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Era domingo - no dia 5 de Julho de 1951, tal como hoje, (há 72 anos), a ponte de madeira das “Duas Águas”, que ligava o Forte à Barra, arriou, abrindo uma brecha de uns bons pares de metros, exactamente no momento em que passava uma camioneta de carga.
Milagrosamente, para lá do mergulho e afundanço da camioneta, não houve mais consequências nefastas, pois que os seus três tripulantes safaram-se a nado, depois de um grande susto.
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As forças vivas do concelho deveriam,
pois, actuar. Continuando a velha ponte a servir de passagem entre as duas
margens da ria, várias dezenas de pessoas teriam a sua vida em risco!
Diz que se ouviram lamentos: – Agora… mais um compasso de espera para o comércio da Costa-Nova e da Barra. Quem compensa?
A tragédia não atingiu maiores proporções, porque a camioneta de passageiros que seguia atrás, pôde ser travada a tempo. O condutor, com perícia, conseguiu recuá-la para terra firme.
Na imprensa da época, lia-se com
frequência “– Ponte interrompida para
obras, Ponte Farol /Barra sujeita a benefício…”
Lembro-me dessas agruras, a que os
mais novos achavam muita piada, mas os mais velhos nem tanto…
Uma camioneta de cada lado… e os
passageiros tinham de passar “a ponte a
pé” (expressão com que se brincava), com o tremelicar contínuo dos
barrotes, que, nas junções, deixavam a água corrente e profunda, à vista, lá em
baixo.
Durante esse interregno houve momentos, devido ao corte da ponte, em que nem esse tipo de travessia era possível!
Havia um plano para a construção de
uma ponte em cimento armado que tardava. Só ficou pronta no Verão de 1975, com
acessos ainda provisórios e em Março de
Então, o serviço da travessia entre a
Costa-Nova e a Gafanha da Encarnação era sobrecarregado, para o que não estava
preparado.
Estavam, à época, ao serviço da travessia duas lanchas da carreira, a “Rosa Branca” e a “Costa-Nova”, que não aprovaram por muitos anos. Recorreu-se, de novo, às pesadonas “barcas da passagem”.
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Como a afluência era muita, leu-se na
imprensa regional de então, a 1 de Agosto, que chegou a haver pequenos incidentes
na travessia, em dois domingos seguidos.
“ (…) Estava atracada à mota da Costa uma lancha da carreira. O povo foi
entrando e os barqueiros não notaram que um dos bordos da embarcação estava em
cima da mota. Quando se afastou aquela, como o povo era muito, a lancha inclinou-se
tanto que alguns passageiros e algumas bicicletas foram cuspidos à água.
Houve pânico, alarido, mas felizmente o acidente não resultou senão num banho forçado (…)”.
Mas, pasme-se: - notícia de 10 de Agosto de 1951 anunciou: “(…) A ponte das Duas Águas já dá passagem a carros ligeiros (…)”, apesar do travejamento continuar sempre a tremelicar.
Meu Deus! Parece que as obras eram
mais rápidas pelos anos cinquenta do que agora, pois,
actualmente, as obras nas estradas em Ílhavo, Aveiro, Gafanhas, ainda continuam
a perseguir-nos!... das quais não se imagina um fim à vista.
Nos meus sete anos, recordo-me da ocorrência, mas sem grandes pormenores. Foi um desaforo na Costa-Nova!
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Ílhavo, 05 de Julho de 2023
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Ana Maria Lopes
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