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Abriu, há nove anos (11.1.2014.), a exposição fotográfica da construção da ílhava, exibida no MMI, aquando da apresentação pública desta nossa bateira.
Quem
viveu a aventura desta recriação fê-lo com paixão. Para além do mais,
acompanhou durante meses, a perícia, o gosto, a minúcia, a arte com que a
Etelvina fez estes registos fotográficos para memória futura. São apenas 20 imagens de razoável dimensão, que
fazem parte de centenas que clicou
durante meses, desde o lançamento da tábua
da quilha da embarcação, até ao seu regresso às origens – Ílhavo.
Quem
acompanhou a montagem desta exposição, teve a sensação de que se trabalhou em
arame de circo, por “contratempos” de vida que o empenho e a coragem superaram.
Mas, valeu a pena! Foi unânime a opinião dos observadores – um apontamento de
cariz etnográfico que embrulha muito de sociológico, de antropológico, de
sócio-cultural e de histórico.
Melhor do que as nossas palavras, o texto introdutório da própria autora revela o que ela procurou e viveu, neste registo. Ei-lo:
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Bateira ílhava, uma embarcação secular
Uma embarcação com vínculo e apelido das gentes de Ílhavo.
Segundo dados históricos, esta embarcação é referenciada a partir do século XVIII, tendo-se extinguido no século XX.
Herdando o
nome da sua terra natal, esta bateira terá sido criada com o propósito de
servir as gentes da borda-d’água lagunar, passando posteriormente para o mar.
Terá sido um artefacto de trabalho, uma ferramenta polivalente, servindo para
toda a faina. Mais tarde, migrou para as águas do Douro e do Tejo, tendo-se ali
extinguido, não deixando rasto.
Não restando
exemplar físico da embarcação, alguns estudiosos desenharam e maquetaram um
protótipo com base em documentos escritos, registos imagéticos e gráficos.
A ideia de
construir uma réplica desta embarcação secular tem vindo a ser alimentada ao
longo dos anos.
Em Junho de 2013, a Associação dos Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo (AMI) formou uma equipa de trabalho para concretizar este sonho – reconstruir um elemento patrimonial identitário da região, já perdido.
Por
iniciativa desta Associação, estudou-se, elaborou-se, supervisionou-se e
custeou-se todo o projecto. Actualmente, pode-se apreciar o belo exemplar da
bateira ílhava exposto na Sala da Ria deste Museu.
Construída na
borda-d’água, em Pardilhó, num estaleiro naval tradicional, por um conceituado
mestre, foi imperativo manter o processo construtivo, os materiais e
acabamentos tradicionais, fidedignos com a realidade de outrora.
Apresentada
ao público, no dia 11 de Janeiro de 2014, a réplica da bateira ílhava, uma peça
única em ambiente museológico, transmite através do sistema construtivo, dos
materiais, da sua forma e história funcional, um conjunto de elementos de cariz
etnográfico, identitários da nossa região.
Recuperou-se
um património imaterial, materializando-se nesta réplica. Um bom exemplo e um
contributo para trabalhos futuros.
Esta breve
exposição de fotografia tem como objectivo dar a conhecer, através de alguns
apontamentos imagéticos, algumas fases do processo construtivo da emblemática
embarcação.
Pretende-se,
ainda, de forma sucinta, transmitir alguns momentos de rara beleza e
encantamento vividos dentro de um estaleiro, durante a construção de um artefacto
artesanal – luz, odor, textura, cor, brilho, pó... tudo isto se entranha na
alma!
AMI,
Presidente – Dr. Aníbal Paião
Equipa de
trabalho – Capitão Marques da Silva, Eng.º Senos Fonseca, Dr.ª Ana Maria Lopes,
coordenadora do projecto.
Construtor
naval – Mestre António Esteves (o Pardaleiro)
Vela – Marco
Silva e família.
Fotografia:
Etelvina Almeida
Para amostra, fazendo crescer água na boca:
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Texto introdutório e imagens – Etelvina Almeida
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Ílhavo, 11 de Janeiro de 2023
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Ana Maria Lopes
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