Foi esta a machadada quase mortal que nos levou a ria para longe, sem grandes consequências benéficas, penso.
Para não deixar passar a Festa, em branco, recordo, em imagem, a primeira romaria da Senhora da Saúde, em 1973, em que a ria quase se não via, mesmo das varandas. Para os que já não conheceram como era a paisagem lagunar, a nossa ria espreguiçava-se até nós, nas suas águas calmas e mansas, numa quietude brilhante ou num farfalho inquietante e espumante provocado pela nortada fresca, até à vala, junto à muralha.
Os arcos da armação de há perto de 40 anos, à esquerda, e, no redondo do largo central, um dos últimos coretos, são os poucos testemunhos desta situação.
Mais um apontamento…
No Diário de Aveiro de 27 de Setembro de 2008, lia-se a seguinte notícia:
– Iniciados os festejos em honra da Nossa Senhora da Saúde, em 1837, vieram substituir a primitiva Festa de S. Pedro, em Ílhavo (que se tornou na Festa das Companhas), passando a ter data fixa, no último domingo do mês de Setembro.
Competia em popularidade com o S. Paio ou com o S. Tomé, na grandiosidade da animação dos festejos lagunares, no corrupio de gentes e na algazarra. Do norte do “Bico” ao sul da “Mota”, a Costa-Nova engalanava-se com o “estendal” de moliceiros.
Um bando de moliceiros! – 1933
Que beleza!...Só podem dirigir-se à festa!... Actualmente, nem um!...
Imagens – Arquivo pessoal da autora
Costa-Nova, 25 de Setembro de 2009
Ana Maria Lopes
5 comentários:
É verdade... Eu também lá estive hoje e não os vi... aos moliceiros.
A substituí-los encontrei filas intermináveis de automóveis; e em vez de arcos, barracas de feira, muitas, com toda a variedade de artigos, desde roupas a doçaria passando por quinquilharias de toda a raça e que nada têm a ver com a Nossa Senhora da saúde. Só lá não vi o homem da vermelhinha! Se calhar foi por ser dia de eleições.
Valeu pois recordar como era antigamente. Mas... achei pobrezinho de fotografias, desta vez...
JR
Também discordo bastante da machadada, até porque na altura, com 2 anos, já não me lembro de ver a ria ao pé das casas. As consequências não são nada benéficas, a não ser que alguém goste de ver o "espectáculo" de centenas de automóveis estacionados em cima da relva, ou onde calhava (como foi ontem). Por mim, nestas alturas, apetece-me ser contra o progresso (especialmente progresso do tipo "terceiro mundo"): deviam ser todos obrigados a estacionar na Gafanha e vir de barca. Mas, agora já nem barca há... Se conseguir chegar à reforma, prometo (e não sou político) que mando fazer uma barca, para prestar um serviço público decente e sem acidentes (mesmo com nevoeiro).
Caros Amigos:
Agradeço os vossos comentários muito oportunos! Gostei!
Mas sobre a actual Romaria da Senhora da Saúde, muito mais haveria que dizer:
a desordem e o excesso de barracas, a descoordenação do trânsito, a falta de higiene dos comes e bebes disponíveis, a falta de segurança a todos os níveis e mais...
Para mim, salva-se a Procissão, com alguns exageros, mas andores bonitos e adornados com primor (este ano), muita fé e ingenuidade saudáveis e o fogo de artíficio, que, embora "tenha queimado dinheiro", proporcionou um agradável espectáculo, com a conjugação de uma noite óptima e grande ajuda de uma ria cheia, extremamente calma, brilhante e e "sonhadora".
Claro, o tranporte, em barca tradicional, para a Gafanha da Encarnação, torna-se indispensável.
Será assim tão difícil?
Linda a primeira foto! Tão bem que me lembro desses "postes" de iluminação. Aqui, o inicio de uma nova era da Costa Nova. Dificil ficar indiferente... Era bom que voltasse a ver aquela pequena praia denominada por "biarritz", não só fui feliz aí, como em todos os cantinhos da Costa Nova.
Nada hoje em dia é feito por amor... apenas a "facturação" interessa.
Boa tarde
Como comentário a esta festa só posso contar uma história real.
Consta, nos arquivos familiares, que em bébé era uma desgraça para andar.
Após 2 anos de passar a Senhora da Saúde ao colo dos meus Pais, Avó e demais familiares, a minha Avó fez uma promessa que eu iria de S. joão, só com a pele de cordeiro em cima do corpo.
Certo é que comecei a andar e a promessa demorou a ser cumprida.
Já rapazote um dia lembrei-me da promessa que me tinham contado e disse à minha mãe que estava na altura de cumprir a promessa.
Resultado voou o chinelo e eu não cumpri a promessa.
Provavelmente se já fosse conhecida a burka ter-me-ião deixar cumprir a promessa.
A Senhora da Saúde faz-me lembrar isto bem como os moliceiros carregados de melancias.
A outros talvez também façam lembrar outras histórias que publicadas nos ajuadriam a sorrir um pouco.
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