Em tempo de Regata…Faz hoje 15 anos. O tempo vai passando quase sem darmos conta. Era sempre um prazer ter o Creoula entre nós – 18 e 19 de Setembro de 1993.
E mais uma vez nos deu o prazer da sua visita, proporcionando-nos agradáveis estadias a bordo e trabalhos em conjunto.
Creoula atracado, na sua elegância…
Os objectivos, dessa vez, no dia 18, foram uma visita especial da tripulação à Exposição Faina Maior, o lançamento de uma colecção limitada, de três pratos comemorativos da Exposição, em porcelana Porcel, com os motivos: Lugre “Creoula”, Alando o Trol e Clareando Cabos.
No dia 19, foi a entrega da palamenta de um dóri, preparada por uma equipa do “Museu”, tendo-nos sido muito úteis para tal trabalho o saber e prontidão de Francisco Ramos e Manuel Chuvas (Rupio). Eram impecáveis, sempre que os seus serviços marítimos artesanais eram solicitados. Nenhum pormenor era esquecido.
O Creoula tinha dóri, mas faltava-lhe toda a palamenta: remos, com as respectivas forras de couro e pinhas de anel, um par de forquetas com os respectivos estropos, os quetes da proa e da ré, alças da proa e popa, alça da escota, mastro, vela, vertedouro, búzio, foquim, faca e balde de isco, gigo, linha de mão, rile, linha da zagaia, nepas, pino, tortor, bicheiro, desmbuchador, trol e respectivo cesto, grampolim, balão, ferro, polé e pingalim. Tudo isto, "o museu conseguiu" com maior ou menor esforço, para aparelhar o dóri do Creoula, fielmente, a preceito e “à moda antiga”. Nada podia faltar.
A destreza dos dois “velhos lobos-do-mar” o Chico Ramos e o Rupio, ao manusearem a linha, estralhos e anzóis, não fazia crer que tantos anos já haviam passado. Saber de experiência feito, que não esquece…
Além disso, a tripulação teve o prazer de conviver com antigos oficiais do navio, num encontro emotivo de gerações distintas, vocacionadas para o mar.
Da esquerda para a direita, em planos alternados: João Sílvio, José Leite, João Fernandes Matias, José Negócio, Elmano da Maia Ramos, Francisco da Silva Paião (Capitão Almeida), Francisco Marques, Comandante Sá Leal e Marques da Silva.
Mais uma vez, os oficiais de Ílhavo estiveram grandemente presentes no comando deste navio emblemático, enquanto lugre da pesca do bacalhau.
O Comandante Sá Leal aprecia a “obra”
Dado o bom relacionamento entre o navio Creoula e o museu, este aproveitava a itinerância do navio para a divulgação do nome desta instituição museológica. Acordou-se, então, preparar uma exposição para bordo do Creoula, a ser inaugurada no porto da Gafanha da Nazaré, no ano seguinte.
Desta empatia nasceu o bom relacionamento que subsiste entre Creoula e Ílhavo/Museu.
Tal como hoje, por coincidência, o Creoula também se encontra cá, chegado de Lisboa, para sair no dia 23 e se integrar na Regata dos 500 Anos do Funchal. Bons ventos e boa viagem!
Fotografias – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 19 de Setembro de 2008
Ana Maria Lopes
17 comentários:
Bom dia.
Belíssimas fotos e descrição desta visita do icónico "Creoula" ao Norte de Portugal há 15 anos atrás, algo raro até hoje. Da tão variada palamenta do dóri que refere e sobre a qual tenho investigado (bem como toda a construção do velame),destaco o búzio que quase todos os anos pelo Ano Novo o meu pai se põe a soprar no quintal, às badaladas da meia-noite (dançando ao mesmo tempo). É tradição antiga e na pesca do bacalhau era o preferido por muitos. Já tentei várias vezes soprá-lo, mas nada. Estaria tramado no meio do nevoeiro dos Bancos.
Um bem-haja a todos os homens do mar e ao seu saber real e empírico que cria histórias mágicas a miúdos e graúdos desde sempre.
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Ana
Como sempre os teus relatos são fantásticos
È verdade o Creoula hoje domingo 21 de Setembro de 2008, está lindíssimo..imponente..no meio de tantos grandes e lindos veleiros
É como diz. Cá temos o "Creoula" de novo, deta vez para integrar a Regata dos 500 anos do Funchal e representar Portugal neste tão famoso evento.
Foi grande o entusiasmo do povo de Ílhavo (e não só) que na passada sexta feira esteve na meia laranja a recebê-lo, especialmente a ele pela empatia que refere existir, apesar de parecer uma entrada vulgar, só com a bandeira nacional içada à pôpa e no mastro de ré as quatro bandeiras do indicativo internacional de chamada, sem revelar qualquer ambiente festivo, contrastando com o navio mexicano "CUAUHTEMOC" que, na mesma tarde, com as mesmas (óptimas) condições de tempo, se apresentou à entrada da barra com todas as velas lindamente caçadas, todo embandeirado, com enormes "bandeiras a top" porque... era dia de festa !
Já hoje, atracado ao cais e agora sim, embandeirado como aliás todos os outros, e com ambiente musical, um visitante revoltado transmitia a um elemento da guarnição para fazer chegar ao comandante do navio a sua indignação por estrarem a tocar musica pimba enquanto que o mexicano não parava de transmitir musica representativa do seu país; e lá ía comentando "...que vergonha, para que serve então o fado..." "... o Creoula está a perder qualidades..."
Má lingua? Não! É simpolesmente um desabafo de quem gostaria que corresse melhor; também não é crítica construtiva porque já não vou a tempo de contruir ou corrigir nada.
A tempo não chegou também o famoso NRP SAGRES... Que pena !!! E já que estou em maré de desabafo... será que, estando esta Regata confirmada já há cerca de três anos, não teria sido possível programarem-se as coisas de forma a termos também a nossa "Barca" nesta festa? Sabe a "Arraisa Ana" algo mais que me possa esclarecer?
Mas... não esmoreçamos!!! Temos um representante Português, Ilhavense nado na Costa Nova a integrar a Regata no seu iate "Quero Quero", atracado também no ambiente da festa e ostentando uma esbelta bandeira da cidade de Ílhavo e uma enorme bandeira nacional que o identifica condignamente e se destaca dos seus semelhantes """ Bons ventos, Rui São Marcos ...
Continua a desafiar-me...
Então, já agora que estamos em Regata, deixe-me fazer-lhe mais umas confidências; permita-me dizer-lhe que fiquei também muito triste com a ligeireza com que nós, Ilhavenses, recebemos estes monstros de beleza que nos entraram portas a dentro. Acompanhei com um entusiasmo olímpico as entradas de todos os navios, da chamada meia laranja, o hall de entrada do nosso porto. Constatei que, à passagem, todos eles nos cumprimentaram de uma forma ou de outra: com apitos, buzinas, sirenes, salvas de canhão, gritos de entusiasmo, bandeiras, humanos enxárcias acima, enfim, tradição antiga e prática habitual por esses portos fora. Pobres de nós! Mais não tivemos para retribuir senão dar-lhes muitas palmas, mostrar-lhes máquinas fotográficas de várias marcas e tipos, telemóveis, e camaras de vídeo.
Os elementos da banda de música que eu idealizei perfilados pelo enrocamento do paredão e a entoar árias alegres e apropriadas para a ocasião, não estavam lá; caramba, se não podia vir a banda da Armada tinhamos cá a música nova e a música velha; e até a fanfarra! A peça de artilharia que imaginei preparada para responder às salvas dos navios... não apareceu! Nem ao menos um rebocador ali posicionado com canhão de água a fazer uns bonitos e mostrar que os recebíamos com alegria. Então não é que nem uma bandeira nacional eu vi pelas imediações ?! Aos meus olhos nada de diferente em relação às entradas de todos os dias, de traineiras e navios comerciais.
Não vi também ... (eu devo andar ceguinho de todo) transportes públicos a levar as guarnições e tripulações para os centros urbanos; vi sim muitos marujos a pé e carregados de sacos de compras. Apreciei um grupo de marinheiros a pedirem a um porteiro do recinto para chamar um transporte (taxi, provavelmente), ao que o funcionário retorquiu que falassem com o agente.Até parece anedota!
Ontem à noite tive também oportunidade de confrontar as fartas iluminações dos veleiros com
a iluminação pobrezinha do Santo André... ao menos enquanto cá temos visitas podiam ter instalado no navio-museu uma grinalda de luzes mais farfalhuda, com mais kilovátios e menos lâmpadas apagadas!!! Aquele concerto poderia ter sido no recinto do cais; tinham espaço para isso e concentrava mais a festa.
Mas isto é o que eu penso.
A chuva hoje não me deixou observar muito!
Vamos aguardar pelas cenas dos próximos dias e pela largada que, desejo e acredito seja imaculada e que o S. Pedro ajude.
Mas... voltarei! Espero não estar a estragar o seu blog!!!
JR
Boa tarde.
E eu cá de bem longe a tentar seguir como decorre a regata.
Prezo os detalhes também de João Reinaldo e os aspectos que um evento destes merecia melhor trabalhados e organizados. Até agora vi uma só foto de um veleiro a entrar na barra. Não posso bem-dizer ou mal-dizer, mas as "queixas" do amigo Reinaldo não me surpreendem e se fôr também a paixão pelo mar a falar, percebo-a, pois também a tenho.
Ílhavo sempre teve muita gente a receber navios no passado e quem dirige a região deveria saber muito bem como organizar estas coisas, dando-lhe a pompa e circunstância devida. Não seriam precisos muitos milhões de Euros para isso, basta algum saber e querer. Caso realmente esteja a regata correr a 50%, que se aprenda então para uma nova oportunidade no futuro.
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Continuam a puxar-me pela língua ...
Fangueiro,antónio, não sabe o que perdeu se viu só uma foto da regata... irá vê-as todas, garanto-lhe. Apareça lá amanhã, na tal meia laranja a que a Drª Ana Maria, com o seu entusiasmo chamou de meia laranjeira !!! São contingências do adiantado da hora.
Adivinou! É realmente a paixão pelo mar que me leva a extravazar quando assisto a coisas que não me agradam. Foram 39 anos sobre ele (mar, bem entendido)alguns dos quais a comer com o prato na mão e a dormir em cima de gavetas !!! Além disso, ... sou de ÍLHAVO.
Nova oportunidade no futuro? Já não é no meu tempo !!!
O João Veiga queria mais veleiros... também eu! Ainda esta manhã ouvi numa entrevista da rádio Terranova o coordenador da regata, Comandante Martins da Cruz dizer que ainda cabiam no cais mais 2 ou 3 navios; para mim, Sr. Comandante cabiam + 20 ou 30, todos os que viessem, com dignidade e segurança. Os Pilotos da barra que o digam, mas eu não quero falar ainda deles; deixem acabar a função.
A Ana Maria esclareceu sobre o numero de navios que têm participado (estatística é também com ela). Ainda a semana passada, na cerimónia de apresentação da regata a bordo do "Santo André" (o tal que não mudou de grinalda no período da festa), um responsável pelo porto de Aveiro discursando dizia, que a regata estivera só uma vez no país e que fora em Lisboa. Olhe que não, Sr. Engenheiro !!! Olhe que não!!!
A 1ª veio de Torbay a Lisboa em 1956. 50 anos depois tivemos também em Lisboa, a regata do jubileu (2006). Em 1998 tivemos a Regata Vasco da Gama, a do ano da Expo, que foi a maior e a mais participada de sempre. Em 1994 esteve no Porto. Para além destas a famosa regata visitou Lisboa aí mais uma dezena de vezes.
Desculpem se me alonguei outra vez. Prometo que, com a largada da regata para o mar, amanhã, eu vou amainar.
Para o comandante do Quero Quero, os meus votos de que chegue ao destino ..."o mais tardar"... (ele sabe)!!!
Continuem a disfrutar.
JR
Vejo que este artigo está bastante participado e que estes comentários enriquecem ainda mais o próprio artigo. Por isso, não posso deixar de deixar aqui a minha colherada (nem lhe chamo comentário). Desde já peço desculpa pela extensão da mesma.
Talvez por ser filho da autora deste blog e por ser bisneto de um verdadeiro lobo do mar, como agora já não há, sou um aficionado por tudo o que o vento empurra (à superfície da água e não só). Só há poucos anos aprendi a "ver o vento" em cima de um barco à vela, e a saber aproveitá-lo para me deliciar a voar por cima das águas.
Com alguma frequência (menos do que a que gostaria), alugo um pequeno catamaran para dar umas voltas pelo braço sul da Ria de Aveiro, em frente à Costa Nova. Ao manobrar este pequeno barco, tenho uma estranha sensação de "déjà vu". Parece-me demasiado fácil. Estar-me-á no sangue?
Infelizmente, nunca tive a oportunidade de sair a barra mais do que umas milhas. Por isso, muito gostaria de dar uma volta a sério num destes assombrosos veleiros. Talvez tenha disponibilidade quando me reformar…
Estas considerações apenas servem para enquadrar e justificar o que a seguir exponho.
Tive oportunidade de estar presente no Terminal Norte do Porto de Aveiro e testemunhar a presença de tão elegantes Veleiros. Concordo com a maioria dos comentários anteriores, mas acho que são consequências inevitáveis dos tempos modernos, neste mundo tão global e competitivo que, para além do trabalho e da família, não nos deixa tempo para hobbies. De qualquer forma, acho que com algum sacrifício, é sempre possível fazer mais e melhor.
Também me soube a pouco a quantidade de veleiros que apareceu. Principalmente se comparar com a regata de 1998, em Lisboa, em que tive a oportunidade de acompanhar a saída dos barcos, Barra do Tejo fora. Quase todos levavam as velas desfraldadas nos imponentes mastros, o que transformou o Estuário e a Barra do Tejo num cenário espectacular, inesquecível, do qual consegui perpetuar imagens que guardo com apreço e frequentemente revejo.
Destaco pela positiva, o espírito e a simpatia do barco mexicano (Buque Escuela CUAUHTEMOC), tanto de dia como de noite. Já em 1998, em Lisboa, era talvez o barco que tinha mais brio.
Também não percebo como pode um barco como o CREOULA não satisfazer os desejos de alguns visitantes mais conhecedores, que se vergam perante a sua história e que apenas gostariam de levar algumas recordações? Porque não encher os seus porões com stocks suficientes de camisolas, t-shirts, bonés, gravatas, postais, posters, canecas, filmes, e outros artigos, que certamente se venderiam, a tantos potenciais compradores, até à exaustão. Será que os porões ainda cheiram a bacalhau? Tanto melhor. Nos dias de hoje, com a falta de financiamento de que toda a gente se queixa, o que mais me espanta é quando se conjuga a vontade de comprar com a indisponibilidade para vender. É estranho, mas é verdade: No caso do CREOULA em particular e desta regata em geral, a lei da oferta e da procura anulam-se pelo lado da oferta. Via-se que muita gente estaria disposta a alargar os cordões à bolsa, mas tinha muito poucos sítios onde o fazer, dentro do recinto. Que grande oportunidade de financiamento desperdiçada pela maioria dos barcos e pela própria organização!...
Por exemplo, no meu caso, visitei o Nosso CREOULA por duas vezes. Com tanta gente, não consegui encontrar nenhum sítio nem ninguém que me mostrasse o que tinham para vender. Depois de saber que tinham mesmo alguma coisa para vender, fiz uma derradeira tentativa para investir na sua direcção, quando esbarro com a tabuleta "FECHADO" (para almoço)! Ainda tentámos explicar a um membro da tripulação que nos íamos embora e que não poderíamos regressar. Não poderia deixar o arroz de marisco a marinar e fazer o especial favor de nos atender? Podia sempre aquecê-lo depois no micro-ondas. Mas a resposta foi confrangedoramente negativa. Não havia excepções. Pois! O que está mal não é a excepção – é a regra!
Não devia ser permitido fechar para almoço num evento desta natureza. Quase me apeteceu tomar o navio de assalto, hastear uma bandeira de piratas, soltar-lhe as amarras, içar as velas e partir. Que espectáculo não seria! Só não o fiz por duas razões: Não tinha ninguém a fazer a reportagem e não sabia o que fazer a tantos "marinheiros de barriga cheia". Podiam enjoar! Certamente teria o apoio de alguns velhos tripulantes do CREOULA, que talvez por lá andassem, eventualmente mais tristes do que eu, quando se lembrassem de todas as vezes que comeram a "chora" dentro do barco que a Marinha Portuguesa resolveu salvar da destruição, mas do qual ainda não conseguiu recuperar a alma. Não sei se ainda irão a tempo!
De resto, chocou-me um bocadinho a displicência e a ignorância com que alguns visitantes (e mesmo responsáveis, como se pode ler num comentário anterior) se apresentam num evento desta natureza. Por exemplo: Senhoras a tentarem entrar nos barcos com saltos altos; Uns senhores que diziam "estes russos nem sequer sabem escrever"; Um menino que dizia à sua mãe "Já viste aquele boneco na proa? É mesmo bonito", ao que a mãe respondeu "Pois é filho, nem tinha reparado"; Um pai que ordenava ao seu filho dentro de um dos grandes veleiros "pára de brincar com essas cordas". Apetecia dizer-lhe: Caro senhor, num barco, só há duas cordas…
Acho que esta gente precisava de fazer como o meu filho mais novo, que este ano já se iniciou nestas andanças da vela. Dizia-me ele, uma adivinha: "Qual é a coisa, qual é ela, que já me bateu tantas vezes na cabeça, que nunca mais me esqueço do nome?"
No mínimo, acho que a maioria dos visitantes deveria levar umas quantas vezes com umas retrancas naquelas cabeças. Ou pelo menos (uma última sugestão) a organização deste evento poderia ter reservado um dia para aficionados, tal como as feiras têm os dias para os profissionais. Para uma próxima, sugiro que façam um teste de aferição de conhecimentos marítimos e que só nesse dia, só deixassem entrar quem tivesse mais de 90% das respostas certas. Eu posso redigir o teste, se não encontrarem ninguém para o fazer…
Neste caso, não haveria quaisquer excepções. Nem para pessoas importantes, nem para políticos, já que a maioria deles nem sequer sabe onde para que lado é o Norte.
Por último, não posso deixar de felicitar a autora deste blog, por partilhar o seu saber. Sendo eu um fã incondicional da Internet, julgo que esta é uma das formas mais nobres de a utilizar, criando uma ferramenta viva e dinâmica, ao contrário da maioria dos museus, que são estáticos e moribundos.
Muito mais haveria a dizer e a fazer. Fica para outra oportunidade.
Muito bem, Miguel, estás cheio de entusiasmo! Obrigada! E que técnica de "linkar" em comentários,coisa que nem sabia que se podia fazer.Claro, é a tua "área"...
Sugeres coisas interessantes. Mas, olha, quanto às cordas (parece que estamos a ouvir o Capitão Francisco),- cordas a bordo? Só três.
A "corda" do relógio, a "corda" do sino e "acorda" malandro, que são horas de levantar.Faltou-te uma.
Beijinhos
Mãe
Segue transcrição de um texto da autoria de Rui São Marcos que, por razões de incompatibilidade informática, ou falta de liquidez (quem sabe), não entrou directamente como comentário da conta do próprio. JR
Aqui vai o meu comentário... como não consigo postar directamente no local apropriado, "botas" lá tu com o meu nome.
Rui do "QUERO-QUERO.
"Boa noite, bom tempo mar e horizonte
Percebo pouco disto. As novas tecnologias aproveito-as para navegar, que é algo que gosto de fazer.
Talvez por ter um pouco de sangue na agua salgada que me corre nas veias, nascido na Costa Nova do Prado (prado esse para quem é vegetariano) resolvi escrever umas linhas.
Desde já peço desculpa se algo não sair com a fluência e dignidade que os escritores deste blog tão bem fazem, mas nem todos têm o dom da escrita.
Mas icemos as velas e vamos ao que interessa.
Em primeiro lugar quero agradecer a todos os amigos conhecidos e desconhecidos que tive o prazer de encontrar na nossa terra.
Embora nascido na Costa Nova pertencendo à Gafanha da Encarnação, também conhecida pela gafanha da Maluca, tive o grato prazer de encontrar um Presidente da Camara, que aprendeu as primeiras letras com uma familiar minha como professora, e sendo quase um verdadeiro GPS- para quem não sabe GPS é a sigla de Gafanhão Puro Sangue, pelo trabalho desempenhado ( ele e os outros vereadores) nesta regata e neste acolhimento deu 20 a 0 aos emproados da grande cidade da Lampada.
Nem sei de que partido é nem quero saber.
Outro esclarecimento que gostava de fazer é que Quero-Quero é o nome de um passaro existente na América latina e que para as crianças é uma boa explicação para o nome desta minha embarcação.Outra boa expliacção foi-me dada pela minha neta mais velha, na época com 3 anos que em vez de lhe chamar Quero-Quero lhe chamava Dá-me - Dá-me. Bem pensado digo eu. Na realidade Quero-Quero é a abreviatura do nome completo que me ia na alma e que de uma maneira simpática e muito correcta hoje transmito aos interessados e curiosos da toponia maritima:
QUERO-QUERO QUE ELES (os invejosos) PASSEM MUITO BEM. Cada um que leia à sua maneira.
Tive a felicidade de entar na minha terra a velejar, com o pano todo a top, com a bandeira portuguesa e com a bandeira da minha terra, "ILHAVO", na aderiça destinada à primeira saudação. Durante os dias que aí estive foi o unica embarcação com a bandeira de ILHAVO. Só foi pena não ter chegado à Malhada, Barquinha e Costa Nova
Este meu orgulho por ter entrado nesta festa é que quando forem as comemorações dos 300 anos da abertura da Barra, impropriamente dita, de Aveiro, já tenho um compromisso agendado e provavelmente não poderei não estar presente.
Para que fique registado a bandeira da minha terra foi arranjada pelo meu amigo e camarada de profissão Cte João Reinaldo.
Para terminar posso dizer, com muita honra que entrei com as lágrimas nos olhos, e saí com outras tantas também. O nevoeiro comparado com as lagrimas salgadas o que me correram pelas barbas era um dia lindo,mas nunca perdi o rumo nem o leme .
Nunca vi nada assim.
Parabéns à minha terra e às suas gentes. Este foi talvez um dos folares mais doces que eu tive na minha vida de marinheiro.
Percebem agora porque ILHAVO TEM O MAR POR TRADIÇÃO. Eu percebi.
Rui São Marcos
Caro conterrâneo Cte. Rui São Marcos, a quem certamente poderia chamar amigo:
Dou-lhe os meus parabéns pelo comentário anterior.
Como ilhavense que sou, acho que não consegui conter a emoção.
Agradeço também ao Cte. João Reinaldo por possibilitar a respectiva publicação.
Acho que a sua descrição fica um bocadinho mais completa se for ilustrada com uma fotografia do seu majestoso e glorioso veleiro QUERO-QUERO, integrada nesta bela regata, durante a estadia no concelho de Ílhavo.
Só tem que me perdoar a inveja, mas não consigo evitar. E não devo ser o único.
Não me importava nada de percorrer os sete mares montado numa fantástica embarcação como a sua.
Um dia, gostava que me explicasse como se consegue fazê-lo. Ou seja, como se consegue (sobre)viver em permanente aventura e emoção?
Bons ventos e poucas tempestades é tudo o que desejo.
Um abraço.
Estás a ver, Rui... já não bastava eu para exibir a minha "lágrima no canto do olho" também um jovem confessa a sua emoção ao ler o teu comentário! Pena é que não tenha chegado mais cedo.
Cheira-me que este artigo vai continuar a ter comentários... aposto que, fangueiro antónio ainda não "se vai ficar"...
Pois, Paulo Miguel; eu bem tentei fazer uma aldrabice para que o comentário saísse em nome do autor...apliquei ao nome do utilizador o seu endereço electrónico e como palavra passe a palavra Funchale (para ter os 8 caracteres) mas, não consegui... tenho que confessar que, com as nossas idades (minha e do Rui)já não dá para mais; exepção será a autora do blog que continua sem limitações a progredir e navegar no seu mar de sabedoria e conhecimentos.
Mas o que interessa é que a mensagem foi transmitida.
Apreciei a fotografia "embebida" no seu comentário e através da qual
podemos ler, pela ostentação da sumptuosa Bandeira Nacional içada na adriça de Honra, o brio do velho marinheiro que nos honrou com a sua presença na famosa Regata de Ílhavo.
Continuação de ... boa viagem para todos!!!
JR
Boa tarde
Quem não tem cão caça com gato.
E foi assim que eu me socorri de um profissional para poder responder ao que já li, após a postagem do meu comentario pelo João Reinaldo.
O meu comentário foi a transcrição do estado de espirito que me ia e vai na alma.
Não seri velho marinheiro , talvez um pouco usado, porém para se andar no mar veleajndo temos que, ter três permissas fundamentais: Termos respeito pelo meio ambiente que nos rodeia( não ter medo do mar, mas respeitá-lo); nunca ultrapassarmos os nossos limites e sermos de Ilhavo ( quem se sentir que passe bem).
Apesar de a minha passagem por Ilhavo hoje em dia ser escassa sempre que tenho possibilidade vou à Costa Nova para me vacinar. Cada golfada de ar que lá apanho dá para mais seis meses.
Contrariamente ao que o Paulo Marques diz eu acho que ainda hoje temos bons lobos do mar, só que as façanhas dos nossos antepassados foram de tal ordem que o que fazemos hoje parece brincadeira. é É certo que ja não temos nenhum arrais Ançã a dizer "Mar Mar se fosses cachaça bebia-te de um trago", e não temos porquê? Porque inventaram o colestrol, os avc's e outras doenças que tal. Modernices... pois no passado também se morria de uma coisinha má ou da pinga ou da gota, ou com falta de ar ou com um ar que lhe deu.
Obrigado por ter havido alguém que lançou este blog, se eu souber juntar fotos vou mandando da minha embarcação e das outras que entraram na regata.
Bem haja a todos e
Bom tempo, mar e horizonte.
Ora toma !!!...
Por esta é que eu não esperava!
Foi rápido!!!
O Rui já deu volta ao assunto; meteu explicador (aposto que sei quem foi) e já deu com o cão... não precisa agora de caçar com gato.
Cá ficamos à espera das tuas fotos e das características principais do "QUERO-QUERO" como já te pedi. Não é para cálculo das taxas, descansa; é para o meu arquivo.
Não pares ... não parem ... eu cá estou à espreita (para não dizer à cóca, que pode dar origem a outras interpretações.
JR
Boa noite
Na vida sempre fui determinado, e gosto de aprender.
Um dia vi um conhecido meu, que era um "cepo" no desporto e no mar ainda pior, a fazer windsurf.Disse para comigo se ele faz eu tb conseguirei fazer. E consegui, ja vão mais de 25 anos...
Tenho lido este blog com um certo interesse. Estava a milhas de pensar que o interesse maritimo da minha terra estava agora com os botes na agua da internet. A culpa é só minha pois não ligo muito a estas coisas, da internet.
De qualquer modo uma vez mais obrigado ao JR por me ter ensinado esta rota e muito mais obrigado à Sra. Dra. Ana Maria, que é uma senhora que com os pés na terra lhe corre o mar e Ilhavo na alma.
Ao Paulo Marques troco umas dicas de navegação no mar por uma aula de informática para conseguir linkar neste blog as fotos que tenho do mar e seus barcos, e também dos seus habitantes.
Para todos Bom tempo mar e horizonte
RSM
Caro Cte. Rui São Marcos,
Estou inteiramente à sua disposição para essa aula. Só não sei se os meus conhecimentos de navegação informática estarão à altura das suas dicas de navegação em mar alto, de que espero poder vir a usufruir, como moeda de troca.
Portanto, só posso prometer preparar-me tão afincadamente quanto possível.
No entanto, caro Comandante, não se preocupe, porque o meu dia-a-dia é apagar fogos e salvar náufragos "virtuais", que constantemente "metem água", quais dóris cheios de bacalhau até às amuradas. Também os há, dias em que temos que arpoar monstros a que chamam vírus, ou contornar icebergs que congelam os nossos ecrãs.
Por acaso, nunca me tinha ocorrido a quantidade de semelhanças linguísticas, que podemos encontrar entre estas duas formas de navegação. Será, certamente, um tema interessante a explorar neste blog. E também temos que alegrar um bocadinho o nosso dia-a-dia.
Entretanto, para nos apurar o gosto pela navegação real, por favor envie à autora deste blog as informações que lhe permitam publicar um (ou mais) artigo(s) de honra sobre a sua embarcação e as peripécias que vai vivendo dentro dela. Acredito que ela se sentirá privilegiada por ter a responsabilidade de divulgar tais aventuras. Não sei como, mas ela conseguiu a ajuda regular de alguns lobos deste mar virtual que é a Internet, para que todos os que neste blog naveguem, sintam o mesmo prazer que o meu caro Comandante tem, sempre que algum gracioso golfinho decida acompanhar a sua viagem.
Já quase sinto o cheiro sal...
Carissimos comentadores e autora deste blog
Se a navegação entre a net e o mar tem algumas semelhanças que me dizem se agora em casa o que tem comparação entre terra e mar fosse habito. Isto é:
casa=navio
frente da casa=proa
Traseiras=popa
Janela=vigia
varanda=tombadilho
corda=cabo
reculetas=dori, enviada etc
Está lançado o repto.
Força embarcadiços
um abraço
RSM
DrªAna Maria :
Ao ler o comentário do seu filho percebi de onde vem o grande profissionalismo(técnico...) do blogue,que já assinalei nem sei bem em que comentário.A que,de resto,a Drªdá cabal aplicação.Cumprimentos em dobro !..."kyaskyas"
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