Todos sabemos que o Estado Novo “fez bandeira” da pesca do bacalhau. Convinha-lhe? Às claras? Às escuras? Interessava-lhe o progresso da Nação ou satisfazer a sua própria propaganda?...
O que fizeram outros países, em situação similar?...
Óptima questão para ser politizada como tem sido e para continuar a ser, se se quiser…
Para mim, aqui, chega-me e deixo para vossa apreciação um interessante e apelativo postal que o Estado Corporativo editou e que me chegou às mãos. Estas coisas também chegam às mãos quando se procuram…
Postal editado pelo Estado Português (anos 70)
É uma espécie de “puzzle” formado por algumas das já célebres fotografias de Alan Villiers, durante a não menos famosa “Campanha do Argus”, em 1950.
À laia de legenda, faz-se uma evolução da pesca do bacalhau, em números, comparando os dados de 1935 com os de 1963: número de barcos, sua capacidade de carga e quantidade de homens nela utilizados. Pelos vistos, os números serviam o Estado Novo e eram reveladores…
Lá que as fotografias são bonitas, são, e documentam várias facetas da pesca: o navio-mãe, o acostar dos dóris, o garfar do peixe, os pescadores, as fainas de bordo, os trágicos afundamentos, a pesca individual, a dura salga, os belos veleiros… tudo isto foram cenas da Faina Maior, que a mitificaram, apesar da sua dureza, captadas pela objectiva de Alan Villiers.
Postal – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 2 de Março de 2009
Ana Maria Lopes
5 comentários:
Boa noite.
Pois fazer um comentário a este seu sugestivo artigo dava "pano para mangas". Cada um terá a sua opinião sobre o aproveitamento ou não pelo Estado Novo da imagem destes homens.
Para mim, não foi o Estado Novo que inventou estes homens, eles sempre existiram e sempre pescaram em todas as condições antes mesmo de haver Portugal. O meu pai e familiares foram e são desses homens que hoje lamentam imenso o estado das pescas em Portugal e "só Deus sabe" devido a quem. Recordam a dureza que sim, por vezes passaram no bacalhau, mas falam dela com brilho nos olhos e têm histórias sem fim acerca daqueles tempos. Infelizmente, vivemos hoje num quase doentio "politicamente correcto", onde discutir se certos aspectos do Estado Novo foram positivos ou não são quase proibidos. Não interessam à sociedade democrática. Tudo naquele tempo deve hoje ser omitido ou se discutido, é na vertente negativa. Para mim, sem todas aquelas décadas de pesca à linha, em dóris e ainda com veleiros em inícios dos anos 70, hoje não existiria a paixão pelo "Creoula" e seus dois semelhantes que os temos em Portugal. Não seríamos admirados pela bravura internacionalmente, como gente de mar que somos. O que somos é hoje Obrigados a prestar homenagem assídua aos milhares de homens que fizeram aquela vida e são ainda vivos - e em Ílhavo isso tem acontecido, não estão à espera que morram todos primeiro. Outros países tiveram frotas bacalhoeiras, modernizaram-nas bem cedo no séc. XX e "até nos comiam" em tonelagem de peixe apanhado ao lado dos nossos dóris... mas hoje não fazem parte do imaginário internacional por boas razões. E porquê? Eram apenas unidades produtivas (e destrutivas). Os Portugueses tinham também de "produzir", mas a maneira como o faziam, forçado ou não pelo Estado Novo, foi o que nos mostrou a nós próprios e internacionalmente como sendo gente valente, gente que a pescar à linha não levava o bacalhau à quase extinção.
Este é um belo tema para diálogo... não monólogo.
Atentamente,
www.caxinas-a-freguesia.blogs.sapo.pt
Cara Dra. Ana Maria,
Apesar dos comentários depreciativos que sempre foram feitos em relação ao aproveitamento politico do Estado Novo, face à pesca do bacalhau, sou dos que pensam, que paralelamente à dureza da faina, a classe piscatória beneficiou largamente com a situação.
Pelas moradias, pelas Casas dos Pescadores, pelo atendimento médico aos familiares e principalmente pelas escolas de pesca, postas à disposição da classe. O conhecimento da realidade diz-me que acabaram por beneficiar todos os pescadores, tanto da pesca costeira, como dos arrastões do alto.
Pela primeira vez sentiram que o Estado se interessava por eles e, melhor, cuidava ainda das suas famílias.
Cumprimentos, Reimar
Bom Dia.
Sem dúvida a ARTE do Shipping está em todo o lado.
Parabéns a si pela divulgação.
Saudações Marítimas
José Modesto
Bém haja DRA Boa tarde António e Reimar .Comentar esses tempos da pesca do bacalhau ou os tempos de hoje ,não sei qual a diferença? Então vejamos ,a pesca do bacalhau desde os prinçipios desenvolveu as péscas e os pescadores ,depois desde 1960 até o 25 de abril de 1974 ,serviu para os jovéns pescadores e não só se livrarem da tropa ou da guerra do Ultramar ! Agora como se prosseçaram as coisas é que deixa muito a desejar ,más´só depois de as coisas aconteçer é que se evoloiú no sentido positivo ,más já tinham aconteçido coisas e só serviu e bém para emendar erros que a meu ver ainda hà muita coisa hoje para remendar e com çertesa para os proximos 20 anos haverá sempre algo mál feito e com maus aproveitamentos ,más nos meus tempos de bacalhau fêz jeito ,porque eu foi pessoalmente a presença do Sre Inspector Alves da antiga DGS e sei pelo que passei ,isto em 1968 e então como eu estáva preso a tropa ainda me faltava um ano para ficar livre, e estáva-mos ém greve por causa dum aumento de dois e quinhentos ou séja os tais 5 coroas por quintal de bacalhau e que custou um atraso da ida para o bacalhau nesse ano de um mês e meteu a Pide DGS e não só ! Hoje chegamos a conclusão que os pescadores ,ou ião para o bacalhau ou ião para o Ultramar «guerra» então vamos ver a diferença e a conclusão que chegamos é que para guerra éra mais uns entre tantos que já lá andavam ,como pescadores a maioria preferiu o bacalhau ,más hà um contra ,os pescadores como o meu Avô o meu Pai e eu mesmo isto no plural, que tantas viagéns déram ao bacalhau sém falar nos trabalhos aqui na costa ,homéns com 40 viagéns outros menos e no total 50 anos de mar e morrer com um prato aos pés,sim é a minha revolta hoje saber que os nossos Avôs morreram sem saberem o que éra reforma e hoje ,eu falo por mim ,deixei o mar com 45 anos de mar ,e estou com 72 contos de reforma actual ,e alguém pergunta ,más e os descontos ? Eu respondo ,nas viagéns de bacalhau a gente reçebia uma folha sobre os ganhos e descontos ,aqui na pesca costeira a gente ganhava consuante as marés de mar que dava ,sim porque os invernos e as maresias as veses não nos deixava governar vida ,más então quem pescava o peixe não tinha ném tém nenhum valor ,por isso os pescadores daqui imigram para fora ém busca de melhores condições ! normlmente com o passar uma vida no mar ter 70 contos de reforma , Tirem as vossas conclusões e digam de vossa justiça se paga pena hoje ser pescador ?um abraço e saúdações maritimas .J.Pontes.
Boa tarde,
Sempre tenho dito que os idos anos das pescas devem ser vistos " com os oculos da altura"; Isto é: Não se pode, sob pena de injustiçar inocentes , emparelhar factos da decada de 50 com os anos de agora.
Que entenda quem quiser.
Mas deixe-me dizer, que foi a maior epopeia do povo português, nos ultimos 300 anos....
Com o estado novo ou não.
Começamos a pescar com bristolenses, meio emprestados....
Acabámos pelo menos com honra, que é algo de que se vai perdendo a noção.
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