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Gostava da época de Carnaval, sem dúvida.
Uma paragem de aulas, uma época de folia.
Mas nunca fui de muitas folias. O meu
Carnaval era mesmo à séria. O meu sortilégio começava exactamente logo no
início de Janeiro com a feitura, reciclagem ou compra da vestimenta. Tudo a
rigor, sim, gostava e defendia – figuras, na moda, em novelas (Dona Beija),
frágeis mulheres, personagens de belas óperas (Madame Butterfly) e trajes,
sobretudo, etnográficos (noiva do Minho, nazarena, tricana com traje de museu,
etc.). Ditava os riscos, comprava os tecidos e experimentava, sempre que
necessário. Gastava o espelho… Espelho meu!... Espelho meu!...
Desfilava individualmente, entre grupos,
nos corsos ilhavenses, em anos que já lá vão (anos 80/90).
Com os meus quarenta anos e sangue na
guelra, sempre adorei o traje, a arte de trajar, cada um a seu jeito.
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Por Ílhavo, recordo o Só Ca Boca, figura
característica, que evocava o pescador do bacalhau, de rabana e sueste, oleados,
tentando os garotos que se esforçavam por apanhar só com a boca, um figo pendurado de um pau e fio, em agitado
movimento.
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E o Homem
do Gabão? De nada mais precisava do que um típico gabão de burel, atado à
cintura com uma corda, uma máscara e umas luvas, para que algumas
características das mãos não identificassem o mascarado ou mascarada.
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E as batalhas
de flores, com carros alegóricos, em volta do jardim? Essas já não são
propriamente do meu tempo, mas ficaram na memória de muitos.
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Um rasgado elogio para a figura do Cardador de Vale de Ílhavo, pela sua
vestimenta e máscara originais e mágicas, que chegaram a desfilar também em
alguns corsos de Ílhavo. Por Vale de Ílhavo se mantêm, e ainda bem, e de lá não
saem, num carnaval, que é micro local.
Na minha variedade de indumentárias,
sempre me disponibilizava para desfilar em cortejos de beneficência, para
algumas instituições. Outros tempos, outras modas! Hoje, passaram de moda…
Espaço não nos faltava – um jardim em
redondel e duas belas avenidas bem rasgadas, mas, muito mais seria preciso.
A atraiçoada Butterfly, da ópera de
Puccini. 1981
A Dona Beija, de uma novela, então,
na moda. 1982
A noiva do Minho, entre «bichaneiras».
1983
A típica nazarena das sete saias.
1984
Cortejo do Centenário dos Bombeiros. 1993
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E, por aqui, ficamos…ou ficámos…?
Ílhavo, 3 de Março de 2019
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Ana
Maria Lopes-
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