Não foi engano, não – a matola. A “língua portuguesa é muito traiçoeira” e, no domínio das embarcações, não foge à regra e também faz “jus” à sua diversidade e ambiguidade.
É, pois, a exígua matola, também com direito a ser vedeta.
E, quanto à preservação, teve mais sorte que o matola, pois um exemplar do princípio do século XX é exibido na Sala da Ria do MMI, tendo sido incorporado no espólio do museu, por essa data, segundo informações fidedignas.
Como era? E para que servia?
Ei-la, nas instalações do MMI., anteriores às actuais, em exposição.
Também conhecida por ladra, esta singela embarcação, de fundo chato, media 4 metros de comprimento, 1,20 m. de boca e 0,35 m. de pontal . Manejada à vara, com seis cavernas e toda embreada a negro, utilizava-se na recolha do moliço, em locais em que o barco moliceiro não podia chegar, devido à pouca profundidade das águas. Seguia, a reboque, da elegante embarcação lagunar.
Apanhava, normalmente, o arrolado, isto é, o moliço que escapava dos ancinhos de arrasto, ficando a boiar, ou o que se desprendia pela agitação das águas, indo dar às praias.
O arrolado servia para cama de gado, usava-se para caldear no moliço verde e era arrematado, todos os anos, na Capitania. Nos locais onde não era arrematado, apanhava-se livremente e “monteava-se” na praia.
Fotografia – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 20 de Março de 2009
Ana Maria Lopes
2 comentários:
Embrear a negro será um pleonasmo?
Se embrear é meter ou pintar a breu e sendo este negro...
Mas não leve isto como crítica.
Prossiga, gosto de cá vir aprender.
Sabe que, nestes casos, também se pode embrear a pez (breu) louro...
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