sexta-feira, 27 de março de 2020

Bota-abaixo do "Avé Maria"


Revendo uma foto e evocando o que ela mostra – na maré de gente que eram os autógrafos dos livros, alguém, que não recordo, ofereceu-me esta foto, com carinho, identificada e datada. Óptimo! Guardei-a e só hoje, em arrumações e escolhas de pastas, gavetas e baús, me veio à mão.
Digitalizei-a, usei-a. Alguém, além de mim, gostará de a ver. Em dia de bota-abaixo do navio-motor “Avé Maria”, em 14 de Fevereiro de 1957, construído na Gafanha da Nazaré por Benjamim Mónica, para a Empresa de Pesca de Lavadores, Lda., os habituais festejos por um novo navio que beija pela primeira vez, as águas da ria.
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Sempre emocionante… e nunca mais visto!
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Então e a foto que me ofereceram? É o preâmbulo da anterior: – Com o navio por fundo, detrás de telhados, de costas, o almirante Américo Tomás, então Ministro da Marinha, é cumprimentado pelo armador do navio, Cap. Ferreira da Silva.  À direita, em primeiro plano, Adelino Ferreira Sardo, motorista e irmão do armador e, à sua direita, a menina Maria Júlia de Oliveira Madaíl, sobrinha de um dos sócios da Empresa, e madrinha do navio, conhecida por Juju Madaíl.  Conheci-a nos tempos do Liceu, sabia onde ela morava, em Aveiro, mas nunca, nunca mais a vi. Recordei-a, hoje, neste esclarecedor cliché.
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Bota-abaixo “Avé Maria”, 1957
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Ílhavo, 27 de Março de 2020
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Ana Maria Lopes-


quarta-feira, 25 de março de 2020

Abria hoje a Feira de Março..., mas os tempos são de calamidade


Isto é só para lembrar… Para mim, a Feira de Março, apesar da vetustez dos seus quase 600 anos, já foi, já era. Neste ano maldito de 2020, pelos motivos que todos sabemos, até faz falta…

Para aí, há sessenta anos, quando vinha de férias da Universidade de Coimbra, que agradável era ir até à Feira de Março! Era mesmo obrigatório experimentar as sensações dos divertimentos mais ousados, para a época – comboio-fantasma, cadeirinhas voadoras, poço da morte –, ir ao Circo, flanar, pavonear as toilettes já primaveris, almejar encontros agradáveis, flirtar, renovar as bijouterias, etc., etc.….
O ambiente favorecia a diversão!

Mas porquê no “Marintimidades”, estas intimidades? Apesar dos meus verdes anos, os barcos moliceiros já não me eram indiferentes. E daí ficou a chapa que bati em 25 de Março de 1961. Não há dúvida que já atraíam as minhas atenções. Eis a prova.
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Inauguração da Feira de Março – 1961
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A ria, inspiradora e calma, espelhava a paisagem!
Estava um bonito dia primaveril! O Rossio é, era, (será?) sempre o Rossio! Alimentava-se da água que bebia! ….

Além do mais, era hábito os barcos moliceiros estarem presentes, por iniciativa dos arrais, movidos pela tradição, em razoável número, no Canal Central, para exibirem as suas elegantes formas e garridismo cromático. Com eles vinham, também, alguns mercantéis, mais pesadões, mas sempre pujantes senhores da Ria.

Esta imagem deixa-me alguma saudade. Apesar de continuar a apreciar a beleza do Canal Central, algo mudou e, se calhar, não foi para melhor. Opiniões!...
Já agora, recordemos o postal que a Comissão Executiva da Feira de Março editou em 1952.
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Em 1952…postal editado pela Comissão Executiva
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Ílhavo, 25 de Março de 2020
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Ana Maria Lopes-

terça-feira, 17 de março de 2020

"Apelos do Passado" apresentado no Museu Marítimo de Ílhavo



A obra “Apelos do Passado” de Valdemar Aveiro foi apresentada no Museu Marítimo de Ílhavo, no passado dia 6, perante uma assistência significativa, que “diz muito” ao autor. Coube a Álvaro Garrido, antigo director e consultor da unidade museológica ilhavense e novo director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, apresentar a obra.
Este, que é o sétimo livro do autor, tem cerca de cerca de 100 páginas, com breve glossário, dado ao prelo pela Âncora Editora.
É uma obra, sobretudo autobiográfica, que se baseia em factos vividos de uma forma aleatória, quer nas ondas do mar quer em terra lhana, entrecortados por sonos, sonhos e deambulações diversas.
Nascido em Ílhavo, homem de 85 anos, gosta de viver de pé, colaborando ainda hoje com a administração da Empresa de Pescas de S. Jacinto, despois da convalescença de uma grave doença vivida após a sua última viagem em 1988, como capitão “do seu navio” – o arrastão Coimbra.
Tendo conhecido o sabor salgado do mar, apenas com 16 anos como moço de lugre-motor Viriato em 1951, subiu na vida a pulso e depois do Curso de Oficial da Marinha Mercante, na Escola Náutica, em Lisboa, comandou homens e arrastões, confessando com orgulho, que apenas serviu duas empresas, a Empresa de Pesca de Aveiro (EPA) e a Empresa de Pescas de São Jacinto, tecendo os maiores elogios aos seus armadores, respectivamente, Sr. Egas Salgueiro e Dr. Domingos Vaz Pais, já “ausentes”, mas que nunca esquecerá.
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É um livro forte, em que o autor evoca a sua vida de marinheiro entre vagas alterosas, tempestades, growlers e icebergs, de que sente saudades e lembra a doçura de uma criança acabada de nascer, ao compará-la com os novos tempos, que não sabemos para onde nos catapultam. É um livro amargurado, com um tom desencantado do mundo em que vivemos.
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Foto de Etelvina Almeida
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Ílhavo, 17 de Março de 2020
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Ana Maria Lopes-

domingo, 8 de março de 2020

Documentário do "São Ruy", na campanha de 1952

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Anteontem, antes da apresentação do mais recente livro de Valdemar Aveiro, no auditório do MMI, foi servido um belo aperitivo – documentário da campanha de 1952, no navio-motor “São Ruy”, da praça de Viana do Castelo.
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O navio-motor “São Ruy”
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“A Campanha do São Ruy – 1952”, atendendo ao facto do Capitão João Araújo não ser um profissional, deixou-nos, para memória futura, um excelente documentário – a precisão das cenas, a sua sucessão.  os timings certos fazem dele um filme excepcional para se apreciar o processo de registo de uma viagem redonda: o abastecimento de sal, a cerimónia da Bênção no majestoso Tejo, a saída da barra, a vizinhança de outros navios, a vida a bordo, a pesca, o processamento do peixe, a salga, a ida a terra para abastecimento, o reencontro de capitães amigos e o regresso. Por acaso ou não, tem uma forte intenção pedagógica, para seja apreciado por escolas, por jovens descendentes ou não, de quem viveu essa vida.
O texto escrito pela pena de João David Batel Marques para o comentador do filme, é excelente, com um narrador presente, de primeira pessoa, visto que foi posto na boca de quem o filmou – o imediato vianense, João Araújo.
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Imediato João Araújo
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Do trio da oficialidade faziam parte o Capitão José Bilelo e o piloto, carinhosamente conhecido por Chico Leite, ambos de Ílhavo.
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Ílhavo, 8 de Março de 2020
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Ana Maria Lopes-