domingo, 27 de maio de 2012

Curiosidade lagunar...

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Nunca simpatizei com os domingos…
Hoje, de companhia, deu-nos para ir dar uma volta por atalhos entre esteiros. Maré em baixa…ria desventrada.


Desta vez, reparámos mais nos desmazelos que nos encantos.


Ao tentar localizar algumas das oito marinhas que, este ano, estarão em laboração, querem saber o que encontrámos?


Ele há cada uma…

Pela ria, no Canal Central, passeiam-se barcos moliceiros de bica cortada, pendurada, leme minúsculo, pindérico, suspenso e sem mastro.
Está bem… outros tempos…tempos de mudança. É para aguentar…
Numa marinha, de que nos abeirámos, enquanto a «água vai ganhando o grau» e o parcel amornando com a quentura da tarde, não é que deparámos com um mastro engalanado, sem embarcação, amoirado em terra batida, com vela a panejar?



Meus Deus, ao longe, têm um efeito de trompe l’oeil.

Não vá a marinha ir à vela!...
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Diria o aveirense F. Pessa – e esta, hein?...

Ílhavo, 27 de Maio de 2012

Ana Maria Lopes
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2 comentários:

Etelvina Almeida disse...

Efectivamente, um cenário surreal - engana o olhar que quem apressadamente ali passa, mas faz parar um olhar atento.
É algo intrigante, obriga a parar e observar.
Tentar entender!!!???

Abraço,
Etelvina Almeida

Paulo Miguel Godinho Marques disse...

Sim, entender! Na altura não percebi, mas agora mesmo se fez luz. Várias explicações são possíveis, mas apenas uma faz sentido! Como hei-de explicar? Inicialmente pensei que fosse apenas um cata-vento. Mas não podia ser, porque a vela estava caçada, não esvoaçava e, por isso, não mostrava qualquer direcção do vento. Depois pensei: seria uma grande visão do marnoto? Sim, um marnoto visionário, que percebeu que a sua marinha podia dar a volta à crise e ir de vento em popa? Mas depois vi melhor - não podia ser, porque a vela estava aproada, como que a dizer: aqui não chove nem faz sal, nem o vento dá sinal. Então é que percebi - tudo anda à deriva. Não é só Portugal, nem só a Europa, mas sim todo o nosso Mundo. Tal só poderia justificar-se naquela vela. Como estava virada a norte, de certeza que a proa está algures no Pólo Norte e que a popa está bem firme no Pólo Sul, com o seu grande leme negro decepado, sem tocar a água, tal como hoje em dia é vulgar assistir-se, ali nas redondezas. Ora, foi nesta altura que tive a oportunidade de dar a volta a todo este marasmo que nos rodeia, embora a imaginação tenha ficado aquém do pensamento. E era muito simples. Tenho a certeza que se me tivesse aproximado e folgado aquela escota, de mansinho, até sentir o vento norte, bonançoso, a puxar um largo vigoroso, hoje já estariamos noutro lugar, certamente mais fresco e arejado. Por isso rogo, a quaisquer de vós, que tenham a sorte de presenciar tamanha oportunidade, não a desperdicem. Basta saber apanhar o vento certo, para arrancar, para definir o rumo. E tudo logo começará a andar para a frente!