O
arquivo do Dr. Paulo Horta Carinha é um espólio, a todos os títulos, notável,
um baú sem fundo, que aprecio e comento sempre que me apraz.
Mas,
ontem, esta imagem de uma varanda enfeitada com uma dúzia de mirones, em contemplação da ria e da
azáfama piscatória, quiçá, seduziu-me. Apoderei-me dela, com ordem, – a varanda
da Pensão José das Hortas, na Costa
Nova, em 8 de Julho de 1936.
Varanda de ontem…
Ao
guardar a imagem no ficheiro em que a incorporei, não é que ficou não encostada
a esta outra, recente, com um grupo de amigos que se prepara com deleite para ver
passar a procissão da Nossa Senhora da Saúde, em 29 de Setembro de 2013? Outro
estilo, outras modas, outras roupagens, outras atitudes. Quase oito décadas as
separam.
Varanda de hoje…
Não
há dúvida, as pessoas passam, mas as cenas vão-se repetindo.
Sempre
foi esta uma das grandes atracções das varandas da Costa Nova – um voyeurismo franco e aberto relativamente
a tudo quanto passa e nos deslumbra, desde as serranias longínquas em declive,
a Senhora da Maluca estilhaçante num pôr-do-sol resplandecente, a beleza da ria
prenhe ou descarnada, a procissão da Senhora da Saúde, ou simplesmente, quem
passa a passear ou a mercar. Se valer a pena, nada como rapar do binóculo de
bordo do meu Avô…
Nada
mau. Um entretém em cheio, desde que o tempo ameno o permita.
Foi
assim com a minha Avó, com a minha Mãe, comigo! – Será que vai prosseguir?
Os
deuses adivinhá-lo-ão.
Quase
que dá para listar aqueles que por ali passaram e já não passam. Até que, algum dia, algum
passante venha a dar pela minha falta na minha varanda virada para a ria…
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Fotos cedidas por
PHC e por MEPC.
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Ílhavo,
24 de Maio de 2015
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Ana Maria Lopes
3 comentários:
Bem giro, Ana Maria!
Um verdadeiro regalo para os olhos e espírito!!!!
Caras amigas:
Obrigada a ambas. Beijinho.
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