quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os lugres/navio Ilhavense (Parte I)


Há muito que ando, paulatinamente, a reunir dados sobre estes navios, mas a sua história parece tão confusa e há tão poucas informações, que tenho “arrefecido” e, consequentemente, adiado.
Chegou a altura de elencar os elementos e “arriscar” uma ordenação, pelo interesse que o seu nome encerra, para nós, ilhavenses.

Lugre Ilhavense

O lugre Ilhavense, de madeira, construído por Manuel Maria Mónica (ou por Francisco Carlos Ramos, segundo outras informações) na Gafanha da Nazaré, para a Empresa Santos & Companhia, do ilhavense António José dos Santos (Capitão Rocheiro), foi lançado à água em 17 de Março de 1921 e registado em Aveiro.

O tal Capitão António José dos Santos, ainda no ano de 1921 foi o fundador da Parceria Marítima Esperança Lda. Documento credível atesta que o dito capitão, proprietário e residente em Ílhavo teria vendido uma quota pertencente ao «navio ainda em construção nos estaleiros da Gafanha e denominado Ilhavense com todos os seus direitos e pertenças».

Com uma arqueação bruta de 195, 05 toneladas e líquida de 185, 30, media, de comprimento entre perpendiculares, 40,50 metros, de boca, 11, 32 m. e de pontal, 3, 24 m.

Sem motor auxiliar, albergava uma equipagem total de 33 tripulantes. Foi governado pelos seguintes capitães: António dos Santos Embonado (em 1921), João Francisco Bichão (de 1922 até 1924) e João André Alão (de 1925 até 1929, ano em que naufragou).

Curiosidade: na campanha de 1928, o valor do navio mais os 29 dóris a bordo estava orçado em Esc. 150.000$00. Foram pescados 3.270 quintais de peixe e obtidos 1.900 kgs. de óleo de fígado de bacalhau. A venda do produto pescado, bacalhau e óleo, renderam Esc. 384.160$00. O navio perdeu-se por encalhe em Trepany (na costa sul da Terra Nova), devido a nevoeiro, em 15 de Julho de 1929. A tripulação salvou-se na totalidade nos dóris de bordo.
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Eventualmente, a única fotografia existente…

(Cont.)

Ílhavo, 20 de Maio de 2010

Ana Maria Lopes
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2 comentários:

marmol disse...

Como sempre mais um belo contributo para a história da pesca do bacalhau.
É bom que estas memórias não se percam!

Luis Filipe Morazzo disse...

Este será seguramente o "Ilhavense 1º", uma vez que a seguir a este, ainda vieram pelo menos mais dois Ilhavenses.

Saudações marinheiras


Luis Morazzo