Ainda o Bico…
Os
postais, que ultimamente têm surgido em alfarrabistas sobre a Costa Nova, não
trazem propriamente nada de novo, mas deixam-nos visualizar cenas que nunca
tínhamos presenciado antes, com tanto pormenor.
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Porventura,
um pouco a norte do Bico, com a
Senhora da Maluca, na banda de lá, como cenário, desenrolam-se várias cenas de
trabalho, que passamos a listar.
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Em
primeiro plano, pescadores descalços, de ceroulas atadas e de camisa lisa ou sarapintada,
de bonés ou barrete negro tradicional, de borla na ponta, sentam-se à
beira-ria, sobre uma rede da chincha
que, entretanto, com agulha de rede, cuidam e remendam. São notórios os pandulhos usados na tralha dos chumbos, em primeiro plano, e as pandas, flutuantes, na tralha
oposta.
A
sua bateira chinchorra, ancorada,
possivelmente com toldo enrolado, com varas e cabos, apetrechada, aguarda-os
para a faina lagunar.
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De
passagem, dois moliceiros, norteiros,
com tudo a que têm direito, embelezam e completam a cena.
Numa
bolina suave, auxiliada pela vara, homens-moliceiros aproveitam para, com
os ancinhos trilhados entre tamanca e forcada, «raparem os cabelos verdes da
ria».
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Um
autêntico quadro de Raul Brandão.
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Ílhavo,
16 de Março de 2015
-Ana Maria Lopes
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1 comentário:
Eis aqui, mais uma pérola etnográfica, das muitas com que a Drª Ana Maria não cessa de nos brindar.
Quanto à bateira, tão do agrado desde os meus olhares de menino, julgo saber que a Norte, foi aqui em Vila do Conde, que se estabeleceu uma espécie de fronteira geográfica, até onde esta tipologia de embarcação se expandiu.
Aproveitando o ensejo, gostava de saber se a Sul teria sido até Setúbal.
Cordiais saudações marinheiras,
Al bino Gomes
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