sábado, 18 de agosto de 2012

Costa Nova - uma praia poética

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Motivado pelo concurso da variante Praias das 7 Maravilhas de Portugal, categoria de Praias Urbanas, decidi tomar partido deliberado pela Costa Nova, por muitas razões, parte das quais estão expostas em seguida.



A Costa Nova é uma língua de areia com área aproximada de 200 hectares (cerca de 4 km de comprimento por 500 metros de largura média), banhada pelo Oceano Atlântico e pelo canal de Mira da ria de Aveiro. A sua história começa apenas há cerca de 200 anos, quando se abriu artificialmente a barra, a ligar a ria ao mar, uns quilómetros mais a norte.


A maioria das praias permite um melhor ou pior banho de mar, um bom repasto nos restaurantes ou marisqueiras que normalmente abundam e… pouco mais. Para além dessas possibilidades, a Costa Nova brinda-nos com cenários deslumbrantes, tanto do lado da ria como do mar, com aqueles palheiros igualmente sóbrios e garridos e o fervilhar constante das actividades lagunares.
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É-nos permitido um banho de mar revigorante, em águas frias e revoltas, dignas de lobos-do-mar, podemos velejar em moliceiros elegantes e verdadeiros, tradicionalmente apetrechados para navegação em ria aberta e ainda praticar muitos desportos, sobretudo aquáticos, dos quais se ressalva a vela desportiva, nas mais variadas classes.





A ria como horizonte

Todos estes temas permitiriam muitos artigos de blog, de jornal ou de televisão, mas, para já, atrevo-me apenas a tentar descrever um fim de tarde mágico, que ocorreu no passado dia 1 de Agosto.
Depois de um dia excelente, embora meteorologicamente incerto, com vento sudoeste que anunciava chuva, o fim de tarde aproximava-se cinzento. A certa altura, uma luz dourada começa a despontar no horizonte, daquelas que só alguém experiente e habituado consegue identificar.


Por isso, pelas 7 da tarde, tinha finalmente chegado a hora de ir à praia. Lá chegados, confirma-se… o sol está quase a aparecer por debaixo das nuvens que o vento sul tinha trazido.



O sol prepara-se para vencer as nuvens


Pensávamos que íamos ficar apenas uns vinte minutos, para tomar um banho curto e zarpar, pedalando rapidamente, de volta a casa.
Mas ao aparecer o nosso Sol, ao princípio tímido, depressa se percebe que o brilho que emana se entranha em todas as coisas que encontra pelo caminho e que tudo adquire um banho de luz dourada, que torna o cenário mágico um espectáculo imprevisível, mas com hora marcada.



Toda a natureza morta parece adquirir vida

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Como se não bastasse a luz, o mar também contribuía para o cenário, já que estava uma daquelas marés vazias e mansas, que estendia a área da praia para mais do dobro, com pequenas lagoas e ondas a circularem em todos os sentidos.


Uma praia dentro da praia

Quase parecia um laboratório de hidrodinâmica, daqueles que estudam os tsunamis que podem cruzar todos os oceanos em apenas algumas horas.
O mais curioso foi finalmente perceber a sorte que tivemos em poder disfrutar da melhor praia de Portugal, quase vazia de gente. Percebia-se bem que todos os que passeavam neste cenário se apercebiam dessa sorte.
Não era preciso ser grande fotógrafo para captar estes momentos, a não ser o sentido de oportunidade. Quase bastava apontar a máquina, qualquer que ela fosse, porque tudo o que era preciso lá estava a luz, a neblina, o oceano… Para onde quer que se apontasse a máquina, saía sempre uma boa fotografia.


Agora o moliço espraia-se mais nos paredões da praia atlântica do que na ria


Os versos surgem sem querer:


E logo surgem muitas coisas para fazer,
novos pontos de vista em bandeja dourada.
Temos que correr para os ver,
pois a nossa bola de fogo incandescente
não tarda a esconder-se a Ocidente,
antes de aparecer a Lua admirada.



A nossa bola de fogo prepara-se para se esconder



Por estas razões e muitas mais, votem bem, na categoria de praias urbanas, na Costa Nova, até 7 de Setembro próximo, em:



Claro que o momento permitiu fazer muitas outras fotografias interessantes. As melhores podem ser vistas no site:


Foi com grande prazer que «abri» o Marintimidades à colaboração do meu filho Paulo Miguel Godinho, dono de uma grande sensibilidade perante as «coisas do mar e da ria».


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Costa Nova, 18 de Agosto de 2012
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1 comentário:

João Reinaldo disse...

Apetece até citar aquele ditado vulgar... " filho de peixe ...!!! "