quarta-feira, 25 de março de 2009

Abre hoje a Feira de Março



Isto é só para lembrar… Para mim, a Feira de Março, apesar da vetustez dos seus 575 anos, já foi, já era. Já deu o que tinha a dar.

Quando vinha de férias da Universidade, que agradável era ir até à Feira de Março! Era mesmo obrigatório experimentar as sensações dos divertimentos mais ousados, para a época – comboio-fantasma, cadeirinhas voadoras, poço da morte –, ir ao Circo, flanar, pavonear as toilettes já primaveris, almejar encontros agradáveis, “flirtar”, renovar as “bijouterias”, etc., etc.…. O ambiente favorecia a diversão!

Mas porquê no Marintimidades, estas intimidades? Apesar dos meus verdes anos, os barcos moliceiros já não me eram indiferentes. E daí ficou a chapa que bati em 25 de Março de 1961. Não há dúvida que já atraíam as minhas atenções. Eis a prova.

Inauguração da Feira de Março – 1961


A ria, inspiradora e calma, espelhava a paisagem!
Estava um bonito dia primaveril! O Rossio é sempre o Rossio! Alimenta-se da água que bebe!

Além do mais, era hábito os barcos moliceiros estarem presentes, por iniciativa dos arrais, movidos pela tradição, em razoável número, no Canal Central, para exibirem as suas elegantes formas e garridismo cromático. Com eles vinham, também, alguns mercantéis, mais pesadões, mas sempre pujantes senhores da laguna.

Acontece que o próprio concurso de painéis, a que ainda hoje não falto, integrado nas Festas da Ria, começou por ser uma iniciativa da Comissão Municipal de Turismo do Concelho de Aveiro, que instituiu um prémio pecuniário para o barco com melhores painéis, realizando-se, em princípio, a 25 de Março, na altura da tradicional Feira.

O primeiro concurso, no qual o 1º prémio foi atribuído ao Mestre Joaquim Raimundo, da Murtosa, teve lugar em 1954. O número de barcos concorrentes, nos primeiros concursos realizados, oscilava entre os 16 e os 25.

Mas a Feira de Março de 1964 excedeu todas as expectativas com a presença de sessenta embarcações!

Edição da Comissão Executiva – 1952



Com a Feira bem longe do Rossio, ao menos que a Festa da Ria prossiga, em cada Verão, desde que se mantenham, ainda, alguns barcos moliceiros apresentáveis.
Ler mais no DA. de hoje.


Fotografia – Arquivo pessoal da autora

Ílhavo, 25 de Março de 2009

Ana Maria Lopes

3 comentários:

Paulo Miguel Godinho Marques disse...

Sem dúvida, muito interessante. Parabéns pelo artigo. Tenho pena de não ter conhecido.
Beijinhos,
Miguel

Fernando Martins disse...

Minha cara amiga

É sempre agradável recordar vivências que nos marcaram. A Feira de Março, que em menino me encantou com os carrinhos de bois e com o Poço da Morte, ali no Largo do Rossio, ofereceu-me, um dia, as farturas, sabor que nunca mais esqueci... Ainda esta feira, se puder, hei-de provar uma, sem abusos, que a dieta não perdoa..
Obrigado por nos ajudar a voltar a tempos que não voltam.

Fernando Martins

João Reinaldo disse...

Para o Paulo Miguel,terá boas razões para ter pena de não ter conhecido, pois nada há hoje que se possa comparar à Feira de Março dos nossos tempos, e o Sr. Fernando Martins esqueceu-se do entusiasmo dos jogos, especialmente matraquilhos, das vezes que se não comia na cantina do Liceu para, com o dinheiro da refeição, poder jogar na hora de almoço; não se lembrou do pretinho de barro que lá comprávamos, diziam que dava sorte, e tantas outras coisas...
Só a Ana Maria para nos fazer regressar ao passado com os seus escritos.
Parabéns também pela galeota ...
JR