quinta-feira, 2 de julho de 2009

O iate Cysne


Às vezes, juro a mim própria, que não me "meto em bacalhoeiros" mais antigos, de que não há grandes dados, porque deparo com muitas dificuldades e começo a perder a paciência por pretender saber acontecimentos a que já não consigo chegar.

Mas, ao rever as minhas imagens, mais uma vez estaquei no iate Cysne, que não é uma foto ideal, mas que é bonita. E o nome, extremamente sugestivo.

Estava, há anos, a embelezar a parede do Salão dos Oficiais do actual Creoula, onde eu ia com muita frequência. Tanto a namorei que, na altura, o Amigo Tenente Gonçalves, a desmontou e ma emprestou para a reproduzir.

Assim a obtive, embora ela agora se encontre com facilidade, dada a quantidade de imagens que os meios informáticos nos disponibilizam.

O iate Cysne, de madeira, lançado à água a 2 de Julho de 1920, foi construído por António Bolais Mónica na Murraceira, Figueira da Foz, para o armador Junceiro, Mónica & Cª, a quem pertenceu de 1920 a 1923. Entre 1924 e 1934, pertenceu à Sociedade de Pescarias Amizade Lda., passando a Junceiro & Mesquita, Lda., de 1935 a 1937, todos da Figueira da Foz.

O iate Cysne

Foi -sofrendo -umas -ligeiras -alterações --nas- suas -características -principais, medindo mais ou menos 30 metros de comprimento, cerca de 7,50 m. de boca e 3 m. de pontal. Com uma tonelagem bruta de 125 toneladas, nunca teve motor auxiliar e, em 1935, passou a chamar-se Cisne.

Utilizado no serviço comercial de 1920 a 24, fez campanhas ao bacalhau de 1925 a 27, de 1930 a 34 e, depois, em 1936, alternando, em 1928, 29 e 35, com a reutilização no sector comercial.

Que se saiba, foram seus capitães João Francisco Bichão (1925), António Thomé Rosa Bichão (1926) e João de Deus (1927).

Tinha conhecimento de que se havia perdido no porto de Leixões, devido a temporal, em 27.01.1937, mas supunha não ter acesso a mais dados.

Eis senão quando uma foto-surpresa -me vem enriquecer o material já recolhido, onde se vê o Cisne, em segundo plano e o iate Harmonia Ligeiro, já a ser devorado pelo mar, em primeiro.

O iate Cisne, em segundo plano – 1937


É, então, possível, contemplar a perda do Cisne, já abandonado pela tripulação, que se deslocou contra as pedras do molhe norte de Leixões, onde se iria desfazer.

Temporal, esse, que assolou todo o litoral.
Foi o fim do Cisne. Não mais vogou sobre as águas.

Fotografias – Arquivo pessoal da autora e cedência de Reimar (acidente em Leixões).

Ílhavo, 2 de Julho de 2009

Ana Maria Lopes

2 comentários:

J.pião disse...

BOA NOITE DRA.
MAIS UM QUE EU DESCONHECIA E,O NOME O CISNE ,POIS VELEIROS LINDOS QUE SULCAVAM OS MARES DOS BACALHAUS ,MAS PEQUENOS NA ALTURA ,PARA FAZER AS TRAVESSIAS DO ATLANTICO ATÉ A TÉRRA NOVA ERA DE ARREPIAR FAZER ESSAS VIAGÉNS CRUZADAS ,MAS ERAM TEMPOS DIFICEIS E,TUDO SE PASSOU ...JAIME PONTES

fangueiro.antonio disse...

Bom dia.

Entendo perfeitamente a dificuldade e frustração muitas vezes que encontra ao investigar navios tão antigos, mas tal dá ainda mais valor ao que nos oferece neste blogue.
Ainda há dias, através do fatídico naufrágio das traineiras de Matosinhos em 1947, fui descobrir o temporal de Janeiro de 1937 que desfez imensos barcos pela costa fora.
Conhecia estas fotos, mas sei agora que o "Cisne" foi uma das vítimas de 1937 em Leixões.
Na imensa heroicidade dos que fizeram a Faina Maior, nota especial para os homens que faziam milhares de milhas em campanhas a bordo destes "pequeninos" dois mastros. Que enorme e dura aventura seria uma campanha destas... .
Ainda há quem duvide que o Português sempre foi grande navegador e que pelo mar nos definimos como povo/Nação.

Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt