sexta-feira, 15 de março de 2019

O bota-abaixo do Rainha Santa


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Faz, hoje, 58 anos, que o Rainha Santa desceu na carreira…
Um dos últimos navios-motor a ser construído nos estaleiros do Mestre Benjamim Bolais Mónica, na Gafanha da Nazaré, para a firma Pascoal & Filhos, Lda., foi lançado à água no dia 15 de Março de 1961.
O navio, construído em madeira, tinha capacidade para 14 000 quintais de peixe.
O bota-abaixo aconteceu segundo os procedimentos habituais, mas já com bastante menos fulgor.
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O navio embandeirado em arco…
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Características – Comprimento, entre perpendiculares, 48, 91 metros, 10,47 de boca e 5, 35 de pontal. A arqueação bruta era de 829, 61 toneladas e a líquida, de 435, 33.
Albergava 21 tripulantes e 59 pescadores.
Foram seus comandantes, João Fernandes Parracho (Vitorino), de 1961 a 1965, João José da Silva Costa, de 1966 a 1972 e António Tomé da Rocha Santos, em 1973.

Naquele período, a vida era bastante intensa no porto bacalhoeiro da Gafanha da Nazaré e, sempre que tocava a sirene, em Ílhavo, e constava que o incêndio era a bordo ou em alguma seca, uma tal correria despontava para lá, com interesse na observação do acidente.

Foi o que aconteceu no dia 25 de Fevereiro de 1974. Sireeeeene…toque de fogo!!!!!!!!!!! Incêndio no Rainha Santa! E numa debandada, muita gente acudia, num misto de curiosidade e pavor.
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Incêndio a bordo…

Um grande incêndio deflagrou a bordo, devido a curto-circuito na casa das máquinas – era notório. Colossal azáfama – bombeiros das corporações de Aveiro e de Ílhavo, assistentes, curiosos – um corrupio.
Segundo informação colhida no momento, o navio, dificilmente poderia ser recuperado para a pesca e, sobretudo, para a campanha próxima, para a qual se preparava. Milhares de contos de prejuízo.
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À época, não foi muito badalado o destino do navio. Abandonado no cais durante uns tempos, esteve perto de ser desmantelado, mas acabou por ser procurado por um empresário de Avanca, segundo informação colhida na zona, Sr. José Resende, que o adquiriu à empresa proprietária com a intenção de o preservar. Projectos destes nunca foram muito acessíveis.
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Acabou por ter sido recuperado parcialmente e ter feito, a reboque, as últimas milhas, através do Canal de Ovar da Ria de Aveiro, em inícios dos anos 80, tendo acostado junto ao chamado Monte Branco (Torreira), transformado em restaurante/bar. Outra vida, em que também não teve grande sucesso…
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Imagens da Foto Resende
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Ílhavo, 15 de Março de 2019
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Ana Maria Lopes-

2 comentários:

Joao Moura disse...

Mais uma vez parabéns pelo seu excelente blog, elucidativo das coisas e das gentes do mar. Penso que o Rainha Santa foi lançado ao mar pela altura de um outro navio de dimensões semelhantes, embora de casco de aço e destinado a combustíveis o Fina Lobito, feito aí em Aveiro, em S Jacinto, julgo eu.Por acaso não tem alguma fotografia desse barquito, aquando da sua construçao/provas de mar? Avistei-o, mal, nos mares ultramarinos já lá vão mais de 40 anos.Cumprimentos.
joão Moura

Ana Maria Lopes disse...

Caro Senhor: Obrigada pelo seu comentário. Não tenho nenhuma foto do navio a que se refere. Cumprimentos.
AMaria Lopes