Por ser um dos lugres de Testa & Cunhas de que se conhecem menos dados, e de que não existem fotos, isoladas, tentei recolher os que encontrei em diversas fontes, alargando, ao máximo, a sua história. Quem, porventura, souber mais e queira contribuir, pode participar. Aceitam-se, de bom grado, informações.
Soube, com a colaboração do Amigo Reimar, que o lugre Ernani, de madeira e de três mastros, foi construído na Gafanha da Nazaré, por Manuel Maria Bolais Mónica e lançado à água a 26 de Dezembro de 1918, com o nome de Estrella do Mar, para o Armador Santos, Moreira & Cª., de Aveiro, na posse do qual se manteve até 1920.
Foi pertença da Companhia Aveirense de Navegação e Pesca, Lda., de Aveiro, entre 1920 e 1921, tendo navegado com o nome de Apollo.
Passou a chamar-se Ernani, aquando da venda, em 1921, à Empreza de Navegação e Exploração de Pesca, também de Aveiro, à qual Testa & Cunhas o adquiriu, em 20 de Dezembro de 1927, com o mesmo nome. Simpatizou com a designação e manteve-a, até porque havia um conceituado familiar de um sócio, assim chamado.
O Ernani media 37,10 metros de comprimento, fora a fora, 8,90 m. de boca e 3,85 de pontal.
Com arqueação bruta de 256,70 toneladas e arqueação líquida de 182,92, não tinha, nem nunca veio a ter, motor auxiliar.
Depois de vendido, manteve as mesmas características.
Soube, com a colaboração do Amigo Reimar, que o lugre Ernani, de madeira e de três mastros, foi construído na Gafanha da Nazaré, por Manuel Maria Bolais Mónica e lançado à água a 26 de Dezembro de 1918, com o nome de Estrella do Mar, para o Armador Santos, Moreira & Cª., de Aveiro, na posse do qual se manteve até 1920.
Foi pertença da Companhia Aveirense de Navegação e Pesca, Lda., de Aveiro, entre 1920 e 1921, tendo navegado com o nome de Apollo.
Passou a chamar-se Ernani, aquando da venda, em 1921, à Empreza de Navegação e Exploração de Pesca, também de Aveiro, à qual Testa & Cunhas o adquiriu, em 20 de Dezembro de 1927, com o mesmo nome. Simpatizou com a designação e manteve-a, até porque havia um conceituado familiar de um sócio, assim chamado.
O Ernani media 37,10 metros de comprimento, fora a fora, 8,90 m. de boca e 3,85 de pontal.
Com arqueação bruta de 256,70 toneladas e arqueação líquida de 182,92, não tinha, nem nunca veio a ter, motor auxiliar.
Depois de vendido, manteve as mesmas características.
Foram seus capitães: Augusto Fernandes Pinto, (1922 a 1924), Júlio Fort’ Homem (1925), Júlio António Lebre (1925 a 1930) e Joaquim Fernandes Agualuza, pelo menos, em 1934, segundo pesquisa feita no jornal “O Ilhavense”.
Na campanha de 1928 o lugre navegou com 44 tripulantes, dispondo de 39 dóris. Pescou 1446,7 quintais de peixe, que renderam 173 600 escudos. Na de 1929, com o mesmo número de tripulantes e de dóris, pescou 1 503,3 quintais que renderam 180 400 escudos. Na de 1930, com 43 tripulantes e o mesmo número de dóris, pescou 1 105,7 quintais que renderam 132 680 escudos. Na campanha de 1933, o lugre navegou com 42 tripulantes, dispondo de 40 dóris; registou, nesse ano, a magnífica captura de 4 560 quintais de peixe, tendo ainda produzido 2 000 quilos de óleo de fígado de bacalhau. O valor do pescado rendeu 548 000 escudos.
Com algum encanto e fascínio que atenuam um pouco o cansaço da visão, tenho consultado as actas da Empresa proprietária do Ernani e na de 11 de Agosto de 1934, encontrei alguns dados que passo a resumir:
(…) Depois de elaborado o presente relatório, chega-nos a notícia infeliz do desaparecimento do nosso lugre Ernani, nos bancos da Groenlândia. Ignoramos pormenores, nem sabemos como se liquidarão os seguros efectuados. Uma dificuldade nos surge.
Como suprir a baixa daquela unidade?
Três soluções se apresentam:
1ª – Reparar e apetrechar o Silvina, há uns anos desactivado;
2ª – Adquirir um navio já feito;
3ª – Mandar construir um navio novo.
Um só navio não defende a sociedade das suas despesas.
Há falta de informações acerca da ocorrência e está ausente o capitão Manuel Simões da Barbeira, cuja opinião técnica convém apreciar (…).
Como suprir a baixa daquela unidade?
Três soluções se apresentam:
1ª – Reparar e apetrechar o Silvina, há uns anos desactivado;
2ª – Adquirir um navio já feito;
3ª – Mandar construir um navio novo.
Um só navio não defende a sociedade das suas despesas.
Há falta de informações acerca da ocorrência e está ausente o capitão Manuel Simões da Barbeira, cuja opinião técnica convém apreciar (…).
A falta de informação e de notícias que sabemos ter existido, naqueles anos difíceis, é prova da crueldade, desumanidade e dureza de tal vida!...
Pequenos fragmentos vão engrossando o relato e no nosso Jornal de 19 de Agosto de 1934, o título Lugre Hernani chamou-me a atenção:
Como é sabido, êste navio bacalhoeiro foi pasto das chamas na Groenlândia, onde estava pescando.
Sabia-se que a tripulação se havia salvo, mas ninguém tinha conhecimento do seu paradeiro.
A Empresa Testa & Cunhas enviou dois telegramas a saber dos náufragos, que ficaram sem resposta.
Teve, então, que apelar para o Ministério da Marinha que, por sua vez, reclamou do Ministério dos Estrangeiros, providências, no sentido de saber do paradeiro do lugre Hernani.
A resposta veio, por fim, que eles se encontram distribuídos pelos vários pesqueiros que estão naquelas paragens.
Na acta de 15 de Agosto de 1935, lê-se:
(…) A empresa tinha dois navios em safra, que tiveram de ser totalmente apetrechados. Devido ao lamentável sinistro que incendiou o Ernani, só tirámos resultado da safra do Cruz de Malta.
Entre o prejuízo da perda do Ernani e o respectivo pagamento do seguro, a empresa teve um prejuízo efectivo de cerca de 80 contos (…), que têm de ser suportados pelos lucros desta safra, e que foi levado, na devida proporção, às contas de prejuízos dos sócios (…).
Importa-nos comunicar aos dignos sócios que é de salientar o acto de solidariedade dos capitães dos demais navios pesqueiros e a actividade do nosso capitão (Joaquim Fernandes Agualuza) e demais pessoal do lugre Ernani, quando do seu incêndio, que, recolhendo a outros veleiros onde produziam serviço, evitaram à nossa Empreza, despezas de repatriação, que importariam em cifra superior a um cento de contos.
Segundo informação oficial (Lista de Navios Portugueses, secção dos naufrágios), o incêndio deflagrou a partir da cozinha, propagado por uma porção de azeite que estava a ser utilizado para fritar peixe.
É caso para repetir que a história da Faina Maior nunca estará acabada…
Ílhavo, 17 de Junho de 2009
Ana Maria Lopes
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5 comentários:
Parabéns pela pesquisa! Obrigada por me avisar.
O nome inicial, «Estrella do Mar», era muito mais bonito. Que pena terem-no alterado...
Um beijinho, Raquel
Sempre fascinante as histórias dos nossos navios antigos. Sempre interessante tudo o que se refere a navios...
A história da Faina Maior é um poço sem fundo. E a arca da memória de Ana Maria Lopes ainda tem muito para nos mostrar...
Cumprimentos
Fernando Martins
Boa Noite meus Sres e BÉM HAJA Dra ,encantado com as histórias dos navios de bacalhau ,ém especial os lugres ,prá mim tém mais encanto os veleiros e sendo os nossos que maravilha ! Ainda me recordo de navegar e de ouvir aquela vóz ,quarto para cima que vai issar vélas e então quem estáva de quarto lá tinham que ir issar vélas ,as vezes éra de arrepiar ,com brisas fortes e muito frio mas tudo se ultrapassava ,quando se vinha para Portugal não havia quarto ,toda gente queria issar vélas ,para o navio chegar mais depressa e éra um ver a barquinha a contar milhas ,até se tinha vaidade no homém do leme para evitar guinadas e fazer apostas dos quartos quem rendia mais milhas ! Era o tempo que éra por isso a minha homenagém para esses bravos homéns dos gelos e dos temporais e também esses grandes lugres que muito deram a Portugal ,de minha parte obrigada Dra pelo blog que muito nos faz recordar todas essas vivençias ! Jaime Pontes »Pião»
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