domingo, 6 de fevereiro de 2011

O último lugre-patacho com destino a...

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Ablativos da reedição do livro Faina Maior – A Pesca do Bacalhau nos Mares da Terra Nova, 2ª edição, de Francisco Marques e Ana Maria Lopes (a apresentar no próximo dia 19, sábado, pelas 16 horas, no Auditório do Museu Marítimo de Ílhavo).


Muito rendoso este processo, já usado desde o princípio do século pelos franceses, com dois homens em cada dóri, nunca foi aceite pelo pescador português, que sempre preferiu cada dóri um homem – “olha agora, eu que procuro, eu é que alo e apanho o peixe e estou a trabalhar para outro… não, não quero, quero ir à minha sorte”.
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Mas continuam a carregar-se navios à linha de mão e à zagaia.
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Aprestam-se os navios imobilizados por dificuldades financeiras, adquirem-se em 1935, na Irlanda, França, Itália e Dinamarca, três lugres de madeira, com motor, o primeiro navio de ferro com motor, e o rancho dos pescadores instalado no castelo de ré e um lugre-patacho de madeira só à vela.




Em 23 de Maio de 1971, este lugre-patacho, o Gazela Primeiro, sai o Tejo, pela última vez, com destino ao Maritime Philadelphia Museuum.

Foto do arquivo da autora

Ílhavo, 6 de Fevereiro de 2011

Ana Maria Lopes
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4 comentários:

Laurus nobilis disse...

Belo instante!

Anónimo disse...

Dra Ana Maria,

Fiquei um pouco baralhado ao ler este seu texto sobre o Gazela e fui ler o que tem em 2008, pois pareceu-me que não estavam de acordo... Quando lí, há muito tempo, o texto do MMI tambem pensei que faltava ali alguma coisa e fiquei com a ideia que o Gazela andou inicialmente noutra atividade, possivelmente a caça da baleia... Li mais algumas coisas e cada vez tenho mais consciente da dita caça... Tambem encontrei um patacho GASELLE antes de 1880, que teria velas redondas mas e só 2 mastros...
É estranho, infelizmente, que haja tantas duvidas sobre uma actividade moderna que só ocupou parte dos sec XIX e XX(falo da pesca á linha).
Custa-me tambem este modo de se referir/branquear a pesca do bacalhau na nossa cidade de Ilhavo, como se antes dela não houvesse mais nada... Como se tivesse nascido de estaca na Gafanha...

Antonio Angeja

Ana Maria Lopes disse...

Senhor Coronel:

Já uma vez falámos neste assunto: o da caça à baleia a que se dedicou o Gazela.
Suspeitava-se, pensava-se, com alguma razão, que assim foi. Tem razão. Mas agora há mais certezas.
Imagino que aprecie consultar o link que lhe indico: http://naviosenavegadores.blogspot.com/2011/02/gazella-gazelinha-ou-gazelao-4.html
São dados adquiridos, apenas, há cerca de quinze dias.
Quanto à época a estudar, relativa à pesca do bacalhau à linha, todos sabemos que não nasceu na Gafanha, mas cada um tem o direito de se dedicar às épocas de que mais gosta, de que se sente mais próximo e a que mais afectos o ligam.
O passado recente, passará a ser, alguma vez, passado distante.
Muitos cumprimentos.

Anónimo disse...

Dra Ana Maria,
Já li tudo o que disse e muito mais... e, até ler este seu texto, que se encontra por cima, sempre tive a ideia que o Gazela tinha uma historia longa... Tambem li o que disse noutra altura do seu blog e, por isso, admirei-me que tenha dito:
....adquirem-se em 1935, na Irlanda, França,... ... 3 lugres de madeira........ e um LUGRE-PATACHO DE MADEIRA SÓ À VELA.

Depois da figura diz:

Em 23 de Maio de 1971, este lugre-patacho; o GAZELA PRIMEIRO sai do Tejo.....

Foi simplesmente isso que achei estranho no que referiu.... Pode mesmo dizer que o segundo texto era só a legenda da figura.... mas levanta muitas duvidas....

Cumprimentos

Angeja