Concluído o meu modelo
da masseira de Vila Praia de Âncora,
tinha chegado a hora de continuar a navegar para o sul, pois era esse o caminho
que vinha fazendo, ao encontro de embarcações de pesca local.
Não foi necessário
percorrer grande distância, pois chegado a Esposende, logo os olhos ficaram
presos na elegante e vaidosa catraia,
embarcação que foi muito utilizada, em toda esta zona da nossa costa.
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De Esposende para sul
até ao Douro, era possível encontrar sempre embarcações deste tipo. Mesmo com
pequenas alterações, necessárias à arte de pesca ou ao local onde tinham de
trabalhar, era sempre bela a sua presença.
Mas é a catraia piladeira de Apúlia, que eu
vou tentar reproduzir, seguindo os desenhos do magnífico livro «Embarcações Tradicionais: Em busca de um
património esquecido» de Ivone Baptista de Magalhães, p. 80, e todas as
preciosas informações que a pesquisa no computador sempre pode facultar.
Desenho do livro citado
Como sabemos, esta
embarcação que não passava dos sete metros de comprimento, era construída com
uma elegância de linhas e uma beleza de formas que a meu ver, é difícil de
superar.
Tendo de boca, isto é,
de máxima largura, uma dimensão que à primeira vista parecia exagerada, os seus
construtores conseguiram com o lançamento de proa e os bem delineados delgados
de popa, fazer um casco que dá gosto observar.
Certo é, que não foi de
ânimo leve que assim o idealizaram com tão grande largura. A vela que lhe
estava destinada era enorme e foi essa a forma de a conseguir envergar e
marear, permitindo atingir com segurança, uma considerável velocidade.
Foi com todas as
informações que consegui recolher, que preparei como é meu costume, um plano de
construção de modelo de uma catraia
piladeira, na escala de 1/25, para juntar aos meus anteriores modelos.
Principiei então a
preparação do estaleiro e a escolha da madeira para a quilha, roda de proa e cadaste.
Depois para o cavername escolhi os ramos mais curvos, que melhor se adaptavam às
delicadas formas da minha catraia que
ia ficando cada dia mais bonita. Mas quando se aplicaram as sarretas e as
primeiras tábuas da cinta, era um gosto para a vista e até mereceu a sessão de
fotografias que a perícia do meu sobrinho Quim tão bem fixou e que eu vou
guardar para memória futura.
Uma mão cheia …de cavername
Aos poucos fui
concluindo o tabuado do casco, e depois dos arranjos interiores, apliquei por
fora e por dentro o costumado tratamento para a madeira, que a deixou de cor
dourada e tão bonita que nem apetecia pintá-la.
Mas era preciso fazer a
porta do leme e respectiva ferragem para fixação no cadaste e em seguida tratar
do mastro e da verga para definir o painel da vela.
Pormenor dos aprestos
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Pronta a vela, comecei
a construir a fateixa, a polé, o vertedouro e os forcados, onde arrumei os
quatro remos depois de prontos, para não estorvarem a manobra de rede, que
consegui arrumar numa das casas da popa.
Ficou assim pronto o
meu modelo da catraia piladeira de
Apúlia, a que atribui o nome de Gaivina.
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A Gaivina – catraia
piladeira de Apúlia
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Como
de costume, apliquei madeira de limoeiro nas peças estruturais da ossada e
choupo no forro dos costados. Para as ferragens usei arame de cobre, nos remos,
madeira de tola e no mastro na verga e nos forcados, ramos de ameixieira. A
vela, os cabos e a rede são de algodão.
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De proa…
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A
catraia que procurei representar
teria:
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Comprimento…………...7.00 m
Boca……………………..2.50 m
Pontal…………………...0.87 m
Escala
utilizada 1/25
10/12/2015
António
M. Silva
4 comentários:
Numa próxima «navegação» para Norte, permito-me sugerir à Drª Ana Maria Lopes que faça uma visita à ridente fréguesia de Apúlia, onde poderá apreciar a mais bela catraia-piladeira, o ADAMASTOR, que julgo ser a mais bela, e única, existente em Portugal.
Cordiais saudações marinheiras,
Al bino Gomes
Caro Sr. Albino:
Eu sei que a catraia-piladeira o ADAMASTOR se encontra na Apúlia. No entanto,obrigada pela sugestão de visita. Não sei quando será. Cumprimentos.
Como posso entrar em contacto com o artesão?pode me dizer por favor ?
Boa noite: O «artesão» é um ex-capitão da Marinha Mercante, António Marques da Silva, que faz embarcações, por gosto pessoal, e não executa para fora, isto é, não faz para vender. Cumprimentos.
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