca do Bacalhau, Tomo IV, “Arrastões” de J. D. Marques
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Ana Maria Lopes-


1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado Ana pela notícia sobre o fim do Navio Vasco D’Orey
Eu fui enfermeiro entre 1970 e 1975 a bordo deste navio. Sabia do acidente em 1963 e do salvamento em 1971 (do qual eu fiz parte).
Só soube do acidente de 1977 mas nunca soube dos pormenores.
Mais uma vez obrigado pela notícia e pelas fotografias (….).