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Esta ida à romaria do S.
Paio…ficou-me gravada a cinzel, na memória.
Tinha direito a alvorada!!!!!!
Tripulação (Pedro Paião, Miguel Matias e Toninho Martins Pereira) e passageiros
(dois amigos do Miguel Matias, a Etelvina, o meu filho Miguel e eu) presentes
no pontão do CVCN, perto das nove, com saída às 9 h e meia.
Com a Ria completamente espelhada, a paisagem,
sempre atraente, ia ficando para trás: a Costa Nova, a Ilha Branca, as gaivotas
esgravatando as coroas, o arrastão
Santo André, o Jardim Oudinot renovado, o Farol, o Forte desmazelado, a
saída da Barra, definida pelo Triângulo, S. Jacinto. Os estaleiros desactivados
e degradados, para quem já lá conheceu eventos brilhantes e dignos de registo,
chocam. Mas, daí para diante, a marginal entre S. Jacinto e Ovar, verdejante, é
sempre deliciosa: pescadores de recreio viciados, entretidos, a Casa-Abrigo de
S. Jacinto, onde se faziam tantos piqueniques, trapiches toscos e palafíticos
serviam de cais a pequenas lanchas de recreio, a Pousada da Ria convidativa, o
pseudo-estaleiro do Monte Branco…, já na Torreira.
A nossa Ria, única, ainda vai sendo,
a certas horas e em certos momentos, a ria de Raul Brandão…que largueza, que
liberdade, que beleza!!!
Uma ligeira névoa semi-cerrada
envolvia o horizonte. Céu de um cerúleo azulado, polvilhado de nuvens
rarefactas; a linha do horizonte contínua e certa, bem delineada sobre a
superfície lagunar espelhada e brilhante, reflectindo o sol que,
envergonhadamente espreitava por entre as nuvens.
Íamo-nos aproximando do nosso
primeiro objectivo – a presença do moliceiro
no Concurso de painéis, na esperança
de uma boa classificação!
Na Torreira, é mesmo um desfile à vara, diante da multidão de fotógrafos e de um júri formado por elementos escolhidos pela CMM.
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O tempo que mediou entre o desfile e
a regata foi bem aproveitado com uma ida até ao mar.
Não podia faltar, no regresso, uma
visita ao S. Paio, na igreja, não fosse o «menino santificado» sentir-se
desconsiderado versus a Senhora da Saúde!
E toca de arranjar um bom lugar, à
sombra, frente à ria, para garantir uma favorável observação do espectáculo
colorido e movimentado que é a Regata de
moliceiros.
A afluência de barcos é que vai
diminuindo, o que é uma pena. Moliceiros
vernáculos só nove, quatro ou cinco meios barcos, como lhes chamam e outras
embarcações animavam a ria.
Suave brisa não ia prometer uma competição aguerrida! Mas há sempre o empenho e a luta pelos melhores lugares.
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Foi dado o sinal de partida com um estrondoso foguete que até me fez estremecer e acordar da sonolência que me tomava.
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No cais, a multidão assistia, procurando a sombra das palmeiras marginais, que o sol estorricava.
Finda a regata, os barcos regressavam
e nós voltávamos ao nosso meio de transporte aquático, com promessa de viagem à
vela...pelas 5 e meia da tarde.
Que desejo de saborear os prazeres da
vela, em moliceiro!
Ligado o motor para as manobras de
largada, depressa foi retirado e, então, o silêncio
da ria depois do ruído da festa! Que enlevo, que doçura, que calma
interior! Já não é fácil ouvir só a ria e o chap-chap da ondulação
contra o costado da embarcação.
E tivemos esse privilégio!
E ainda mais! A tripulação deu-me o prazer de fazer o gostinho ao dedo e ao pé, e timonar o “Inobador” por um bocado, rumo ao arco maior da ponte, de regresso à Costa Nova.
Chegámos cansados, mas felizes,
suados, salgados, mas satisfeitos.
Valeu a pena! Há que aproveitar a ria
e o convívio!
O nosso sincero agradecimento ao Pedro Paião e ao Miguel Matias.
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Fotografias – Paulo Miguel Godinho
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Costa Nova, 4 de Setembro de 2022
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Ana Maria Lopes
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