1921 a 1926 – Mudou para os navios da Praça de Aveiro, começando por comandar o lugre Silvina.
O Silvina, lugre com motor, de madeira, foi construído em 1919 por Manuel Maria Bolais Mónica para a Empresa de Navegação e Exploração de Pesca, Lda., de Aveiro. Em 1928 passa a ser propriedade de Testa & Cunhas, Lda. Naufraga, devido a incêndio, em 1941, no Grande Banco da Terra Nova.
1927 – Foi capitão do lugre Laura, porventura, capitão orientador (?) e vigilante da reconstrução a que o navio foi submetido nesse ano, passando a ser em 1928, o Cruz de Malta.
Entre Laura e Cruz de Malta – 1927
1928 a 1937 – Capitaneou o Cruz de Malta.
A este lugre, dediquei um extenso post, neste blog.
O Cruz de Malta, em tempo de guerra…
1938 a 1942 (inclusive) - Fez a viagem inaugural no lugre de quatro mastros Novos Mares, sobre o qual já escrevi o post, O “velhinho” Novos Mares.
O Novos Mares a entrar em Leixões – Fotomar
Por informação do Jornal de Notícias de 8.12.1938, tive conhecimento de que o Novos Mares, no dia anterior, ao entrar a nossa barra e ao passar a restinga, encalhou, pelo que os restantes cinco navios, que aguardavam fora do porto, ficaram para o dia seguinte. Este encalhe, felizmente sem consequências, foi originado pelo lamentável estado da barra, agudizado pela não existência de motor, a bordo. Na campanha de 39, embora um pouco mais tardiamente, o Novos Mares já partiu, com o novo equipamento, indispensável.
E aí, depois de muitas procelas, maus bocados, aflições, preocupações, angústias, saudades da família, próprias deste tipo de vida rude e dura, ficou em terra, depois de trinta e quatro anos de mar, apto a, em 1943, iniciar as suas funções de Avô. Adorava-me, “estragava-me” com mimos, levava-me com frequência à chegada das redes, nas companhas da Costa-Nova e, amiúde, no quadro da bicicleta, à seca, na Gafanha da Nazaré. Bonacheirão, bondoso, humano e afável, empreendedor e trabalhador, entregou-se, após as fainas do mar, às visitas sistemáticas à firma Testa & Cunhas de que fora sócio-fundador, em 16 de Dezembro de 1927. As lides agrícolas ali, no quintal do Curtido de Baixo, ocupavam-lhe o resto do tempo. Deixou marcas profundas na minha existência e, ainda hoje, guardo, com carinho, alguns dos instrumentos náuticos de seu uso pessoal.
Foi curiosa a diversidade de navios em que ele embarcou. Daí, não ter sido fácil, mas atractivo e apelativo, articular as informações.
Fotografias – Arquivo pessoal da autora, com a colaboração de vários Amigos
Ílhavo, 3 de Abril de 2009
Ana Maria Lopes
2 comentários:
Boa noite.
Pois simplesmente num comentário lhe digo que foi afortunada em ter um avô com tamanho passado mas acima de tudo tão boa pessoa e que a marcou para sempre, tal como a figura do avô para muitos de nós de igual modo o foi. No meu caso, do avô paterno que andou 15 anos no bacalhau, infelizmente só descobri este seu real passado quando ele já havia falecido. As histórias que teria para contar foram-se com ele.
Parabéns por este seu duplo artigo.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Pois a Dra Ana Maria sensivel como é tém muitas histórias para contar e com toda sorte de viver num meio que ao bacalhau dis respeito ,por isso não admira éstas belas historias e sendo o Avô noutros tempos um dos oficiais do bacalhau de Ilhavo ,continuação Dra e amigo Fangueiro pelo excelente trabalho e divulgação de todos estes testemunhos que dis respeito a Faina Maior e não só!Bém-Hajam .J.Pião
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