quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A vinte e seis anos da exposição Faina Maior (1992)


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Para que não vá ficando no esquecimento, apesar de sempre presente, faz, exactamente, 26 anos, hoje, que se inaugurou a exposição Faina Maior – Pesca do bacalhau à linha, no nosso Museu, pelas 17 horas.

Com muita ansiedade, pompa e circunstância, o auditório, para um documentário prévio, encheu. O Museu encheu. Ílhavo estava ansioso por «entrar» na Faina Maior, exposição preparada há dois anos, com muito amor, dedicação, carinho, enlevo e trabalho, ao longo do litoral, nos secadouros ainda existentes, bem como em trabalho de gabinete e de experiência feito. Isso fez do MMI, o museu com o maior acervo de peças relativas à pesca do bacalhau, do país, e não só.

O prazo aproximava-se e dizia-me o Francisco Marques – Já temos cozinha, já temos leme, já podemos navegar – enquanto eu não me não me convencia muito, pois estávamos a uns escassos dias da inauguração e muitos pormenores havia para ultimar. Na derradeira noite, o museu não fechou – os mais noctívagos saíam, enquanto os mais madrugadores já chegavam.

A exposição constava dos seguintes sectores, documentados por folhas de sala escritas para o efeito: - o dóri, incluindo uma colecção de agulhas de marear e de zagaias, a escala, a salga, o convés, o convés da popa, incluindo uma colecção de formas de zagaia, a cozinha de bordo, o beliche e rancho, a câmara dos oficiais, incluindo as louças de bordo e farmácia, terminando com a secção de «ex-votos». Ocupava todo o rés-do-chão desmontado para o efeito, do edifício anterior ao actual.

Rememorando algumas imagens da grande exposição, que tantos frutos gerou, e, ainda hoje, é «o prato forte» do percurso expositivo do MMI. Há vinte e seis anos.
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O saudoso amigo Gaspar Albino e eu
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Capitães Francisco Marques e Fernando Mendes, entusiastas…
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Dóri aparelhado e colecções afins
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A secção da escala
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Preparando o aparelho junto a uma pilha de botes…
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Simulando a salga, no porão
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O ponto nevrálgico do simulado veleiro
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Beliche e rancho…
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E outros painéis teve, na impossibilidade de os recordar a todos.…
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Ílhavo, 28 de Novembro de 2018
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Fotos – Gentileza de Carlos Duarte
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Ana Maria Lopes-

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Tragédias marítimas... que enlutaram a nossa terra...


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Tragédias marítimas … que enlutaram a nossa terra...
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Muito mais do que pensamos, se perderam gentes ilhavenses no mar distante, longínquo e gelado, no mar costeiro mais bonançoso ou alteroso, em rios e rias, em qualquer ponto do país, desde que tocasse a pescas, transportes, comércio, etc…
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E o jornal O Ilhavense disso é testemunha, quase há cem anos. Sempre que o consulto, as anotações de tragédias marítimas não vão faltando…
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Num número de Dezembro da década de sessenta, o título chamou-me a atenção e li-o, claro. Acabei por o respigar, pelo insólito do sucedido. E, consultadas as fichas do Grémio, seleccionada a pessoa em causa, tudo corria a favor.
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Ílhavo viveu horas de profunda tristeza na primeira semana do corrente mês.
O mar roubara-nos três vidas de pessoas queridas, que sobre as águas labutavam para ganhar honradamente o sustento das suas famílias.
Sem aparentes motivos, o jovem José Manuel da Silva Correia caíra ao Tejo, de bordo do navio-motor Neptuno, pertença da Parceria Geral de Pescarias, ancorado em Cacilhas.
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Imaginem, no rio Tejo, já após a safra desse ano.
José Manuel da Silva Correia, de alcunha Zé Néu, filho de António Ferreira Correia e de Adélia da Silva Padre, nasceu em Ílhavo a 14 de Março de 1943.
Era portador da cédula marítima nº 29.855, passada pela Capitania do Porto de Aveiro, em 6. 12. 1961.
Exerceu a bordo do Neptuno, os cargos de criado, de 1962 a 1964 e de ajudante de cozinheiro, em 1965.-


Ficha do Grémio
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O cadáver só apareceu passados uns dias, em Belém, tendo sido transportado para Ílhavo, no dia cinco de Dezembro. Recebeu uma manifestação fúnebre como há muto não se via na nossa terra.
Muita gente se associou à dor dos pobres pais e do inditoso moço, numa grande e acabrunhada manifestação de pesar, para a classe marítima.
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Outras tragédias marítimas virão a lume numa próxima ocasião.

Foto gentilmente cedida pelo MMI, do Portal de Homens e Navios do Bacalhau.
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Ílhavo, 9 de Novembro de 2018
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Ana Maria Lopes-