sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Marques da Silva expôs "modelos" na Universidade Sénior

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Ao dar uma mexedela em lume brando aos meus ficheiros fotográficos, encontrei um, que abri, intitulado “Modelos. Universidade Sénior”. Sabia e lembrava-me muito bem do que era.

Em Maio de 2011, já lá vão mais 11, o Amigo Capitão Marques da Silva, com a minha  colaboração, levou a efeito uma Exposição dos seus modelos de embarcações tradicionais, na Universidade Sénior da Gafanha da Nazaré, sobre os quais teceu algumas histórias, memórias e explicações.

Durante mais estes anos, "muita água passou por baixo das pontes" e Marques da Silva não parou de “maquetar”. Voltarei ao assunto.

Por agora, debrucemo-nos sobre estes, de que estou certa que ele vai apreciar. É um homem  de memórias, habilidade manual e muito saber.

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A jeitando “os seus meninos”

 

Aspecto parcial
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Outro aspecto…
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Mais um…
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Hei-de voltar aos grandes modelos deste nosso amigo.

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Ílhavo, 30 de Setembro de 2022

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Ana Maria Lopes
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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

No "Costa do Sal", pela Ria

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Num daqueles dias de Agosto, quentes, soalheiros, de águas serenas, brilhantes e calmas, um autêntico espelho de água, grandioso e belo, resolvemos fazer o anunciado passeio à Torreira, de ida e volta, no “Costa do Sal”. O aspecto exterior do navio, pesadão e inestético e a sua presença da ria, na Costa Nova, é algo que tem sido discutido, mas a decoração   interior prima pelo bom gosto. Mas o verdadeiro objectivo deste post, tanto pela descrição como pelas imagens, é chamar a atenção para o assombro e beleza da paisagem. Nada que eu não conhecesse, de diversas viagens à Torreira, de moliceiro. Mas, num plano superior, no segundo deck, o que é que a lonjura da nossa visão alcança? Aquela noção de que todos temos que a Costa Nova é uma língua de areia entre a ria e o mar, acentua-se. A altura quadruplica-nos a lonjura, sem fim.

A visão da Costa Nova é soberba e lindíssima. A ilha branca pejada de gaivotas e gaivinas encanta.  A passagem por baixo da ponte, mas tão pertinho dela, emociona. Parece que bate, mas não bate. O porto costeiro, na sua paleta colorida. Perto do Forte, a rota segue pelo lado do arrastão Santo André, contornando o Triângulo, de modo a rumar à Base aérea de S. Jacinto. E, por aí se vai seguindo, bem mais perto do céu e longe das águas cristalinas e espelhadas.

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Vista para o cais dos pescadores
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Moliceiro “São Salvador”
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Junto à ponte da Barra…
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Passando pelo Santo André
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Vista para a Meia-Laranja
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Frente à Praia Velha do Farol
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A paisagem deleita-nos…
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Frente ao Estaleiro-Museu. Torreira
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A melhor luz céu/ria
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Passando pela mata de S. Jacinto, pela Pousada da Ria, pela Praia do Monte Branco, pelo Estaleiro-Museu da Torreira, dá-se a volta em frente ao café do Guedes, na Torreira. De regresso, em percurso inverso, tudo parece ser mais belo, porque a calma acentua-se e a luz vai baixando e amarelece. A volta em frente ao Farol repete-se e nunca cansa.

De alma cheia, chegámos à Costa Nova pelas 8 h de uma tarde quente e amena.  Valeu a pena!!!!!!! Se a alma não é pequena.

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Ílhavo, 23 de Setembro de 2022.

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Ana Maria Lopes

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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Procissão da Nossa Senhora dos Navegantes - 2022

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Já há uns três anos que não me integrava na procissão lagunar em honra da Senhora dos Navegantes (durante dois anos, não houve), que sai da Gafanha da Nazaré, até à capelinha da Nossa Senhora dos Navegantes, no Oudinot, junto ao Forte da Barra.

Com mais embarcação ou menos embarcação, é sempre arrasadora, com a ondulação das águas, o brilho das mesmas, a quantidade de acompanhantes, sempre a procurarem a melhor perspectiva, sem abalroar o barco vizinho.

Sem tanta genica, mas ainda com vontade de acompanhar a procissão a bordo do moliceiro “São Salvador”, com a proa de bombordo, cuja decoração me é dedicada, lá fui, num domingo esplendoroso, quente, calmo, soalheiro e bem acompanhada. “Maria vai com as mais” …

Já não faço “clichés”, mas para dar uma ideia aos leitores do fulgor que é a procissão, “pesquei” foto aqui, foto acolá, esperando que me desculpem.

Depois de as divindades e acompanhantes terem entrado para bordo, no cais frente à Pascoal, abria a procissão um barco dos Pilotos, com a Nossa Senhora da Boa Viagem, a bordo.

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Nossa Senhora da Boa Viagem
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Nossa Senhora dos Navegantes
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Pormenor da traineira Mar Branco
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Nossa Senhora da Nazaré
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Na altura certa, a procissão deslocou-me de modo a passar frente a S. Jacinto, dando-se o encontro caloroso entre as duas divindades, Senhora das Areias e Senhora dos Navegantes, entre bênçãos, rezas, devoção e muitas pétalas de flores, lançadas á água – momento alto.

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Nossa Senhora das Areias
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Dando a volta pelo Triângulo, perante centenas de espectadores, dirigiram-se ao cais frente à Capelinha da Senhora dos Navegantes, para que saíssem participantes, ranchos folclóricos, entidades, filarmónicas e os andores.

Entretanto, já o “São Salvador” se posicionara, ancorado, para conseguir a melhor visão possível, entre o ruído do foguetório e das ovações. Algum mais encalorado aproveitou o dia soalheiro e quente, para dar um delicioso mergulho, em águas tépidas e transparentes.


Em fim de festa
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Ílhavo, 21 de Setembro de 2022

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Ana Maria Lopes

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sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Objectos com "memória"...

 

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Prometi à amiga Noémia Ribau, que registaria estes singelos, mas marcantes episódios. E cá vão:

O relato de “Tributo a Marítimos de Ílhavo” mais marcante e pungente é, sem sombra de dúvidas, o de seu Pai, José Duarte de Oliveira (Zé Pinto), que “partiu”, sem retorno, para o fundo do mar florido, num dia de Agosto de 1952, há 70 anos. Relato que Bernardo Santareno escrevera, num sonho que só podia ser premonitório, em “Mares do Fim do Mundo”.

Emocionada, Noémia esteve presente no lançamento do livro e fez questão de doar ao MMI, uma manta de lã, avermelhada e cinza, que cobrira o Zé Pinto, no seu beliche, na última noite que lá dormiu.

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Num gesto simbólico e simpático, levou um ramo de 38 cravos vermelhos, que distribuiu, aleatoriamente, por algumas das pessoas presentes, evocando os 38 anos que o Pai tinha, quando nos deixou, para ficar sepultado nas águas gélidas do Oceano.

E assim se vai fazendo história…

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Ílhavo, 16 de Setembro de 2022

Ana Maria Lopes

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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Apresentação de "Tributo a Marítimos de Ílhavo"

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Para mais tarde recordar…

Depois da apresentação no auditório, no dia 7 de Agosto, na sessão do 85º aniversário do Museu, de “Tributo a Marítimos de Ílhavo”, seguiu-se a sessão de autógrafos.

Foi um sacrifício e um prazer… Sacrifício, porque já não tenho muita paciência para escrevinhar tantas dedicatórias e prazer, porque as pessoas, afectuosamente, familiares dos biografados e não só, estiveram, em massa, para obter a sua dedicatória.

Bateu-se um record de vendas, em dia de apresentação – informaram-me.

Algumas imagens:

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Reconhecimento e afecto...- 

Ílhavo, 14 de Setembro de 2022

Ana Maria Lopes

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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Tributo a Marítimos de Ílhavo

 

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Prefácio

O livro Tributo a Marítimos de Ílhavo de Ana Maria Lopes surge-nos passados exatamente cinco anos sobre a edição de Tributo a Capitães de Ílhavo, igualmente no âmbito dum aniversário do Museu Marítimo de Ílhavo, também em data redonda, pelo seu 85º aniversário.

O carinho e interesse com que foi acolhida a edição de 2017 deixou a sensação de que mais cedo ou mais tarde um novo Tributo viria a público. Não que houvesse o propósito ou a vontade de ser totalizante nas biografias a realizar, mas porque o instinto de pesquisa e gosto pela partilha que a autora sempre nos habituou o fazia prever. Os tempos pandémicos desaceleraram o seu trabalho de procura dedicada e sagaz, assim como inibiram a proximidade necessária com os descendentes dos biografados na pesquisa de registos documentais, fotográficos ou memórias familiares. Deu-se o feliz acaso de concluir a última biografia a tempo de assinalar o 85ª aniversário do museu.

Este Tributo a Marítimos de Ílhavo não é meramente uma continuação do primeiro livro, em que as histórias de vida e de família se misturam com a memória da pesca do bacalhau e da comunidade ilhavense. Se o formato biográfico, bem documentado com inúmeras fotografias inéditas, e o estilo memorial, alicerçado em factos históricos, nos levam a crer que sim, o conteúdo atribui-lhe outra dimensão.
Ao biografar outras categorias socioprofissionais da pesca do bacalhau, Ana Maria Lopes contribuiu para a pluralização das memórias da pesca do bacalhau. Às biografias de dezoito saudosos Capitães juntou-lhes mais doze biografias de Motoristas, 1ª Linhas, Cozinheiros, Maquinistas e Contramestres, trinta homens de vocação marítima que contribuíram para a história da pesca do bacalhau e para afirmação da comunidade, caracterizando Ílhavo como terra de Capitães, mas sobretudo como terra de gentes do mar.

Este Tributo a Marítimos de Ílhavo vem enfatizar a noção de que a pesca do bacalhau foi e é feita de pessoas e que conhecê-las e dar-lhes voz é a melhor forma de contribuir para o conhecimento desta atividade de contornos épicos.

O Portal Homens e Navios do Bacalhau é a expressão máxima deste desígnio, onde se quer que todos estejam representados, relacionados e valorizados na sua individualidade, procurando que as memórias pessoais contribuam para a história comum. O portal não é um mero repositório de dados históricos ou socioprofissionais. O portal é a ferramenta ideal para que o tipo de trabalho que Ana Maria Lopes aqui nos apresenta, sobre um lote circunscrito de homens, ganhe outra forma e dimensão. Nele podem ser inseridas biografias, memórias de família, registos documentais e fotográficos. No fundo, o grande tributo dos que andaram ao bacalhau.

Por fim, felicito a Dra. Ana Maria Lopes, por mais esta empreitada, que amavelmente me convidou para escrever o prefácio, e de ter confiado ao Museu Marítimo de Ílhavo a edição deste livro e a possibilidade de continuar a contribuir para um conhecimento mais profundo sobre a história e a memória da pesca do bacalhau. Agradeço-lhe os projetos que valorizaram e ajudaram a divulgar as culturas marítimas e sobretudo o empenho e carinho que tem pelo nosso Museu.

 

Nuno Miguel Costa

Coordenador da Direção do Museu Marítimo de Ílhavo

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segunda-feira, 5 de setembro de 2022

AMI enriqueceu espólio pictórico do MMI

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Este ano, no 85º aniversário do MMI, o que lhe reservámos como presente? Um achado…uma pérola… que vem enriquecer o espólio museal.

Em Julho passado, foi a leilão no Palácio do Correio Velho, um óleo sobre tela intitulado Marinha, de média dimensão, 50 x 104 cm, assinado por T. de Mello Jr., datado de 1899. Consideramos ter feito uma valiosa, mas boa compra para o Museu, que vai ser inserida na sua colecção pictórica.

Marinha pode designar muita coisa, mas, neste caso, representa e significa várias bateiras ílhavas, na praia, muito provavelmente, para as bandas de Cascais, com muitos pescadores ílhavos, também na areia, às voltas com a sua pesadona arte, a tarrafa. As «nossas tão faladas ílhavas», de uma beleza, elegância e cromatismo extraordinários. Belíssimas! Depois de umas peripécias leiloeiras habituais, o belo e movimentado óleo sobre tela, era pertença do MMI, pelas «mãos» da AMI.

Ao vê-lo ao vivo, os olhos caíram-me nele e dele não se queriam distanciar. Todo o conjunto – óleo e moldura – era trespassado por uma patine encantadora, que o tempo confere aos documentos antigos.

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T. de Mello Jr., pintor (1845-1924), foi discípulo de Miguel Ângelo Lupi e da Escola das Belas Artes de Lisboa. Tendo figurado em diversas exposições do Grémio Artístico e da Sociedade Nacional das Belas-Artes, tornou-se um excelente marinhista e paisagista, conhecido pelos românticos aspectos de Sintra.

Costa Nova, 5 de Setembro de 2022

Ana Maria Lopes

domingo, 4 de setembro de 2022

A ida à romaria do S. Paio da Torreira, em 2010

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Esta ida à romaria do S. Paio…ficou-me gravada a cinzel, na memória.

Tinha direito a alvorada!!!!!! Tripulação (Pedro Paião, Miguel Matias e Toninho Martins Pereira) e passageiros (dois amigos do Miguel Matias, a Etelvina, o meu filho Miguel e eu) presentes no pontão do CVCN, perto das nove, com saída às 9 h e meia.

Com a Ria completamente espelhada, a paisagem, sempre atraente, ia ficando para trás: a Costa Nova, a Ilha Branca, as gaivotas esgravatando as coroas, o arrastão Santo André, o Jardim Oudinot renovado, o Farol, o Forte desmazelado, a saída da Barra, definida pelo Triângulo, S. Jacinto. Os estaleiros desactivados e degradados, para quem já lá conheceu eventos brilhantes e dignos de registo, chocam. Mas, daí para diante, a marginal entre S. Jacinto e Ovar, verdejante, é sempre deliciosa: pescadores de recreio viciados, entretidos, a Casa-Abrigo de S. Jacinto, onde se faziam tantos piqueniques, trapiches toscos e palafíticos serviam de cais a pequenas lanchas de recreio, a Pousada da Ria convidativa, o pseudo-estaleiro do Monte Branco…, já na Torreira.

 

A nossa Ria, única, ainda vai sendo, a certas horas e em certos momentos, a ria de Raul Brandão…que largueza, que liberdade, que beleza!!!

 

Uma ligeira névoa semi-cerrada envolvia o horizonte. Céu de um cerúleo azulado, polvilhado de nuvens rarefactas; a linha do horizonte contínua e certa, bem delineada sobre a superfície lagunar espelhada e brilhante, reflectindo o sol que, envergonhadamente espreitava por entre as nuvens.

 

Íamo-nos aproximando do nosso primeiro objectivo – a presença do moliceiro no Concurso de painéis, na esperança de uma boa classificação!

Na Torreira, é mesmo um desfile à vara, diante da multidão de fotógrafos e de um júri formado por elementos escolhidos pela CMM.

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Orgulhoso, o Zé Rito desfilava…
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O tempo que mediou entre o desfile e a regata foi bem aproveitado com uma ida até ao mar.

Não podia faltar, no regresso, uma visita ao S. Paio, na igreja, não fosse o «menino santificado» sentir-se desconsiderado versus a Senhora da Saúde!

 

E toca de arranjar um bom lugar, à sombra, frente à ria, para garantir uma favorável observação do espectáculo colorido e movimentado que é a Regata de moliceiros.

A afluência de barcos é que vai diminuindo, o que é uma pena. Moliceiros vernáculos só nove, quatro ou cinco meios barcos, como lhes chamam e outras embarcações animavam a ria.

 

Suave brisa não ia prometer uma competição aguerrida! Mas há sempre o empenho e a luta pelos melhores lugares.

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Preparativos, ensaios e afinações…
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Foi dado o sinal de partida com um estrondoso foguete que até me fez estremecer e acordar da sonolência que me tomava.

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Autênticos cisnes brancos…após o sinal da partida
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No cais, a multidão assistia, procurando a sombra das palmeiras marginais, que o sol estorricava.

Finda a regata, os barcos regressavam e nós voltávamos ao nosso meio de transporte aquático, com promessa de viagem à vela...pelas 5 e meia da tarde.

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Após a regata…
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Que desejo de saborear os prazeres da vela, em moliceiro!

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O "Inobador" esperava-nos
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Ligado o motor para as manobras de largada, depressa foi retirado e, então, o silêncio da ria depois do ruído da festa! Que enlevo, que doçura, que calma interior! Já não é fácil ouvir só a ria e o chap-chap da ondulação contra o costado da embarcação.

E tivemos esse privilégio!

E ainda mais! A tripulação deu-me o prazer de fazer o gostinho ao dedo e ao pé, e timonar o “Inobador” por um bocado, rumo ao arco maior da ponte, de regresso à Costa Nova.


Dispensa legenda…

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Chegámos cansados, mas felizes, suados, salgados, mas satisfeitos.

Valeu a pena! Há que aproveitar a ria e o convívio!

O nosso sincero agradecimento ao Pedro Paião e ao Miguel Matias.

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Fotografias – Paulo Miguel Godinho

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Costa Nova, 4 de Setembro de 2022

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Ana Maria Lopes

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