domingo, 22 de abril de 2018

Curiosidades - O Mar de Sines


Na última sexta-feira, assisti no MMI, integrado no Mar Film Festival, a um documentário extraordinário sobre o Mar de Sines – A resiliência das gentes do mar. Confesso que gostei. Relevava as «artes» de pesca tradicionais de que eu tinha conhecimento existirem em Sines. Sempre as observei do lado de terra, enquanto que, no documentário também me era dado observá-las, em acção, no interior da embarcação, o que completava a minha visão. Algumas delas:  caixote do aparelho de anzóis e a sua preparação, a rede do tresmalho, a rede de cerco, o alcatruz para o polvo, a penosa arte de mariscador, a descarga de peixe, sobre os antigos chapéus de lata, a venda em lota, no areal, a toneira para a lula, o chinchorro, os covos já de plástico, e outras, que não memorizei. Todas me eram familiares, tendo gostado de as ver ao vivo, bem como o amor ao mar, manifestado em entrevista, por quem as praticava.
Curioso é que, há uns três anos, recebera um pedido, por e-mail, de um realizador de Sines, Diogo Vilhena, para utilização do livro de que sou co-autora, Faina Maior – A Pescado Bacalhau nos Mares da Terra Nova, encontrado nas mãos de pessoa ainda entre nós, que se identificara numa fotografia, neste livro, que, em primeira edição (Quetzal, 1996) lhe havia sido oferecido por pessoa amiga. Claro que autorizei. Além de outras imagens que tive o prazer de rever no filme, esta era a principal, o dono do livro e protagonista na imagem.
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Imagem 76, do espólio de Francisco Marques

O jovem moço que sustentava o gigantesco bacalhau é João da Silva Faria, nascido em 19 de Novembro de 1931, em Sines, moço, nas campanhas de 1951 1952, no lugre Labrador – assim testemunha a ficha do Grémio. Que coincidência e como o mundo é pequeno. Tudo batia certo.
Cerca de três dias, antes da exibição do documentário em Ílhavo, recebi o gentil convite do produtor António Campos, para estar presente, se possível, à sua exibição. E estive.
No final, entabulou-se entre nós uma agradável conversa sobre as artes tradicionais, que conhecera na minha estadia em Sines, nos anos sessenta, em pesquisa para a minha tese de licenciatura, O Vocabulário Marítimo Português e o Problema dos Mediterrarreísmos, que tiveram o prazer de folhear e levar. As imagens desse tempo manifestaram-se, para eles, uma raridade. Outro projecto teriam em vista, para as quais poderiam ser muito úteis. Possivelmente, a seu tempo, conversaremos, de novo. E assim foi o encontro de gentes de Sines, em Ílhavo.
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Botes em Sines. Anos 60
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Sines. Lota no areal.
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Ílhavo, 22 de Abril de 2018
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Ana Maria Lopes
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1 comentário:

marmol disse...

Gosto muito. Aqui há anos (mais de 10) pintei um quadro a óleo (a cores) baseado numa fotografia do mesmo pescador noutra posição, que tenho no meu escritório em frente a mim.