A sessão cultural a que ontem assisti “Entre Pedras, a Ria e o Mar”, na Bruxa, na Gafanha da Encarnação, mexeu comigo. A Costa-Nova antiga é sempre agradável de ver, se bem que prefira a imagem fixa, que me permite explorar e saborear melhor o conteúdo.
O Labareda, nascido do fértil imaginário de Senos da Fonseca, numa noite luarenta e calma de Agosto, na Costa-Nova, além de lhe ter dado um enorme prazer a arquitectar, tem o mérito de registar vocábulos e expressões do linguajar local, que, se não forem registados, se perdem.
As Pedras Férteis do meu Amigo Zé Paradela são fortes e até comoventes e constituem uma realidade que, às vezes, nos passa um pouco ao lado.
As memórias e, sobretudo, a história da Costa-Nova, estão muito bem entregues e todos ficamos à espera do anunciado livro. Apesar de ter aderido às novas tecnologias, para mim, o papel ainda é o papel.
A propósito: – um capítulo da minha vida escolar também tem lugar nas minhas memórias da Costa-Nova.
Vou para lá desde que nasci, sempre para a mesma casa.
O Labareda, nascido do fértil imaginário de Senos da Fonseca, numa noite luarenta e calma de Agosto, na Costa-Nova, além de lhe ter dado um enorme prazer a arquitectar, tem o mérito de registar vocábulos e expressões do linguajar local, que, se não forem registados, se perdem.
As Pedras Férteis do meu Amigo Zé Paradela são fortes e até comoventes e constituem uma realidade que, às vezes, nos passa um pouco ao lado.
As memórias e, sobretudo, a história da Costa-Nova, estão muito bem entregues e todos ficamos à espera do anunciado livro. Apesar de ter aderido às novas tecnologias, para mim, o papel ainda é o papel.
A propósito: – um capítulo da minha vida escolar também tem lugar nas minhas memórias da Costa-Nova.
Vou para lá desde que nasci, sempre para a mesma casa.
O bonito palheiro…
Antes de ter a arquitectura actual, era um bonito palheiro de rés-do-chão em adobe, com varanda, o terceiro da Calçada Arrais Ançã (lado sul), a partir do actual Largo da Marisqueira, de onde se usufrui uma paisagem inebriante e mutante, de dia e de noite, ao amanhecer e ao entardecer. Era esta a vista da minha casa, até 1973, inserida num horizonte sem fim.
Mota actual – 1942
Com o aterro parcial da laguna (seria necessário?), foi-me roubada.
Costa-Nova dos meus encantos!!!!! Adeus bateira Namy atracada ao moirão multicolor, em frente à casa! Adeus serventia do embarcadouro da barca! Adeus pesca ao caranguejo da muralha, com fio, pedra ou concha e uma lasquita de bacalhau! Também passaram à história as belíssimas atracações da barca, ao perto, em dias de nortada ou de inverno, com marola forte e vento rijo, não sei se à Labareda nem se não. Mas lá que eram bonitas, certeiras e arrojadas, eram.
Costa-Nova dos meus encantos!!!!! Adeus bateira Namy atracada ao moirão multicolor, em frente à casa! Adeus serventia do embarcadouro da barca! Adeus pesca ao caranguejo da muralha, com fio, pedra ou concha e uma lasquita de bacalhau! Também passaram à história as belíssimas atracações da barca, ao perto, em dias de nortada ou de inverno, com marola forte e vento rijo, não sei se à Labareda nem se não. Mas lá que eram bonitas, certeiras e arrojadas, eram.
Era este o cenário em 1973…
Mas, voltando à história, frequentei a 1ª e 3ª classes da Escola Primária, nesta linda praia, entre ria e mar situada.
Escola Primária – No rés-do-chão
Foi minha professora a Senhora D. Palmira, de quem guardo gratas recordações, bem como de algumas colegas que ainda hoje reconheço.
O “lugar” para a Escola Primária que frequentei foi criado em 1930, na então Avenida Boa-Vista, a norte.
Um belo dia, a Senhora Professora informou a minha Mãe que eu, com 5 anos, chegava demasiado cedo à escola. Gostava sempre, antes das aulas de ir ver o mar. Vem de longe, esta tendência…
Chegado o final do ano lectivo de 1950-51, o exame da 3ª classe estava à porta. O meu primeiro exame. E onde fazê-lo? Tinha de ser na Escola da Gafanha da Encarnação. Ainda ontem lá passei e, sempre que lá passo, me lembro.
Claro, tínhamos que ir de barca, à vara, tão calmo estava o dia de Julho, e, a pé, até à escola. Vestido novo… toda enfeitada.
Uma nova escola, novos professores, novo ambiente…algum nervosismo.
O texto que me calhou foi “A libelinha e as folhas de nenúfar”. Correu bem e, no final, bom resultado.
O “lugar” para a Escola Primária que frequentei foi criado em 1930, na então Avenida Boa-Vista, a norte.
Um belo dia, a Senhora Professora informou a minha Mãe que eu, com 5 anos, chegava demasiado cedo à escola. Gostava sempre, antes das aulas de ir ver o mar. Vem de longe, esta tendência…
Chegado o final do ano lectivo de 1950-51, o exame da 3ª classe estava à porta. O meu primeiro exame. E onde fazê-lo? Tinha de ser na Escola da Gafanha da Encarnação. Ainda ontem lá passei e, sempre que lá passo, me lembro.
Claro, tínhamos que ir de barca, à vara, tão calmo estava o dia de Julho, e, a pé, até à escola. Vestido novo… toda enfeitada.
Uma nova escola, novos professores, novo ambiente…algum nervosismo.
O texto que me calhou foi “A libelinha e as folhas de nenúfar”. Correu bem e, no final, bom resultado.
Voltámos. A minha Mãe e Avó esperavam-me…com ansiedade. A sua menina a chegar do primeiro exame… e de barca!!! Quem se gaba do mesmo?
Um pequeno percalço, no regresso: escorregou-me um lápis novinho em folha, costado abaixo e enfiou-se debaixo dos pesadões paneiros da embarcação.
Por mais que pedisse, lamuriosa, ao barqueiro, ele não se compadeceu da minha pena. Será que um insignificante lápis merecia o trabalhão de levantar um ou dois paneiros da grande barca?... Lá ficou, mas não me esqueci…
O que interessava é que estava na 4ª classe, com as férias à porta…
Mota – Cliché João Teles
Restantes fotografias – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 15 de Junho de 2008
Ana Maria Lopes
4 comentários:
Ana assim não vale..está bem que eu venha beber as tuas palavras sobre a nossa História no mar..e do nosso Ilhavo...mas ao ler este teu post..a emoção veio à tona..foste tu que escreveste..mas era eu que estava lá..a escola..a tua bateira...a pesca do carangueijo...a isca com a pedra e o bacalhau...o tirar fora o fio quando vinham as medalhas traiçoeiras que nos levavam o bacalhau..as caraguejolas...a D. Palmira tb minha professora..isto tudo fez-me ir procurar uma foto dos anos 50, tua ,minha e da maria antonia vasconcelos em frente à tua casa com a bateira nami ao fundo.. hei-de enviar-ta saudades..memórias..assim não vale..pena não ter podido ir à BRUXA"
ahhhhhhhhh..já me esquecia...de falar na Mota..e na barca do Ti Manel Ameixa...uma das recordações mais trágicas( e tenho muitas relacionadas com mortes no mar..)não sei se te lembras foi o naufráfio em frente à Costa Nova de um barco onde morreu o pai do Eng. Barreto..havia uma garagem que foi transformadaem casa mortuária na Rua da Bela Vista..e os cadáveres amontoavam-se na mota para irem de barca para Ilhavo...que coisas me foste lembrar...brrrrrrrrrrr
Que belas memórias.
E sempre "A Memória da Ria", tão bem partilhada nos seus MOLICEIROS que um dia descobri numa livraria, há para aí uns 10 anos, que o tempo quanto mais depressa se vai, mais precioso nos parece...
É um gosto enorme passar por aqui.
E hoje fico com vontade de usar quatro rodas estrada acima e ir de passeio à Costa Nova, que conheço tão superficialmente.
Uma delícia a ida de barca para o seu primeiro exame.
A minha primeira ida para a escola também implicou uma viagem, de navio. Tenho de contar a história no blogue dos Navios e do Mar.
Obrigado por este espaço.
LMC
Fantástica descrição sobre um episódio da sua infância. Uma época tão distante e desconhecida para mim e e mesmo assim consegui imaginar-me naquela barca, naquele dia de exame. A forma como descreve os acontecimentos transportam-me para o local, fazem-me sonhar.
Obrigada por compartir as suas memórias desta forma tão sublime!
Abraço da Etelvina
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