Todo o processo de salvamento foi complexo e complicado, mas a pouca profundidade que a ria tinha, em alguns locais, relativamente ao calado do navio, e o duplo corte da ponte, de madeira, Forte – Barra, foram duas das grandes barreiras, também vencidas.
Em 28 de Janeiro de 1920, o Desertas já enxergou o Forte, tendo, seguidamente, fundeado em S. Jacinto.
Depois de toda esta odisseia, saiu a barra, rumo a Lisboa, em 20 de Março de 1920, onde chegou, no dia seguinte.
Tal proeza foi, de novo, lembrada por Aníbal Paião, na palestra “O Desertas…na Costa-Nova”, durante a 1ª Semana Internacional de Vela, em 29 de Agosto de 2003.
As vantagens económicas para a praia, à época, foram muitas, não só porque o movimento de transacções se intensificou, favorecendo o comércio local, mas também, porque o Canal do Desertas, como se chamou até à década de setenta, foi procurado, pela sua riqueza piscícola, por gerações. de pescadores da chincha.. Também embarcações de trabalho e de lazer o elegeram como local favorito para a prática da vela e do remo, mesmo em marés baixas.
Era passeio habitual, de bicicleta, nos meus tempos de juventude, na praia, uma ida até ao Desertas, pela incipiente estrada que une a Costa-Nova à Vagueira, ou seja, até aos vestígios da profunda vala dragada para sua passagem, que uniu o mar à ria. Creio que devido a vários fenómenos ambientais, desapareceram, actualmente, essas referências.
À direita, início da estrada da Vagueira - 1. 10.1951
Ler mais no blog 200 anos da Costa-Nova de SF, embora o autor tenha anunciado que este capítulo vai ser revisto e melhorado, depois da leitura do tal livrinho de Mendes Barata.
Com a aproximação do Centenário, em 1918, seria obrigação e devoção da Câmara Municipal, mandar assinalar o local histórico, pelo menos, com um painel de azulejo, do tipo do que acima exibo.
Fica a sugestão, já alvitrada por outros.
Era tão, tão, tão popular a visita ao andamento das obras, junto do navio, por turistas e residentes, que até surgiram algumas versalhadas e cantilenas:
O Desertas arrolou,
Numa praia tão tamanha.
Foi p’ra dar que fazer
À gentinha da Gafanha.
O Desertas arrolou,
Num dia de muito frio.
É, por isso, meus senhores,
Que o Desertas “tá” no rio.
O Desertas encalhou, ó pistotira, ó pistotira,
Com a proa p’rà Gafanha, ó pistotira, ó pistotira,
Quando o barco foi embora, ó pistotira, ó pistotira,
Muitas mulheres ficaram prenhas, ó pistotira, ó pistotira.
Mais uma:
O Desertas encalhado
Foi uma coisa muito boa.
Pois veio dar que fazer
Ao pessoal de Lisboa.
Fotografias – Arquivo pessoal da autora
Ílhavo, 15 de Fevereiro de 2009
Ana Maria Lopes
1 comentário:
...E continuo.Sempre tive vontade de ver fotografias do DESERTAS.Comecei por ver um postal,talvez no site "Ramalheira",que imprimi.Agora as suas,que vou imprimir.A do Ramalheira era daquelas que,preto e branco,eram depois "pintadas"a pincel,molhado em papéis de côr !...Notável !.
Já tenho o Marintimidades (profissionalíssimo...)nos Favoritos,para acesso mais fácil.
Tenho posto"Anónimo"por ter dúvidas
nos procedimentos,mas ponho no final do texto o meu endereço no SAPO.
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