quinta-feira, 22 de março de 2012

Moliceiros – A Memória da Ria - 4

-
E que tal, lembrar hoje a faina do moliço, já extinta?
Proporcionava imagens como esta.



Carregal. Ovar. 1986


E o bota-abaixo do moliceiro? Está próximo, é já no dia 24.



Sob a vigilância do Mestre, a caminho da Ria…

Para ele, estão todos convidados.



Ílhavo, 22 de Março de 2012

Ana Maria Lopes
-

segunda-feira, 19 de março de 2012

Moliceiros - A Memória da Ria - 3

-
E que tal, lembrar, hoje, um pouco, a decoração do moliceiro?

-
É um barco garrido, polícromo, desconcertante e único. Quase de uma beleza comovente.

-
Barcos há ao longo do nosso litoral que ostentam ou por embelezamento ou superstição (invocação ou magia) alguns signos pictóricos interessantes: pinturas de olhos, cruzes, signos-saimões, emblemas, pequenas figuras masculinas e femininas, etc.

-
Mas os moliceiros com as suas quatro iluminuras de uma diversificação estonteante fizeram da nossa Ria uma galeria de arte fluida, em que todos estes elementos estéticos foram mergulhando.
Onde está ela?
-
É destes barcos magníficos, os moliceiros, que este livro se ocupa.


-
Com o andar dos tempos em que apenas se insinuavam, algumas brejeirices, que flutuaram na nossa laguna, foram-se apimentando, às escâncaras.
-
Vejamos e levantemos o véu, sorrindo.














Fotos do Arquivo da autora

-
Ílhavo, 19. 3. 2012

-
Ana Maria Lopes
-

Ainda sobre as colheres do Titanic...

-
Mais um video que pesquei:

http://noticias.sapo.pt/videos/atualidade_1478/4f671974ac16ab132b0003d3/
-

Familias de Ilhavo guardam pratas de Titanic

-
Familias de Ilhavo guardam pratas de Titanic
-

quarta-feira, 14 de março de 2012

Moliceiros - A Memória da Ria - 2

-

Na contagem decrescente em que entrámos, hoje foi um grande dia.
-
Folheámos, apreciámos, saboreámos o livro, pela primeira vez, numa ânsia muito apetecida. Na ausência de palavras, vivemos e revimos momentos, com emoção.
-
E em jeito de tributo, uma lembrança para dois dos grandes mestres da Ria, já desaparecidos, onde acompanhámos a construção de dois destes belos barcos. Com paciência e saber foram-nos explicando todos os detalhes e segredos do princípio ao fim, em meados da década de oitenta.

-
Ambos pardilhoenses, provindos de gerações de construtores navais lagunares, exibiam as suas obras de arte, em galpões escuros e exíguos, a caminho da Ribeira da Aldeia, que palmilhámos com entusiasmo.

-
A saber, Mestre Agostinho Tavares (1922-1996), com quem convivemos dias inteiros, em semanas a fio, e Mestre Henrique Ferreira da Costa (1930-2011), mais conhecido pelo Ti Lavoura.



A obra nasce do pau de pontos…

 

O Ti Lavoura e o proprietário ultimam a proa…



O princípio e o fim…

 
À semelhança da alma que os barcos têm, escritos e imagens como estas também a têm, pois transmitem-nos o saber de gerações.

Ílhavo, 14 de Março de 2012

Ana Maria Lopes
-

segunda-feira, 12 de março de 2012

Moliceiros - A Memória da Ria - 1

-
Entrámos em contagem decrescente.
-
Aproxima-se a grande data, para nós, é evidente, e para os que anseiam rever este livro (editado em 1997), há muito esgotado, agora de «cara» lavada, refrescado e actualizado, nos escaparates das livrarias. E devemo-lo à Âncora Editora.
-
Como nunca abandonámos a faina moliceira, agora sem moliço, continuando a participar nas festividades, nas raras construções, em algumas reconstruções e decorações, anotando legendas, fotografando painéis, voltei sistematicamente a revisitar, em 2010, todos os recantos lagunares por onde deambulara com o meu filho, na década de oitenta do século passado, actualizando todos os dados possíveis, em frequentes e longas notas de rodapé.
-
Consideramos este livro um panegírico do barco moliceiro, enquanto barco de trabalho e religiosamente festivaleiro. Um livro de referência, que marcou e continuará a marcar uma época.
-
Alongámos substancialmente o capítulo Legendas dos Moliceiros, coligindo-as até à actualidade, bem como o tratamento linguístico das mesmas e a bibliografia, posteriormente publicada.
-
Também os dados relativos ao Moliceiro e Festividades locais foram actualizados.
-
A questão do turismo relativa aos barcos moliceiros, aquando da publicação da 1ª edição era tão incipiente que não preocupante. O mesmo não diremos agora.
-
Obrigámo-nos a acrescentar um novo capítulo O Turismo e o barco moliceiro, não podendo ignorar o espectáculo que se vai desenrolando sob o nosso olhar, no espaço lagunar que nos envolve. Assunto polémico, porventura, terá alguma vez solução a contento de todos?


Com Prefácio de Senos da Fonseca, novidade, relativamente à edição anterior, aí está a tão ansiada reconstrução da embarcação, sem alterar o cerne da primeira.
-
E preparemo-nos, pois,  para ouvir o Amigo Arquitecto José António Paradela, a apresentar Moliceiros – A Memória da Ria, com fotografia de Paulo Godinho, em sessão pública, no próximo dia 24, sábado, no Auditório do Museu Marítimo de Ílhavo, pelas 16 horas.

Esperamos pelos amigos e amantes do tema, dada a sua actualidade.
-
---
CAPA



Ílhavo, 12 de Março de 2012
-
Ana Maria Lopes
-

domingo, 4 de março de 2012

Terceira Exposição sobre o Titanic - a grande revelação - 4

-
E uma terceira exposição a não perder fora, entretanto, anunciada, no espaço Rossio, em Lisboa, – Titanic The artifact exhibition, em Julho de 2009.
A terceira exposição sobre o Titanic que visitei e a emoção já não foi a mesma, mas, lá, tive oportunidade de apreciar muito mais peças do que em 1994, porque as expedições ao local do naufrágio, para estudos e recolha de peças, foram-se sucedendo.

E aprende-se sempre mais. A meu ver, a exposição estava dignamente montada, de uma forma séria e criteriosa.

Resumia, um pouco, a história do navio desde o nascimento da lenda da construção (1907), do design naval rigoroso, criado em 1908, do início da construção em Março de 1909, do dia do lançamento à água, em 31 de Maio de 1911, do seu acabamento até Março de 1912, da viagem inaugural com partida de Southampton, em 10 de Abril de 1912, até ao desfecho dramático do Iceberg à vista!, pelas 23 horas e 40 minutos de 14 de Abril de 1912.

A RMS Titanic tem-se empenhado em reunir, preservar e restaurar o máximo possível de objectos.
A história já foi contada e recontada, mas nunca de uma forma tão intensa e apaixonante como o fizeram os artefactos diversos apresentados nesta mostra.

Os objectos estavam lá, na hora, pertenceram ao navio e às pessoas que navegaram nele. Não pretendiam afastar a dor da perda dos passageiros, mas demonstravam a importância de recordar e celebrar todos aqueles cujas vidas desapareceram com o naufrágio.

O achamento do Titanic contou com a colaboração de cientistas, aquanautas, historiadores, arqueólogos, engenheiros marítimos, arquitectos navais e conservadores de todo o mundo.
Antes da recuperação dos artefactos do Titanic, não havia uma especialização na conservação de materiais, retirados de uma profundidade de 3800 metros e sujeitos a uma pressão colossal!
Cada objecto exige um tratamento especial e a enorme variedade de materiais impõe a intervenção de especialistas não só em papel, mas também em têxteis, madeiras, metais, cerâmica, couro, etc.
Infelizmente, não existem técnicas de preservação do próprio navio, que está lentamente a ser consumido por micróbios que comem ferro. Parece impossível como a opulência do Titanic alimenta a sofreguidão de micróbios exíguos…
Então, o que mais me impressionou?
O ambiente lúgubre e escuro criado, a meu ver, apropriado à ambiência que pretendia retratar.
Os painéis expositivos eram apresentados continuamente, em andares diversos, separados por escadas metálicas, que simulavam o interior de um navio. Bancos de convés, criteriosamente colocados, permitiam o descanso dos visitantes e a observação rigorosa das peças.

O ruído de fundo imitava o barulho surdo das caldeiras a vapor, que, pela força da rotina, se deixava de ouvir!
Sempre que possível, um apontamento referente aos passageiros, donos das peças em exibição:
 - objectos íntimos, desde óculos, lorignons, lâminas e pincéis da barba, botões de punho, alfinetes de senhora e outras jóias mais requintadas;
 - peças de vestuário, desde meias, papillons, um casaco de empregado de mesa, uma cartola de tecido acetinado;
 - peças do próprio navio, como ornamentos luminosos, um querubim de bronze, suportes metálicos de bancos de convés, candeeiros em pêndulo, sinos que deram o alarme do acidente, telégrafo da casa das máquinas, telefones com altifalantes, megafone com  que o Capitão Smith terá dado a última ordem para abandonarem o navio, coletes salva-vidas, manivelas de turco, etc…
 - entre os objectos de cozinhas e diversas salas de jantar, conforme as classes, podiam apreciar-se grandes caçarolas e panelas, peças de louça e as tais “pratarias” decorativas funcionais, que englobavam os serviços de faqueiros.

 Ainda nos foi dado observar garrafas de champagne, néctar da melhor qualidade, garrafas de cerveja e botijas de cerâmica.
Se citasse tudo, a enumeração seria infindável.

E o mito das “ditas colheres do Titanic” que, por Ílhavo existem, continuava.
Exactamente iguais às que conhecia, apenas com a estrela relevada da WSL, no cabo, só nessa altura me foi dado observar. Os sóbrios talheres ilhavenses, de prata, teriam sido mesmo do Titanic! Prova das provas! Que emoção!


In Catálogo

Ao natural…
-
A partir do momento em que na Costa Nova, este verão de 2011, tive o prazer de conhecer, através do Zé Paulo Vieira da Silva, Christopher Davino, membro de topo da RMS Titanic, organizador desta Exposição e autor do Catálogo, tudo, para mim, ganhou uma nova dimensão.


Christopher Davino e AML
-
Além das colheres de sopa, também se expunham de doce, garfos de servir, de dentes tremidos, e concha de sopa, em plaqué, com o mesmo motivo.

Foto da Net, com alguns talheres em exibição

A recriação da cena do iceberg, que pretendia ser uma das mais fortes, nem sempre me pareceu bem conseguida. No entanto, ao tocar a algidez da falsa parede gelada, percebemos quão frias estavam as águas do Atlântico Norte, na fatídica noite do afundamento, provocando muitas mortes por hipotermia, além do pânico e do afogamento.
-
O que se seguirá?
Uma exposição em Ílhavo? Nunca se sabe…Pelo menos a esperança de ver o documentário, que apenas contemplou Ílhavo, em Portugal, Suíça, França, Reino Unido e Estados Unidos. Será exibido em França, no dia 30 deste mês e, em Portugal, nos primeiros dias de Abril, na TV 5.
-
Imagens – Arquivo pessoal da autora
-
Ílhavo, 4 de Março de 2012
-
Ana Maria Lopes
-